Review Kindle (7ª geração): o bom e-reader acessível da Amazon
Nova geração do leitor de ebooks da Amazon traz tela sensível ao toque por 299 reais
Nova geração do leitor de ebooks da Amazon traz tela sensível ao toque por 299 reais
A Amazon lançou em novembro a nova geração do Kindle básico no Brasil. Custando 299 reais, trata-se da porta de entrada para quem está querendo ler ebooks em uma tela mais confortável e não faz questão de gastar muito dinheiro. Em relação ao modelo anterior, o Kindle de 7ª geração tem como principal novidade a tela sensível ao toque, que joga de lado os antigos botões físicos para trocar de página e navegar na interface.
Vale a pena comprar o novo Kindle? A atualização é importante para quem já possui um Kindle básico da geração passada? E o que você perde ao economizar 180 reais em relação ao modelo imediatamente mais caro, o Kindle Paperwhite? Depois de quase duas semanas usando o leitor de ebooks, deixo minhas impressões nos próximos parágrafos.
O novo Kindle está bem parecido com o Kindle Paperwhite, mas uma olhada de perto já revela que estamos diante de um aparelho mais barato. A traseira, com toque emborrachado no irmão mais caro, sai para dar lugar a um plástico rígido no modelo básico. A tímida textura não parece ajudar muito na aderência, mas não tive a sensação de que o aparelho poderia cair das minhas mãos — especialmente por causa do peso, que diminuiu para 191 gramas. Para um dispositivo que será frequentemente usado por horas a fio, qualquer grama a menos é bem-vindo.
A tela e-ink de 6 polegadas não é ruim, mas não impressiona. O contraste é bom, com fontes escuras e um fundo suficientemente claro para que você consiga enxergar mesmo quando a iluminação estiver aquém do ideal. Por outro lado, a Amazon decidiu manter a mesma resolução de 800×600 pixels. Fontes mais detalhadas (e que eu particularmente gosto), como a Baskerville e a Palatino, ficam com pequenos serrilhados que incomodarão os mais exigentes, mas isso, felizmente, não afeta a legibilidade.
Com a nova tela sensível ao toque, o Kindle básico recebeu um belo upgrade de software: agora, ele possui a mesma interface e os mesmos recursos do Kindle Paperwhite, com a óbvia ausência do botão de ajuste de iluminação. E, trazendo o mesmo software do irmão maior e um hardware muito parecido, a experiência de uso e leitura no novo Kindle é muito boa.
Não que os botões físicos e o direcional do Kindle antigo fossem um bicho de sete cabeças, mas algumas ações, como destacar um trecho do livro, pesquisar a definição de uma palavra no dicionário embutido e fazer pequenas anotações, estão muito mais práticas — é difícil desenvolver algo mais fácil do que simplesmente tocar na tela e arrastar o dedo.
As capas dos livros são exibidas em formato de miniatura na tela principal, e há bons recursos de software para ajudar na leitura. O Construtor de Vocabulário faz um registro de todas as palavras que você buscou no dicionário, o que é útil especialmente se você estiver lidando com um idioma diferente. O Kindle oferece gratuitamente dicionários de inglês, espanhol, francês, japonês, chinês, russo e outras línguas, então este é um belo complemento para enriquecer seu vocabulário.
Outras boas funções do Kindle incluem o Page Flip, que permite folhear rapidamente pelo livro sem perder a página em que você está; o Dicas de vocabulário, que descomplica expressões em inglês; e a estimativa dos minutos restantes para terminar o capítulo atual — ótimo para quem, assim como eu, não gosta de parar de ler um livro no meio de um capítulo.
O ecossistema que terceiros e a própria Amazon formaram em torno do Kindle vale destaque. O Whispersync, que sincroniza seus dados com a nuvem, permite que você, por exemplo, comece a ler um livro no Kindle e termine no iPad, continuando do ponto em que parou, com todas as suas anotações e marcações. É um processo totalmente invisível para o usuário, e por isso é tão bom.
