Wolfstride é um RPG com batalhas de robôs gigantes cheio de alma e estilo

Inspirado em mangás retrofuturistas e cheio de batalhas com robôs gigantes, Wolfstride é um RPG brasileiro completo com história cativante e personagens cheios de personalidade

Murilo Tunholi
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• Atualizado há 9 meses
Wolfstride (Imagem: Divulgação/Raw Fury)

O mercado brasileiro de jogos independentes produz joias valiosíssimas, e Wolfstride é uma delas. Na última semana, pude testar o RPG da Ota Imom Studios e fiquei apaixonado pelo pacote completo dessa aventura que traz lutas de robôs gigantes ilustradas em um estilo de arte único e acompanhadas de uma história muito bem escrita. Quer saber mais sobre minha experiência com esse game? Então me acompanhe nas linhas a seguir, caubói.

Wolfstride é inspirado em mangás retrofuturistas

Wolfstride (Imagem: Divulgação/Raw Fury)

Logo de cara o que mais me chamou atenção em Wolfstride foi o estilo de arte impecável e original, diferente de muita coisa que já vi até hoje. Não sei se foi proposital, mas durante a jogatina me senti dentro de uma obra de Shinichiro Watanabe — criador de séries como Cowboy Bebop, Samurai Champloo e Space Dandy —, com algumas referências a Gurren Lagann.

Rain City — cidade onde Wolfstride se passa — é inspirada na estética de Japão retrofuturista que mistura elementos tecnológicos com visuais que parecem ter saído direto dos anos 1980. Para completar ainda mais essa atmosfera, entram a trilha sonora magnífica de jazz e os gráficos completamente em preto e branco, como se o jogo fosse um verdadeiro mangá.

Também achei os personagens muito inspirados em figuras clássicas das obras japonesas. Para mim, o protagonista Dominique Shade, por exemplo, é como se fosse um filho de Spike Spiegel, de Cowboy Bebop, com Kamina, de Tengen Toppa Gurren Lagann. Os outros membros do grupo de Shade também são muito interessantes, então vale a pena conhecer todos.

As batalhas de robôs gigantes vão te fazer vibrar

Wolfstride (Imagem: Divulgação/Raw Fury)

Sem dar spoilers, a história gira em torno do trio de ex-criminosos formado por Shade, o mecânico Duque e o piloto de mechas Knife. Depois de herdarem um mecha chamado Cowboy, os três começam a participar de lutas entre robôs gigantes no Torneio Deus Dourado Supremo para ganhar muito dinheiro.

As lutas entre mechas de Wolfstride são decididas por batalhas em turnos, nas quais é preciso administrar não só os recursos de ataque e defesa, como também o posicionamento do robô. Dependendo do lugar em que o personagem estiver, dá para causar mais dano com certos golpes e até desviar de algumas ameaças.

Entre as lutas, você deve explorar Rain City para conseguir dinheiro e comprar peças para melhorar o Cowboy e equipamentos para deixar seu piloto mais forte. Essa parte de progressão de força ficou bem interessante, porque o mecha vai ficando realmente mais poderoso com o passar o tempo. Para quem curte RPGs de turno com esse tempero a mais de estratégia, Wolfstride é um prato cheio.

Problemas de ritmo e repetição podem atrapalhar

Wolfstride (Imagem: Divulgação/Raw Fury)

Contudo, como nem tudo são flores, Wolfstride tem alguns probleminhas que podem atrapalhar a experiência geral. Quero começar falando do ritmo da história, que deixou um pouco a desejar. O começo do jogo é bem lento e traz 80% de texto e 20% de gameplay. Muitas vezes, o game parecia mais uma visual novel, ou até mesmo um filme.

O enredo é uma parte importantíssima de Wolfstride, e a história é, sim, muito boa. Os personagens têm suas personalidades bem construídas, as falas são bem escritas, e o elenco de vozes originais deixa tudo ainda mais incrível. Porém, é difícil acompanhar o texto enquanto você precisa ficar pulando os diálogos manualmente com um botão.

Acho que uma mudança bacana seria adicionar uma opção de avançar os diálogos de forma automática. Assim, daria para absorver a história sem precisar ficar com o controle na mão, só ouvindo as belas vozes dos personagens.

Vale destacar que todas as falas têm voz original, mas não há dublagem em português, apenas legendas. Contudo, se você jogar com o texto em português, fica ainda melhor de ler os diálogos cheios de referências à nossa cultura, inclusive memes e expressões regionais. Dá para soltar umas gargalhadas com frases tipo “Vamos esbagaçar esse fanfarrão!”.

Outro ponto problemático é a repetição depois de um tempo. Nos momentos de exploração em Rain City, você precisa correr por uns trechos vazios até chegar aos objetivos. Nas primeiras horas, é bacana ter essas partes para admirar as paisagens muito bonitas e ouvir o jazz relaxante da trilha sonora. Depois da sexta vez, no entanto, começa a ficar chato.

Wolfstride (Imagem: Murilo Tunholi/Tecnoblog)

Mesmo com alguns defeitos, Wolfstride é excelente

Essas questões do ritmo da história e da repetição não tornam Wolfstride injogável, muito pelo contrário. O game não é longo, então você nem chega a ter esses problemas se estiver muito investido no enredo. Toda a trama acontece ao longo de 63 dias, que podem ter lutas ou exploração. Em termos de tempo de jogo, creio que dê para zerar em cerca de 20 horas.

Para quem curte uma história bem construída, com personagens cativantes e cheios de personalidade, e ainda é fã de batalhas com robôs gigantes, Wolfstride é um jogo quase obrigatório. Por enquanto, o game só está disponível para PC no Steam, e é possível encontrá-lo por apenas R$ 30 na loja.

Para a produção deste texto, a publicadora Raw Fury cedeu gentilmente ao Tecnoblog uma chave de Wolfstride.

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Murilo Tunholi

Murilo Tunholi

Ex-autor

Jornalista, atua como repórter de videogames e tecnologia desde 2018. Tem experiência em analisar jogos e hardware, assim como em cobrir eventos e torneios de esports. Passou pela Editora Globo (TechTudo), Mosaico (Buscapé/Zoom) e no Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. É apaixonado por gastronomia, informática, música e Pokémon. Já cursou Química, mas pendurou o jaleco para realizar o sonho de trabalhar com games.

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