Empresas estão mudando de nome para aproveitar mania das criptomoedas

Felipe Ventura
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• Atualizado há 1 ano e 1 mês

Falamos por aqui sobre uma empresa de tabaco que decidiu mudar de ramo e minerar criptomoedas. Em um dia, as ações da Intercontinental Technology (antes Rich Cigars) dispararam 2.200%.

Algumas empresas estão indo além: não trocam de atividade econômica, mas colocam “crypto” e “blockchain” no nome — e as ações valorizam mesmo assim.

A Long Island Iced Tea Corporation, fabricante de chá gelado e limonada, mudou de nome para Long Blockchain Corporation. Suas ações saltaram 500% após o anúncio, levantando dúvidas no mercado financeiro.

A empresa até diz que está mudando seu foco principal para “oportunidades de aproveitar os benefícios da tecnologia blockchain”. No entanto, como nota o Financial Times, ela nunca teve lucro, e fez um acordo para distribuição de sucos há duas semanas.

A Bloomberg reuniu outros exemplos semelhantes. Uma empresa de Hong Kong, anteriormente chamada SkyPeople Fruit Juice, trocou de nome para Future FinTech Group. Suas ações inicialmente subiram mais de 200%. No entanto, ela ainda produz suco de fruta, e planeja expandir suas plantações de kiwi e laranja.

Por sua vez, a fabricantes chinesa de chás Ping Shan Tea Group trocou de nome para Blockchain Group. O próprio site oficial diz que ela não mudou de ramo: “a empresa atua principalmente na plantação, produção, processamento e venda de Tieguanyin, uma variedade premium do tradicional chá oolong”.

E temos o caso da The Crypto Company. Ela atuava com criptomoedas, e estreou na bolsa de valores com uma tática questionável: adquiriu uma empresa de sutiãs esportivos chamada Croe Inc. Suas ações subiram 17.000% em menos de três meses. A SEC, comissão de valores mobiliários dos EUA, interrompeu as negociações por suspeitas de manipulação de preço.

Imagem por GoodManPL/Pixabay

Enquanto isso, há algumas empresas que mudam de nome e também de ramo. A Vapetek fazia baterias e líquido para cigarros eletrônicos; agora, ela se chama Nodechain e quer ganhar dinheiro minerando criptomoedas. Suas ações triplicaram de preço.

A empresa farmacêutica Bioptix fez algo semelhante: mudou de nome para Riot Blockchain, investiu em uma casa de câmbio para criptomoedas, e passou a minerá-las. Suas ações foram de US$ 3 para US$ 30 em questão de meses. E a Leeta Gold, que minerava ouro no Canadá, comprou uma empresa de mineração de bitcoin na Islândia e trocou de nome para Hive Blockchain Technologies.

É algo semelhante ao que ocorreu durante a bolha pontocom. Em 1999, as ações da empresa MIS International foram de US$ 0,50 para US$ 5 depois que ela mudou de nome para Cosmoz.com. Pelo menos 95 empresas negociadas em bolsa de valores colocaram “.com”, “.net” ou “internet” no nome durante esse período.

Depois que a bolha estourou, veio o movimento contrário: as empresas tiraram esses termos do nome. Em 2001, a Internet.com se transformou em INTMedia Group; suas ações subiram 54% com a mudança. Na época, o CEO da empresa disse à Associated Press: “isso é uma fachada para a comunidade financeira”.

Com informações: Bloomberg, New York Times, The Verge.

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Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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