Review Lenovo Ideapad 320: o modelo básico para os exigentes
Notebook da Lenovo tem processador Intel Core i7, 8 GB de RAM e placa gráfica dedicada da NVIDIA
Notebook da Lenovo tem processador Intel Core i7, 8 GB de RAM e placa gráfica dedicada da NVIDIA
Os notebooks da Lenovo são populares no mercado brasileiro, impulsionados principalmente pela linha Ideapad, que engloba os modelos mais acessíveis da fabricante chinesa. Um deles é o Ideapad 320, que atende a diversos públicos com suas diferentes especificações de hardware.
Passei os últimos dias testando a versão de 15 polegadas com processador Intel Core i7 de 8ª geração, 8 GB de RAM, 1 terabyte de disco rígido e chip gráfico NVIDIA MX150. Será que vale a pena? Eu conto tudo nos próximos parágrafos.
A linha Ideapad 320 já está no mercado há anos, com o mesmo design simples e discreto. O acabamento externo é todo feito de plástico fosco na cor cinza, enquanto a parte interna também apresenta plástico, mas com um acabamento que tenta imitar aço escovado.
Ter acabamento fosco é ótimo, uma vez que arranhões passam despercebidos com maior facilidade. Ao mesmo tempo, as impressões digitais e marcas de mãos ainda ficam no produto, e não há muito como fugir disso.
A conectividade se concentra no lado esquerdo do notebook, com conector do adaptador de energia, porta Ethernet (com uma engenhosa porta que abre para o padrão RJ-45), HDMI, duas entradas USB-A, conector de fone de ouvido de 3,5 mm, uma USB-C e leitor de cartão SD. Também se encontra ali um botão de reset que pode ser acionado com um objeto pontiagudo, algo raro em notebooks.
Na lateral direita há apenas o slot para trava tipo Kensington e uma tampa falsa para cobrir o buraco onde ficaria um leitor óptico, que não existe na unidade em questão.
O modelo com tela de 15,6 polegadas pesa 2,05 kg e tem 22,9 mm de espessura. Não é um notebook leve e nem compacto; uma borda menor na tela provavelmente permitiria um tamanho reduzido. A espessura também deixa o Ideapad 320 longe da categoria dos ultrafinos.
A variante testada é a 81G30000BR. Ela conta com processador Intel Core i7-8550U com quatro núcleos de 1,8 GHz, podendo chegar a 4 GHz com Turbo Boost. De fábrica, há 8 GB de RAM, sendo 4 GB soldados e outros 4 GB num slot removível DDR4 2.133 MHz. É possível colocar até 16 GB no slot removível, deixando o computador com 20 GB de RAM.
Ele também conta com uma placa gráfica NVIDIA GeForce MX150 com 4 GB DDR5, o que é um excelente diferencial para quem precisa rodar aplicações gráficas ou quer jogar algo não muito pesado.
No geral, o notebook possui excelentes especificações, mas isso não significa que ele tenha um excelente desempenho — a culpa disso é a presença de armazenamento em HD em vez de um SSD. Até mesmo tarefas simples como navegar por pastas no Windows Explorer exigem certa paciência. É muito comum abrir o Gerenciador de Tarefas do Windows e encontrar a atividade de disco beirando a 100%, mesmo com tarefas básicas.
O HD tem 1 terabyte de armazenamento e velocidade de rotação de 5.400 RPM. Testes utilizando o CrystalDiskMark 6.0.1 apontaram 91,34 MB/s de velocidade de leitura e 62,63 MB/s para escrita, utilizando uma amostra de 32 GB. Com uma amostra de 2 GB, os resultados são ainda piores. Não bastasse isso, o HD também é bem barulhento mesmo em momentos de inatividade. Se você pensa em comprar um Ideapad 320, sugiro comprar um SSD e trocá-lo por conta própria o mais rápido possível.
Para quem gosta de benchmarks sintéticos, o Ideapad 320 desse review atingiu 4.685 pontos em singre-core e 15343 pontos em multi-core no Geekbench 3. No 3DMark, o notebook chegou a 1.068 no Time Spy 1.0 e 10.320 pontos no Cloud Gate 1.1. Todos os testes foram realizados com os drivers de fábrica, pré-instalados pela Lenovo.
