Telegram muda política de privacidade para revelar dados de terroristas
CEO Pavel Durov mudou política de privacidade do Telegram devido ao GDPR, não por causa da Rússia
CEO Pavel Durov mudou política de privacidade do Telegram devido ao GDPR, não por causa da Rússia
O Telegram se orgulhava de ter uma política de privacidade que garantia: “nós nunca compartilhamos seus dados com ninguém”. Ela foi alterada para incluir uma exceção: seu endereço IP e número de celular podem ser enviados às autoridades sob ordem judicial.
“Se o Telegram receber uma ordem judicial que confirme que você é um suspeito de terrorismo”, diz a nova política de privacidade, “poderemos divulgar seu endereço IP e número de telefone para as autoridades relevantes”.
Segundo a empresa, isso nunca aconteceu até agora; e quando acontecer, a empresa vai avisar em seu relatório semestral de transparência.
O CEO Pavel Durov diz à RFE/RL que mudou os termos para se adequar ao GDPR, lei de privacidade que entrou em vigor na União Europeia em maio.
“Antes, não tínhamos uma política de privacidade real e tivemos que criar uma”, ele explica. “Nós ainda não compartilhamos nenhum dado de terroristas com as autoridades, mas nossa capacidade teórica de fazer isso é outra medida que adotamos para desencorajar terroristas de abusarem de nossa plataforma.”
O Telegram já foi usado para criar grupos do Estado Islâmico e para atividades terroristas no Irã. O ataque ao metrô de São Petersburgo, na Rússia, foi coordenado a partir do app no ano passado.
A Rússia baniu o Telegram por não revelar dados sobre usuários acusados de terrorismo. Durov explica, no entanto, que a nova política de privacidade não é uma resposta a isso. Afinal, o FSB (Serviço Federal de Segurança), sucessor da KGB, não quer endereços IP e números de celular — eles querem as chaves de criptografia para espionar suspeitos.
“O Telegram é proibido na Rússia”, escreve Durov. “Todo dia, centenas de endereços IP são bloqueados na tentativa de interromper o acesso ao serviço. Não levamos em conta quaisquer pedidos de serviços russos, e a nossa política de privacidade não diz respeito à situação na Rússia.”
A nova política de privacidade está disponível aqui; a versão anterior pode ser encontrada neste link.