Asimo herói

O Japão é bastante propenso a terremotos e outros desastres naturais. Por conta disso, o país costuma adotar várias medidas de segurança — construir prédios preparados para suportar tremores, por exemplo. O problema é que, mesmo com todos os cuidados, algumas tragédias são simplesmente inevitáveis. É isso que levou a Honda a trabalhar em uma versão do robô Asimo para atuar em situações de emergência.

A primeira versão do Asimo foi apresentada no ano 2000. Na ocasião, o robô chamou bastante atenção por ser capaz de andar com duas pernas e ter aspecto humanoide (ele se parece mais com um astronauta, honestamente). Desde então, o robô ganhou várias versões. A última, apresentada em 2014, consegue caminhar mais rapidamente e fazer movimentos com as mãos bastante complexos. Você pode saber mais sobre esse e outros robôs domésticos neste especial.

Embora tenha sido apresentado há 15 anos, o Asimo é baseado em projetos robóticos que a Honda começou a desenvolver na década de 1980. Naquela época, os engenheiros da companhia já tinham como objetivo principal criar um robô para auxiliar em tarefas domésticas e servir de companhia.

A versão mais recente do Asimo
A versão mais recente do Asimo “normal”

Esse ideal é mantido até hoje (na verdade, a própria Honda nunca escondeu que o Asimo é, no fundo, uma plataforma para desenvolvimento de tecnologias), mas uma “variação” desse objetivo surgiu logo após o acidente na usina nuclear de Fukushima, em março de 2011.

Satoshi Shigemi, líder do projeto do Asimo, afirma ter se sentido incomodado ao descobrir que robôs estrangeiros foram os primeiros a explorarem a planta da usina de Fukushima após o desastre. Para um país tão avançado em tecnologias robóticas, é um constrangimento compreensível, não?

Ao menos o episódio serviu para que Shigemi tivesse a ideia de projetar uma versão do Asimo capaz de atuar em ambientes inóspitos para os humanos. Por que não desenvolver do zero um robô para esse fim? Seria perda de tempo (e dinheiro): mesmo tendo foco em funções domésticas, o Asimo é o robô humanoide mais avançado do mundo, portanto, faz bastante sentido aproveitar a sua tecnologia.

O Asimo “normal” é capaz de contornar obstáculos simples, carregar objetos, subir escadarias, empurrar ou puxar portas, entre outras tarefas. Essas características o tornam quase qualificado para explorar áreas de risco: o robô se locomove como os humanos e isso é importante porque a maioria esmagadora das construções são feitas para que pessoas possam transitar nelas.

Asimo - quadrúpede

Mas, em caso de desastre, o robô deve passar por escombros ou subir por escadas articuláveis, por exemplo. Para suprir essas necessidades, a equipe de Shigemi está criando uma versão do Asimo que é capaz de mudar a posição de bípede para quadrúpede. Desse modo, o robô poderá se locomover com segurança em superfícies acidentadas, se agachar para passar por pontos estreitos ou subir em um bloco de concreto, por exemplo.

É até possível fazer com que o robô seja controlado remotamente, mas ele está sendo criado para ser autônomo. Em outras palavras, caberá ao Asimo “herói” definir quando se abaixar, onde se segurar para subir uma escada e assim por diante.

Asimo - herói

Não ficou claro quais mecanismos ajudarão o robô a tomar decisões, mas não é difícil presumir que uma série de sensores — instalados principalmente na cabeça — passarão parâmetros em tempo real. A partir daí, caberá ao software do robô calcular cada movimento, tanto para locomoção quanto para compensar desequilíbrios.

Esse controle também é importante para que o robô realize a tarefa que lhe foi incumbida: desligar uma válvula, fazer reconhecimento de área, encontrar sobreviventes, mover obstáculos, levar suprimentos para feridos que aguardam socorro e por aí vai.

Como desastres não têm hora para acontecer, é primordial que um projeto como esse saia do laboratório o quanto antes. Os pesquisadores sabem disso, mas a iniciativa é complexa, razão pela qual não há previsão para que o robô fique pronto. A boa notícia é que o pessoal da Honda está bastante engajado na ideia, portanto, uma versão usável do robô pode dar as caras dentro de poucos anos. Até lá, é claro, a gente também espera que o robô receba um nome à altura do seu heroísmo.

Com informações: IEEE Spectrum

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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