O modelo testado pelo Tecnoblog apresenta uma tela de 15,6 polegadas, com tratamento antirreflexo e resolução Full HD. A qualidade é decente. Mesmo se tratando de um painel TN, o ângulo de visão não decepciona. As cores são equilibradas: não são tão vibrantes, mas ao mesmo tempo não são lavadas.
O maior ponto negativo ao meu ver é o brilho máximo, que poderia ser mais forte. Talvez isso incomode quem trabalha em ambientes com muita iluminação, mas não deve ser um problema no dia a dia de um usuário doméstico.
O teclado do Ideapad não foge muito do padrão da categoria. A Lenovo optou por incluir também o teclado numérico, ótimo para quem trabalha muito com números e planilhas. Mas a falta de teclas retroiluminadas é um ponto negativo — e algo presente em diversos notebooks de marcas concorrentes.
Já o trackpad é algo que incomoda. Além de ter um clique muito rígido, ele é pouco preciso. Por diversas vezes cliquei no botão direito e o dispositivo acionou como se tivesse clicado com o botão esquerdo. O que ajudou foi o painel de configuração da ELAN, que permite configurar cada tipo de ação no trackpad e assim consegui remapear o botão direito para um clique com dois dedos. Mesmo assim, continuei passando raiva e apelei para um mouse sem fio depois de muita insistência.
O Ideapad 320 tem uma bateria não removível de duas células com 30 Wh. Na prática, não espere muita coisa: dificilmente você atingirá mais do que três horas de uso mesmo utilizando tarefas básicas.
Foi o caso no meu teste, em que fiz navegação leve pela web usando o Opera, ouvindo uma música pelo Spotify com fone de ouvido e ocasionalmente respondendo emails pelo aplicativo Newton. Em outro teste, fui editar umas fotos de viagem utilizando o Adobe Lightroom e a bateria caiu de 100% a 10% em menos de uma hora e meia.
Mas um detalhe que vale a pena mencionar é a fonte de alimentação. Ela é compacta e tem um único fio, como se fosse um carregador de celular. Para quem transporta o notebook com frequência, isso é uma mão na roda, pois ocupa pouco espaço na mochila e é um fio a menos para embolar sozinho. Uma tira de velcro está presente e ajuda muito na hora de organizar o cabo.
O Ideapad 320 testado tem preço sugerido de R$ 4.359, mas no momento da publicação é possível encontrá-lo por cerca de R$ 3,6 mil. O produto apresenta boas especificações técnicas e deve atender perfeitamente a maioria dos usuários domésticos e também mais exigentes, como desenvolvedores, designers e quem utiliza aplicações mais pesadas.
Mas não posso deixar de afirmar que desempenho final é abaixo do esperado para um notebook dessa categoria. O motivo é a ausência de SSD. A Lenovo errou em não incluir esse tipo de memória para esse modelo, que entrega melhores tempos de resposta. Infelizmente, diversas fabricantes têm cometido o mesmo erro com notebooks da categoria, deixando a cargo do usuário comprar a peça e fazer o upgrade.
Com um SSD no lugar de um HD, tenho certeza que o Ideapad entregaria um desempenho excelente. Na data da publicação desse post, é possível encontrar unidades de 240 GB por cerca de R$ 300.
De acordo com a própria Lenovo, o cliente pode fazer upgrade tanto de RAM como de armazenamento sem violar a garantia, contanto que as outras peças do computador não sejam danificadas. A empresa também informa que não dá garantia para as peças modificadas pelo cliente.
O peso, tamanho, qualidade do trackpad e autonomia de bateria são fatores que devem afastar usuários que precisam de mobilidade constante, mas o Ideapad pode ser útil para quem deixa o notebook em um único lugar na maior parte do tempo ou se movimenta pouco com o computador. O teclado é confortável e não exige gambiarras para digitar alguns tipos de caracteres, e a tela tem uma boa qualidade no geral.