Samsung empaca de novo com o Tizen (ou: existe espaço para um quarto sistema móvel?)

Paulo Higa
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• Atualizado há 6 meses

Há um mês, a Samsung apresentou o Samsung Z, o primeiro smartphone com sistema operacional Tizen a ser vendido no mercado. Se tudo corresse como planejado, ele teria sido lançado ontem na Rússia em um evento para desenvolvedores, mas a Samsung anunciou hoje que decidiu adiar o início das vendas. O motivo? Aparentemente, o Tizen ainda não tem aplicativos suficientes.

Vamos relembrar: o Samsung Z é um smartphone topo de linha, com leitor de impressões digitais e sensor de batimentos cardíacos emprestados do Galaxy S5. Por dentro, ele tem um processador quad-core de 2,3 GHz, bateria de 2.600 mAh, 2 GB de RAM, câmera de 8 megapixels e tela de 4,8 polegadas com resolução de 1280×720 pixels. A interface é bem familiar para quem conhece a TouchWiz.

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A vice-presidente executiva da divisão mobile da Samsung, Lee Young Hee, disse à Bloomberg que um smartphone premium com Tizen seria lançado em agosto ou setembro de 2013, o que não aconteceu. No Japão, o tal aparelho chegaria no início de 2014, mas o lançamento foi cancelado. A operadora NTT DoCoMo disse que o mercado japonês não estava crescendo o suficiente para dar espaço a mais um sistema além do Android e iOS.

E quando a Samsung lançará o Samsung Z na Rússia? A resposta mais adequada para essa pergunta certamente é: “não tem como saber”. A resposta oficial da Samsung é que o smartphone com Tizen será lançado “quando puder oferecer aos usuários um portfólio completo de aplicativos”. Mesmo assim, a Samsung disse que vai continuar trabalhando no desenvolvimento do Tizen e seu ecossistema.

O que nos leva a outra pergunta: quando o Tizen terá um “portfólio completo de aplicativos”? O Android tem a Play Store, o iOS tem a App Store e o Windows Phone tem a Windows Phone Store. No entanto, o Tizen ainda não tem uma grande loja: a Samsung prometeu uma “Tizen Store” no lançamento do Samsung Z, sem citar nenhuma grande desenvolvedora que estivesse apoiando a plataforma.

Não precisa pagar nada para publicar na Tizen Store, e os lucros ficam 100% com o desenvolvedor. Falta de incentivo não é.
Não precisa pagar nada para publicar na Tizen Store, e os lucros ficam 100% com o desenvolvedor. Falta de incentivo não é.

É difícil um sistema sobreviver sem bons aplicativos e, mesmo com apenas três grandes plataformas, o mercado já mostra sinais de saturação: o Windows Phone, ainda distante do Android e iOS em participação de mercado, é muitas vezes colocado em segundo plano. Raramente os aplicativos da plataforma da Microsoft recebem atualizações rapidamente como nas duas líderes de mercado. O Instagram Direct não funciona no app oficial, não há suporte a GIFs animados no Twitter, nada de streaming grátis no Spotify…

Se nem a terceira grande opção está com essa bola toda quase quatro anos depois de seu lançamento (os primeiros aparelhos com Windows Phone 7 chegaram em outubro de 2010), é difícil apostar que um quarto sistema móvel vingue tão cedo. Só não dá para declarar a morte de nenhum competidor porque, há apenas cinco anos, a gente ainda discutia, ahn… Symbian e BlackBerry.

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Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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