BlaBlaCar chega ao Brasil oferecendo caronas pagas

Uma alternativa aos grupos de caronas no Facebook

Jean Prado
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• Atualizado há 2 semanas

Uma alternativa para os grupos de carona no Facebook, o conhecido aplicativo BlaBlaCar inicia nesta segunda-feira (30) suas operações no Brasil. Se você ainda não ouviu falar dele, o BlaBlaCar é um serviço no qual passageiros e motoristas interessados em viajar para algum lugar podem combinar uma carona.

Se você é um passageiro, basta procurar as informações da viagem, fazer a reserva online e entrar em contato com o condutor. Para os motoristas, é possível escolher entre aprovar manualmente ou automaticamente um passageiro. A cobrança é feita em dinheiro, pelo próprio condutor, no ato da carona.

Inicialmente, as viagens combinadas pelo aplicativo não serão cobradas pelo BlaBlaCar. Daqui a alguns meses (ou até anos), a empresa afirmou que começará a cobrar tarifas dos passageiros, como acontece no exterior. O valor é de 10% a 15% do custo estimado da viagem para cada passageiro.

O cálculo da tarifa é feito pela própria empresa. Segundo eles, uma viagem entre São Paulo e Rio de Janeiro custa cerca de 180 reais. Assim, o custo é dividido entre os passageiros: se o motorista levar mais dois passageiros, a viagem sai por cerca de R$ 60, que é o valor anunciado no site.

Outras viagens em destaque são anunciadas na página inicial do BlaBlaCar, como São Paulo a Belo Horizonte por R$ 80, Rio de Janeiro a Búzios por R$ 25, São Paulo a Guarujá por R$ 10 e assim por diante.

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Apesar de ter preços convidativos, o BlaBlaCar ainda está engatinhando aqui no Brasil. Resolvi fazer o cadastro e ver quanto fica uma viagem de Bauru até São Paulo, um trecho de 330 quilômetros. Achei apenas dois motoristas anunciando a viagem por R$ 45, um preço também comum nos grupos de carona. Só encontrei 11 resultados para o trecho São Paulo-Rio de Janeiro.

Segurança

Além da comodidade, qual a vantagem em relação aos grupos de carona no Facebook, por exemplo? Com uma equipe de 10 pessoas em um escritório em São Paulo sem relação direta com os motoristas, não tenho certeza se há uma grande vantagem para o BlaBlaCar. É assim que eles mantém a qualidade do serviço:

Em primeiro lugar, todas as identidades digitais dos membros são confirmadas. Em segundo lugar, a própria comunidade é auto-moderada pelos membros, usando os perfis e avaliações para se avaliarem, criticando os membros que não respeitem o espírito BlaBlaCar de colaboração positiva. Por último, a BlaBlaCar é formada por uma Equipe de Suporte aos Membros, disponível todos os dias, para que você possa usufruir da melhor experiência BlaBlaCar.

Fica a cargo da comunidade e das avaliações para que a qualidade da carona seja mantida. Eles frisam que o Código de Trânsito deve ser respeitado e recomendam ao motorista dirigir com segurança e calma, mantendo o foco na estrada. Aos passageiros, a recomendação é não entrar “em um veículo que pareça malcuidado, que não tenha cintos de segurança ou cujo condutor pareça alterado”.

Questões legais

Em entrevista à agência de notícias Reuters, Ricardo Leite, diretor-geral da BlaBlaCar no Brasil, avalia que o serviço não deve enfrentar oposição no país porque apenas reduz o custo das viagens de carro. “O que a gente faz é basicamente conectar os dois lados. Não precisamos adquirir licenças. Temos operado em uma série de países sem arranjar confusão”, explica.

BlaBlaCar

Curiosamente, o argumento de unir os dois lados também é usado pelo Uber, informando que o aplicativo “conecta motoristas a passageiros” (e você já viu toda a confusão que isso ainda causa). Ainda assim, acredito que o BlaBlaCar não deve ser alvo de polêmicas, principalmente por não contratar ou cobrar tarifa de nenhum motorista. A cobrança feita pelo próprio motorista ajuda a afastar polêmicas.

Nas perguntas frequentes, o BlaBlaCar explica que o motorista não deve tentar obter lucro da viagem, apenas dividindo com os passageiros o custo da viagem.

As seguradoras concordam que se seus passageiros somente contribuírem com os custos da viagem, não gerando lucro, a apólice de seguro do veículo não será afetada. A BlaBlaCar limita rigorosamente o número de lugares e preços para cumprir os seguintes requisitos em relação ao lucro: os gastos do condutor devem ser somente compensados, nenhum lucro pode ser obtido. Recomendamos aos condutores que tenham qualquer preocupação em relação ao seguro que contatem diretamente sua seguradora, pois os termos de uso das seguradoras de carros particulares podem variar.

É importante que essas informações sejam verificadas com a seguradora porque, caso seja comprovado que o condutor obteve lucro com as viagens, a seguradora pode se recusar a cobrir os danos causados ao motorista e também ao passageiro. “No caso de blitz, os condutores que fazem desse transporte uma atividade profissional podem enfrentar sanções por não estarem habilitados a transportarem passageiro”, diz outra página.

Na América Latina, o Brasil é o segundo país onde a empresa inicia suas operações, logo atrás do México. Contando com outros continentes, a empresa francesa, fundada em 2006, já funciona em 20 países, incluindo Alemanha, Espanha, França, Portugal, Reino Unido e Índia. Em um ano, o BlaBlaCar recebeu US$ 300 milhões em investimentos.

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Jean Prado

Jean Prado

Ex-autor

Jean Prado é jornalista de tecnologia e conta com certificados nas áreas de Ciência de Dados, Python e Ciências Políticas. É especialista em análise e visualização de dados, e foi autor do Tecnoblog entre 2015 e 2018. Atualmente integra a equipe do Greenpeace Brasil.

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