Com meio bilhão de reais em prejuízos, IGB (ex-Gradiente) quer sair da bolsa de valores
Ações disparam após proposta para fechar capital; Gradiente está em recuperação judicial, e aluguel de fábricas é única fonte de receitas
Ações disparam após proposta para fechar capital; Gradiente está em recuperação judicial, e aluguel de fábricas é única fonte de receitas
A Gradiente já foi uma das marcas de eletrônicos mais famosas do mercado brasileiro. Esses dias, porém, ficaram lá no passado. A IGB Eletrônica, sua dona, está em recuperação judicial e planeja sair da bolsa de valores. Desde 2012, o prejuízo acumulado passa de meio bilhão de reais.
A IGB Eletrônica anunciou na sexta-feira (9) que sua controladora, a HAG Holding, pretende cancelar a listagem da empresa na bolsa de valores B3.
Para isso, ela quer realizar uma oferta pública de aquisição (OPA), pagando R$ 40,51 por ação ordinária. O pedido foi feito à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regulamenta o mercado financeiro no Brasil.
Os planos da HAG Holding para a dona da Gradiente fizeram as ações dispararem. Na sexta, elas fecharam a R$ 26,13; na segunda (12), a R$ 33,30, uma alta de 27,44%, mas ainda abaixo dos R$ 40,51 propostos para a OPA.
“O preço por ação representa o valor justo de mercado das ações da companhia”, diz a IGB Eletrônica. Em até 15 dias, acionistas donos de, no mínimo, 10% das ações em circulação podem pedir uma assembleia especial para realizar uma nova avaliação.
Marca de eletrônicos famosa até os anos 2000, a Gradiente tem o aluguel de suas fábricas na Zona Franca de Manaus como principal fonte de receitas.
Segundo levantamento feito pelo Tecnoblog com balanços da IGB Eletrônica divulgados desde 2012, o prejuízo acumulado nesse período passa de meio bilhão de reais — são R$ 523,2 milhões, para ser mais preciso.
Neste intervalo, não houve nenhum ano em que o resultado ficasse abaixo de R$ 20 milhões negativos. O pior resultado foi 2016, quando teve um balanço negativo de R$ 97,5 milhões.
De acordo com reportagem do Valor Investe, uma fonte ligada à empresa diz que o fechamento do capital ajudaria a reduzir custos — para manter a empresa na bolsa, é preciso desembolsar R$ 1,5 milhão por ano.
A HAG Holdings, atual controladora, tem um único sócio: Eugênio Staub, filho de Émile Staub, empresário que comprou a Gradiente em 1970. O dinheiro para fechar o capital da empresa, estimado em R$ 24,3 milhões, viria do bolso de Eugênio.
A IGB Eletrônica iniciou um processo de recuperação judicial em 2018. O pedido foi homologado pela Justiça do Amazonas em 2019. Recentemente, a companhia conseguiu renegociar dívidas com a Receita.
Nos últimos anos, a empresa foi notícia principalmente por causa do processo que move contra a Apple pelo uso da marca “Iphone”, registrada pela Gradiente em 2000, sete anos antes do lançamento do modelo de celular.
A fonte ouvida pelo Valor garante que a saída da bolsa não tem relação com este processo. O caso ainda aguarda julgamento.
Com informações: Valor Investe 1, 2, InfoMoney.