O dia 11 de março de 2011 foi um pesadelo para o Japão. Nessa data, um terremoto de 9 graus na escala Richter e um tsunami que ocorreu logo na sequência provocaram sérios danos na planta 1 da Central Nuclear de Fukushima. Trata-se do pior acidente nuclear registrado desde o desastre de Chernobyl. O governo japonês trabalha para recuperar a área e, para isso, está recorrendo à tecnologia: um dos mais recentes aliados nessa empreitada é um robô construído pela Toshiba.
Esse é um trabalho de longo prazo, razão pela qual não há tempo a perder: estima-se que a limpeza da zona afetada pode demorar entre 30 e 40 anos para ser concluída. Não é de se surpreender, portanto, que robôs já tenham explorado o reator atingido para, entre outras tarefas, fazer reconhecido do estado das instalações.
A limpeza das áreas externas das centrais nucleares já avançou bastante. O próximo passo é desmantelar o reator 3 da planta afetada. É nesse ponto que o robô da Toshiba entra em cena: os níveis de radiação do local são, presumivelmente, altos demais para esse trabalho ser feito por humanos.
Caberá ao robô da Toshiba (empresa que, coincidência ou não, respondeu por boa parte da construção da planta 1 da usina) retirar escombros do reator, mais precisamente, 566 peças de tubos de combustível que caíram sobre um tanque de resfriamento. Essa operação é extremamente importante porque as barras de combustível estão entre as partes mais radioativas dos escombros, podendo ficar assim por séculos.
Para tanto, o robô conta com dois braços: um levanta e mantém firme cada tubo enquanto o outro corta as peças recolhidas. A máquina será controlada remotamente por um operador graças ao auxílio de um conjunto de câmeras.
Estamos falando de uma operação que exigirá doses bastante generosas de paciência: se nada der errado, o recolhimento dos tubos será encerrado no início de 2017. Pudera: todo cuidado é pouco. Cada barra deve ser retirada de dentro do tanque e reduzida a pedaços menores para a sua remoção ser feita com segurança. Qualquer precipitação pode, consequentemente, piorar a situação do local.
Um detalhe curioso nessa história toda é que o Japão manteve de 1999 a 2002 um programa voltado ao desenvolvimento de robôs especializados em limpeza de áreas afetadas por desastres nucleares. O programa foi descontinuado e os robôs criados ficaram guardados até 2006, quando foram entregues a museus.
Assim como outras máquinas usadas na região da usina, o robô da Toshiba foi desenvolvido especificamente para atuar na limpeza da área. Depois da retirada dos tubos, o robô deverá ser empregado em outras tarefas desse extenso trabalho.
Com informações: The Next Web, Japan Times