Review Edifier Hecate GM5: um TWS gamer, mas nem tanto
Com recursos para o público gamer, Edifier Hecate GM5 é um TWS que chama a atenção pelo design e por entregar Bluetooth 5.2 e AptX
Com recursos para o público gamer, Edifier Hecate GM5 é um TWS que chama a atenção pelo design e por entregar Bluetooth 5.2 e AptX
De uns tempos para cá, a Edifier vem apostando todas as fichas em fones Bluetooth gamer. Na verdade, dentro do segmento, eles ainda investem em uma categoria bem específica e curiosa, a de TWS gamer. O Edifier Hecate GM5 é um desses modelos que chegou recentemente ao mercado nacional para se juntar ao GM4 Mini 1, que já testamos aqui no Tecnoblog.
O fone Bluetooth aposta no design dos AirPods, ganhou um estojo com LEDs, tem Bluetooth 5.2 e, claro, modo gamer. Será que vale pagar os quase 500 reais que a marca pede? Faz sentido ter um fone gamer? Eu testei o Edifier Hecate GM5 para responder essas perguntas.
O Tecnoblog é um veículo jornalístico independente que ajuda as pessoas a tomarem sua próxima decisão de compra desde 2005. Nossas análises não têm intenção publicitária, por isso ressaltam os pontos positivos e negativos de cada produto. Nenhuma empresa pagou, revisou ou teve acesso antecipado a este conteúdo.
O Hecate GM5 foi fornecido pela Edifier por empréstimo e será devolvido à empresa após os testes. Para mais informações, acesse tecnoblog.net/etica.
Disponível nas cores cinza e branco, o Edifier Hecate GM5 tem o mesmo formato dos AirPods, mas a empresa incluiu as letras G e M no cabo para tentar disfarçar (contém ironia). Diferente do GM4 Mini 1, o GM5 não tem aquele “show de luzes” para provar ser um produto gamer e o case ficou encarregado por reforçar isso. Portanto, o modelo não chamará a atenção na rua e a versão cinza, testada pelo Tecnoblog, se mostra ainda mais discreta.
Os fones são muito leves e ficam encaixados no ouvido sem gerar pressão ou outro tipo de desconforto. E vale dizer que não é de hoje que a Edifier acerta no design. O GM5 ganhou a certificação IPX5, proteção interessante para quem pratica exercícios físicos com frequência. Ele vai aguentar o suor quando você estiver na academia e uma chuva leve não irá danificar o produto.
Já o estojo é o ponto alto deste modelo — eu nunca vi nada igual. Ele é de plástico transparente e dentro há outro componente que abriga e alimenta os fones. Nas imagens parece algo bonito e sofisticado. Mas o plástico é extremamente simples e aparenta pegar riscos com o tempo. Devido à simplicidade, ele, de fato, passa a sensação de ser frágil, então eu tomaria cuidado durante o manuseio. Nas laterais, a empresa incluiu uma faixa de luz que ainda ajuda a acompanhar a autonomia e há uma conexão USB-C na parte inferior para alimentação.
As curiosidades não param por aqui. Para a minha surpresa, a Edifier envia uma espécie de capa de borracha para proteger o case. Na embalagem você ainda encontra uma cordinha, que possibilita transportar o acessório. Olha, eu estou bem surpreso com a criatividade da marca.
O GM5 não tem aplicativo dedicado e todo o controle é feito por toques diretamente nos fones. Um toque longo avança ou retrocede de faixa, dois toques podem pausar ou reproduzir, e tocando três vezes no gadget ativa o modo gamer. A Edifier também permite acionar o assistente pessoal do aparelho conectado, quando você pressiona quatro vezes. São funções simples e que funcionaram bem nos meus testes. Eu só senti falta do controle de volume, que está disponível em outros fones de entrada da marca.
O modo gamer, que tenta ser o chamariz, faz pouca diferença, principalmente para quem joga títulos de ação e aventura, como PUBG Mobile e Genshin Impact. Ao ativar esse modo, é possível sentir uma diferença no lag, mas não é nada expressivo. Um jogo de corrida, como Asphalt 9, já funciona melhor e, além da baixa latência, é possível ter uma imersão maior. Basicamente é só isso, o Hecate GM5 visa atender o público gamer, mas se você é um jogador exigente, esse não é o melhor fone para você.