A nuvem da Amazon também muda a maneira de armazenar documentos no Kindle. Você pode fazer as coisas do jeito tradicional, conectando o Kindle a uma porta USB e colando os arquivos dentro da memória interna do dispositivo, ou simplesmente enviá-los para o seu email @kindle.com. Arquivos DOC ou PDF são convertidos automaticamente pelos servidores da Amazon para ficarem mais legíveis, bastando colocar a palavra “convert” no título do email.
Eu também gosto muito de usar o Kindle para ler artigos longos da web. Para isso, salvo as páginas no Instapaper, que me envia diariamente uma compilação dos artigos que ainda não li, inclusive com links dentro do documento para arquivar ou curtir cada um deles. Outra opção é usar a extensão Send to Kindle for Google Chrome, feita pela própria Amazon, ou o Klip.me, para quem não usa Chrome.
A fluidez no software, um dos pontos em que os Kindles se destacam em relação aos concorrentes, não foi deixada de lado no modelo básico. Na verdade, a resposta ao toque parece até mais ágil e precisa que no meu antigo Kindle Paperwhite de 1ª geração, portanto, lentidão é um problema que você definitivamente não vai encontrar aqui. Tudo é bem rápido, das viradas de página até as consultas no dicionário.
A duração de bateria prometida pela Amazon não mudou em relação à geração anterior do Kindle básico: até um mês de autonomia com 30 minutos de leitura por dia e Wi-Fi desligado. Eu confesso que não consegui esgotar a bateria durante os dias de teste, com Wi-Fi ligado e algo em torno de 7 horas de leitura, então a estimativa é bem realista. Na prática, será bem difícil ser pego de surpresa no meio da leitura de um livro.
Acompanhando o Kindle Paperwhite, a memória interna do Kindle básico dobrou para 4 GB. Não há suporte a cartão de memória como nos concorrentes. No entanto, eu nunca consegui lotar a memória do meu Kindle Paperwhite de 2 GB e, com ebooks que raramente passam dos 2 MB de tamanho, acho bem difícil ter problemas com espaço. Se tiver, os 5 GB adicionais na nuvem da Amazon devem ajudar.
É difícil encontrar pontos negativos no novo Kindle. A Amazon conseguiu fazer um leitor de ebooks muito mais completo que o da geração anterior cobrando o mesmo valor de 299 reais. Não raramente, o varejo e a própria Amazon fazem promoções, derrubando o valor para 199 reais. Nesse preço, o Kindle de 7ª geração é uma escolha certa e dificilmente causará arrependimento em quem procura um e-reader bom e barato.
Talvez, a falta dos botões físicos para trocar páginas, uma característica que muito me agradava no Kindle de 5ª geração, seja um pequeno inconveniente no novo modelo. Mesmo assim, os recursos adicionais que vieram com o touchscreen foram tão grandes que seria injustiça não afirmar que a experiência de leitura está muito melhor. A interface mais elaborada, a praticidade para fazer marcações e destaques, os recursos de vocabulário, a sincronização com a nuvem, tudo isso faz com que ler no Kindle seja melhor que no papel.
A Amazon também está fazendo um ótimo trabalho na venda de ebooks. Claro, os livros digitais não são significativamente mais baratos que as versões de papel (e, em alguns casos, são até mais caros). Mas a loja de Jeff Bezos frequentemente faz promoções de ebooks, então é sempre bom acompanhar as ofertas. Além disso, recentemente a Amazon lançou o Kindle Unlimited, que cobra R$ 19,90 por mês e dá acesso ilimitado a um acervo de quase 800 mil livros. A variedade das obras ainda precisa melhorar, mas este já é um bom diferencial.
Eu compraria? Não. Como frequentemente leio antes de dormir e às vezes fico em ambientes menos iluminados, a luz embutida do Kindle Paperwhite é essencial para mim — e ainda acho o modelo de 479 reais o melhor custo-benefício do mercado brasileiro. Mas, caso você não precise da iluminação do Kindle mais caro, o novo Kindle básico certamente atenderá suas expectativas.
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