Você provavelmente já deve ter ouvido alguém falar que “fulano tem cara de bandido”. É claro que julgar os outros pela aparência não é considerado correto, porém, neste caso, pesquisadores têm trabalhado para provar que sim, é possível identificar um criminoso pelos seus traços faciais.

Xialin Wu e Xi Zhang, da Universidade Shanghai Jiao Tong, na China, usaram vários algoritmos de visão de máquina para examinar uma série de fotos de criminosos e civís, com o objetivo de descobrir se uma rede neural seria capaz de diferenciá-los.

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Os pesquisadores coletaram 1.856 retratos de homens chineses sem barba ou bigode, com idades entre 18 e 56 anos, sendo que apenas metade deles tinha histórico criminal. Os cientistas, então, utilizaram 90% destas fotos para treinar a rede neural a reconhecer as características e diferenças da amostra, e os 10% restantes foram utilizados nos testes.

A eficácia do teste, segundo publicação do MIT, surpreendeu. Xiaolin e Xi descobriram que a rede neural foi capaz de distinguir os criminosos das pessoas comuns com uma precisão de 89,5%. De acordo com a pesquisa, os rostos das pessoas comuns analisadas possuíram muito mais semelhanças entre si comparados com os dos criminosos.

A rede neural foi capaz de identificar três características faciais principais para fazer a distinção: a curvatura do lábio superior que, de acordo com a pesquisa, é, em média, 23% maior nos criminosos; a distância entre os cantos internos dos olhos, que é 6% menor; e o ângulo entre duas linhas desenhadas da ponta do nariz até os cantos da boca (conforme a imagem da direita), que é 20% menor.

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Os resultados são controversos, e levantam várias questões. O próprio escopo da pesquisa de Xiaolin e Xin é um tanto limitado, tanto em quantidade de dados quanto na qualidade das imagens utilizadas. De qualquer forma, esta não foi a primeira vez que pesquisadores tentaram provar que é possível fazer esta distinção. Em 2011, psicólogos concluíram que os seres humanos também são capazes de identificar um criminoso pelo rosto. E se isto é realmente possível de ser feito para qualquer pessoa, imagine o que um supercomputador e uma inteligência artificial avançada podem fazer?

Ainda estamos um pouco longe de chegar a um cenário parecido com o de Minority Report, onde os criminosos são identificados antes mesmo de terem cometido um crime. Mas os avanços em inteligência artificial e redes neurais estão cada vez maiores, e tecnologias como esta, antes restritas à ficção, estão cada vez mais próximas de se tornarem realidade. Mas, até lá, é melhor continuar pensando duas vezes antes de afirmar que alguém tem “cara de bandido”.

Mais detalhes sobre a pesquisa chinesa podem ser conferidos neste link.

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Diego Melo

Diego Melo

Ex-redator

Diego Melo é jornalista e cursa Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Escreve sobre tecnologia desde 2011, fez parte da equipe do Tecnoblog entre 2016 e 2022, produzindo pautas sobre programação, guias e tutoriais de programas. Hoje é desenvolvedor full-stack e trabalha diariamente com tecnologias como JavaScript (Vue.js), PHP (Laravel) e SQL (MySQL).

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