Por que o PayPal desembolsou US$ 2,2 bilhões para comprar a iZettle
A iZettle é especializada em máquinas de cartão de crédito para pequenos negócios e estava prestes a entrar na bolsa da valores
Por US$ 2,2 bilhões, o PayPal acaba de se tornar dono da sueca iZettle, empresa de pagamentos cujo principal serviço é o fornecimento de máquinas de cartão de crédito e débito. Causa alguma estranheza que o PayPal esteja disposto a pagar um preço caro para ingressar em um segmento tão tradicional, por assim dizer. Mas há uma boa razão: a companhia quer chegar de uma vez por todas às pequenas empresas.
O PayPal surgiu em 1998 e, por volta do ano 2000, começou a lidar com pagamentos online, modalidade que estava apenas nos primeiros passos naquela época. O pioneirismo fez o PayPal se tornar uma das maiores plataformas de pagamentos e transferências de dinheiro do mundo. É assim até hoje.
É claro que, nesse meio tempo, a companhia aumentou o seu leque serviços. No meio disso apareceram soluções para pagamentos em estabelecimentos físicos, incluindo máquinas portáteis para cartões e um leitor acoplável que transforma o smartphone em um dispositivo do tipo.
Porém, as soluções físicas do PayPal não avançaram muito fora dos Estados Unidos. Em vários países, incluindo o Brasil, a companhia praticamente só lida com serviços online. É aí que a iZettle pode fazer diferença: a empresa é muito forte em pontos comerciais de pequeno porte.
A iZettle
Empresas que operam máquinas de pagamentos existem há tempos, mas, via de regra, nunca tiveram muita flexibilidade com relação aos custos e o suporte aos pequenos comerciantes ou prestadores de serviço. É exatamente esse nicho que a iZettle explora.
No Brasil, por exemplo, o principal apelo da companhia é uma maquininha que pode ser comprada com parcelamento, mas não cobra aluguel. Além disso, há taxas competitivas — ou que, pelo menos, não destoam muito da média do mercado — e recebimento dos valores em dois dias úteis.
Outra grande vantagem da iZettle é que ela está presente em 12 mercados importantíssimos: Alemanha, Brasil, Dinamarca, Espanha, França, Finlândia, Grã-Bretanha, Países Baixos, Itália, México, Noruega e, claro, Suécia.
Três desses mercados são especialmente interessantes. Um é a Grã-Bretanha. Com a iZettle, o PayPal espera ter mais força para encarar a Square, empresa norte-americana de pagamentos que tem grande presença no Reino Unido.
Os outros dois mercados são Brasil e México. Graças a uma parceria firmada com o Santander em 2013, a iZettle conseguiu marcar presença rapidamente na América Latina. O banco espanhol passou a oferecer máquinas da empresa na região para autônomos, profissionais liberais e comerciantes. Houve até quem pensasse que a iZettle era uma divisão do Santander.
Na verdade, a expansão da iZettle como um todo é impressionante. A empresa surgiu em 2010 pelas mãos de Magnus Nilsson e Jacob de Geer — este último ocupa o cargo de CEO desde então. A ideia do negócio surgiu quando a ex-esposa de Geer não conseguiu vender óculos em uma feira porque só aparecia interessados em pagar com cartão.
Em seus oito anos, a companhia se tornou referência em soluções de pagamentos para pequenos negócios, apesar de estar presente em poucos países. Isso se deve principalmente aos investimentos e acordos operacionais vindos de gigantes como Mastercard, American Express e o próprio Santander.
A investida do PayPal
Uma aquisição com valor tão alto não é decidida do dia para a noite. Certamente, o PayPal estava de olho na iZettle há tempos. O que levou a empresa a agir agora, possivelmente, foi a quase entrada da iZettle na bolsa de valores: na semana passada, a companhia anunciou a decisão de fazer uma oferta pública inicial de ações (IPO).
Ainda está cedo para sabermos se o negócio vai ser positivo para o PayPal, mas para a iZettle é, muito provavelmente: a IPO, que não deve mais acontecer, levou a empresa a ser avaliada em US$ 1,1 bilhão. O PayPal ofereceu o dobro disso para tornar a oferta irrecusável.
Big news – iZettle to join forces with PayPal. Becoming a part of the PayPal family will give us and our merchants an amazing opportunity to grow and expand. We’re so excited! Read Jacob’s thoughts on the news here: https://t.co/6Pc9eKOTKx pic.twitter.com/881a9TtzGq
— iZettle (@iZettle) May 17, 2018
É a maior compra já feita pelo PayPal. Até então, a aquisição mais cara da empresa tinha sido o Xoom, serviço de transferência internacional de dinheiro que foi comprado em 2015 e custou US$ 890 milhões.
O clima com o novo negócio, pelo menos dentro do PayPal, é de “agora vai”: “as pequenas empresas são o motor da economia global e continuamos a expandir a nossa plataforma para ajudá-las a competir online, nas lojas físicas e nos dispositivos móveis”, disse Dan Schulman, CEO da companhia.
Apesar disso, as operações devem permanecer separadas, pelo menos por algum tempo, razão pela qual Jacob de Geer seguirá liderando a iZettle. Se tudo der certo, o negócio será concluído até o terceiro trimestre do ano.
Com informações: TechCrunch, Financial Times.