Em conectividade, o modelo tem Bluetooth 5.2 e, como esperado, a tecnologia presente no gadget não decepciona e garante conexão estável o tempo todo. Acenando mais uma vez para o público gamer, outro destaque do dispositivo é a decodificação AptX, da Qualcomm, que oferece maior velocidade na transmissão, ou seja, baixa latência, e áudio de mais qualidade.
O som dele é característico de fone de entrada, porém eu o achei inferior em relação a outros modelos populares, como o Edifier X3 e o Redmi AirDots 3. Dá para sentir a sonoridade abafada e mais fechada. Diferente de outros fones da mesma empresa, os graves do GM5 não são impactantes e músicas recheadas de batidas não incomodaram os meus ouvidos. O abafamento que eu comentei prejudica um pouco os médios, que soam mais fechados, enquanto os agudos sofrem menos.
Eu fiz alguns testes, alternando entre modo gamer e música, mas essa sensação predominava, independente da configuração. A excelente Sacrifice, do The Weeknd, tem apresentação estável e os agudos do Abel soam com bastante liberdade; o abafamento do fone nessa faixa até passa despercebido. As batidas ficam balanceadas, sem gerar impactos que possam incomodar, mas há um pouco de sibilância no volume elevado.
Agora, uma curiosidade: o Hecate GM5 não tem cancelamento ativo de ruído, mas conta com modo ambiente, que pode ser ativado ou desativado ao tocar três vezes no fone. A tecnologia é um tanto estranha, porque, na prática, eu não senti nenhuma diferença. Além disso, em sua comunicação, a Edifier não explica como o recurso funciona, de verdade.
E já que estamos falando dos microfones, os componentes do GM5 até que são bons. Eles são capazes de captar muito bem a minha voz e mesmo não conseguindo separar os ruídos, a pessoa que estiver do outro lado me ouve sem reclamar. Sendo assim, eu recomendo o GM5 para reuniões virtuais e ligações telefônicas, desde que o ambiente esteja sem barulhos.
Na autonomia, a Edifier me deixou um pouco decepcionado. Eles dizem que são oito horas de reprodução com os fones ou 32 horas com o estojo. Mesmo com o Bluetooth 5.2, que tem uma boa eficiência energética, e sem outras tecnologias que consumam tanto as células, o GM5 não consegue chegar perto das oito horas prometidas.
Em um dia de teste, conectados a um smartphone e reproduzindo com o volume em 50%, o fone esquerdo tocou por 6h23min e o direito perdeu a carga 10 minutos depois. Para um TWS, é um tempo aceitável, mas é frustrante, já que não cumpre o combinado.
Se excluirmos a proposta gamer e focarmos no Edifier Hecate GM5 como apenas um TWS convencional, pode-se concluir que este é um bom fone de entrada. E é exatamente isso. Para o consumidor comum, o produto se mostra atraente, com som legal, já que a Edifier é especialista no assunto; você tem um ótimo sistema de conectividade, com o Bluetooth 5.2; e o codec AptX completa a lista positiva. O que eu quero dizer é que, para você que só quer escutar músicas e assistir a conteúdos por meio desse fone, o Hecate GM5 pode ser a compra certa.
Mas e para quem joga? A meu ver, esse TWS tem a mesma lógica dos smartphones gamer. Ele é gamer, mas outros modelos disponíveis no mercado, sem essa proposta, podem entregar experiência semelhante. Exemplificando, um iPhone 13 Pro Max vai oferecer a mesma performance em games que um Asus ROG Phone 5S Pro. Assim também é quando analisamos a categoria TWS gamer.
No fim das contas, o Edifier Hecate GM5 pode até fazer sentido para os jogadores casuais, mas para os mais exigentes, eu não recomendo a compra. A latência, de fato, é baixa, mas a experiência não é boa em todos os jogos. O preço de R$ 499 também não ajuda muito, já que o Realme Buds Air 2 Neo, por exemplo, que tem Bluetooth 5.2 e cancelamento ativo de ruído, sai por até R$ 330. É por isso que o Hecate GM5 só é uma boa escolha daqui a alguns meses, quando o preço cair e para quem só quer escutar músicas, mesmo.