Spotify só vai pagar royalties para músicas com mais de 1 mil reproduções
Plataforma de streaming define novas regras de pagamento. Reproduções artificiais e playlists com ruído também estão na mira.
Plataforma de streaming define novas regras de pagamento. Reproduções artificiais e playlists com ruído também estão na mira.
O Spotify anunciou suas novas regras para pagamento de royalties. Uma das principais mudanças diz respeito a músicas executadas poucas vezes. A plataforma não vai mais pagar artistas por canções que tiverem menos de 1 mil reproduções em uma janela de 12 meses.
Além disso, o serviço de streaming mudou a forma de remunerar gêneros chamados “funcionais”, como ruído branco, sons de natureza e efeitos sonoros, entre outros. Agora, estas faixas precisarão ter, pelo menos, dois minutos para gerar royalties.
O Spotify também pretende combater streaming artificial, quando robôs colocam músicas para tocar com o único intuito de gerar dinheiro para empresas.
A companhia diz que as mudanças vão liberar US$ 1 bilhão em royalties nos próximos cinco anos, tanto para artistas famosos quanto para novatos.
A mudança que mais chamou atenção é a do fim da remuneração para canções pouco populares. Segundo o Spotify, o impacto deve ser mínimo para os artistas.
A empresa diz que uma faixa com menos de 1 mil reproduções gera meros US$ 0,03 mensais, em média. Apenas 0,5% dos streams são em músicas assim.
Como as gravadoras geralmente exigem um mínimo de US$ 2 a US$ 50 para retirada, e as taxas bancárias podem variar entre US$ 1 e US$ 20, esse dinheiro acaba esquecido. Por outro lado, essas pequenas quantias somadas chegam a US$ 40 milhões por ano.
O Spotify diz que não vai embolsar esta grana. Com a mudança, os centavos que eram destinados às músicas com menos de 1 mil reproduções serão realocados no pool de royalties. Ou seja: quem tem músicas acima desse limite deve ganhar um pouquinho a mais.
Outra mudança servirá para o Spotify não dar dinheiro demais para os gêneros “funcionais”: ruído branco, barulho de chuva, ASMR, sons de máquinas, e outros do tipo.
Nos últimos anos, muitos agentes mal-intencionados se aproveitaram da plataforma para ganhar dinheiro com isso. Eles faziam upload de várias faixas “funcionais” de 30 segundos (mínimo para ganhar royalties) e criavam playlists de horas de duração com estas faixas.
Assim, um usuário dava centenas de streams sem perceber, e o dinheiro ia parar no bolso de quem fez pouquíssimo esforço.
A partir de 2024, o Spotify só vai pagar royalties para faixas funcionais com, pelo menos, dois minutos de duração. Além disso, a empresa promete pagar um valor inferior ao que paga para músicas.
Com isso, a plataforma quer economizar nos pagamentos a esse tipo de produção e redirecionar o dinheiro aos artistas de verdade.
Por fim, a terceira mudança no esquema de pagamento de royalties do Spotify é que a empresa vai cobrar gravadoras e distribuidoras por faixa quando o streaming artificial for detectado.
“O Spotify é capaz de combater o streaming artificial assim que ele acontece na nossa plataforma”, diz o texto, “mas é melhor para a indústria se os agentes mal-intencionados forem desincentivados de fazer upload”.
As mudanças feitas pelo Spotify foram bem recebidas por distribuidoras e selos independentes. Dois grandes nomes da indústria, porém, não se manifestaram no anúncio feito pela plataforma: Universal Music Group e Warner Music Group.
Coincidentemente ou não, ambas trabalharam com a Deezer em um novo modelo de pagamento de royalties, chamado “artista-cêntrico”, que tem diferenças importantes para o que o Spotify fez.
Com as novas regras, a Deezer vai pagar o dobro de royalties para artistas com até 1 mil reproduções mensais, desde que elas venham de 500 ouvintes diferentes.
A empresa também vai dobrar os royalties de faixas com engajamento ativo do público — aquelas que o usuário digita na busca para ouvir, por exemplo.
Por fim, a Deezer teve uma posição radical contra as faixas “funcionais”: ela removeu todo esse tipo de conteúdo e colocou seus próprios sons. Assim, não é necessário pagar royalties.
Com informações: Spotify, Music Ally, Music Business Worldwide, Variety, TechCrunch
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