10 maiores fracassos tecnológicos dos últimos 10 anos
A tecnologia pode mudar o mundo, mas estes produtos se mostraram verdadeiros fracassos na última década
A tecnologia pode mudar o mundo, mas estes produtos se mostraram verdadeiros fracassos na última década
De 2005 a 2015, muita coisa aconteceu no mercado de tecnologia. A ascensão das redes sociais, a popularização dos smartphones e as conexões mais rápidas são alguns dos fatos que destacamos entre as tecnologias que revolucionaram o mundo nos últimos 10 anos. Mas é claro que existe o outro lado da moeda: as tecnologias que fracassaram. Quantas você conhece?
Em comemoração aos 10 anos de vida do Tecnoblog, confira os 10 maiores fracassos tecnológicos dos últimos 10 anos:
Em novembro de 2006, a Microsoft finalizou o desenvolvimento do Windows Vista. O Windows estava há cinco anos sem ganhar nenhuma versão nova: o XP, que reinava nos desktops, havia recebido alguns pacotes para melhorar a segurança (na época em que a Microsoft chamava-os de Service Packs), mas o sistema operacional continuava essencialmente o mesmo. Por isso, o Vista era bastante aguardado pelos usuários.
Mas, depois de tantos anos sem mudanças no Windows, os computadores também acabaram parando no tempo. Eu tenho certeza que você usou, durante muitos anos, uma máquina com 128 MB ou 256 MB de RAM. Quando o Windows Vista chegou exigindo 1 GB de memória para rodar de forma minimamente decente, os desktops simplesmente não estavam preparados.
O resultado foi um sistema operacional extremamente pesado e lento. Os inúmeros efeitos visuais de transparência e sombras (saudades, Aero!) só atrapalhavam as coitadas das máquinas com placas de vídeo onboard de baixo desempenho. Uma penca de serviços eram carregados durante a inicialização, o que tornava o boot muito demorado. E o fato de muitos componentes de hardware serem antigos atrapalhou ainda mais a migração, porque eles não eram compatíveis com o Vista.
O próprio Steve Ballmer revelou que o Windows Vista foi um de seus maiores arrependimentos enquanto estava no comando da Microsoft.
O Google Wave foi o maior fenômeno de 2009! Digo, pelo menos em relação ao hype. Todo mundo queria um convite exclusivo para entrar no Google Wave, a ferramenta de comunicação inovadora do Google, a empresa de tecnologia mais badalada da década passada, que prometia tornar o email uma tecnologia obsoleta — e não era muito difícil acreditar no Google, já que eles haviam revolucionado o email. Até setembro de 2009, apenas 100.000 usuários podiam experimentar aquela coisa.
Ele era tão avançado, mas tão avançado, que ninguém sabia como usá-lo. Dentro da plataforma havia recursos que uniam emails, mensagens instantâneas, rede social e enciclopédia colaborativa. Ou seja, o Google Wave era basicamente um pato, que fazia de tudo, mas não fazia nada direito.
Nas “waves”, como as conversas eram chamadas, você podia colocar widgets e receber respostas em tempo real, que apareciam magicamente na tela, sem que você precisasse fazer nada. Estamos no futuro! Isto é, se você tivesse um computador, uma conexão e um navegador rápido o suficiente para que o Google Wave não ficasse travando a todo momento. Dava para jogar sudoku e até xadrez lá dentro.
Em agosto de 2010, apenas um ano depois do lançamento do Google Wave, o serviço morreu. Atualmente, a tecnologia do Wave é desenvolvida pela Apache Software Foundation e tem ainda menos relevância do que naquela época.
Antes dos iPhones e iPads, o gadget “mágico” da Apple era o iPod. A empresa de Steve Jobs ganhava rios de dinheiro com seus players e com a venda de álbuns digitais na iTunes Music Store. É claro que a principal rival, a Microsoft, queria abocanhar uma fatia daquele mercado em crescimento. A resposta foi o Zune, que nunca conseguiu participação de mercado relevante, sequer deu as caras no Brasil e sobreviveu até 2012.
O primeiro Zune foi lançado em novembro de 2006, tinha um HD de 30 GB e controle direcional para navegar pelas músicas, vídeos, fotos e podcasts (o prefixo “pod” não é mera coincidência). Depois vieram os modelos compactos com memória flash (4 GB, 8 GB ou 16 GB) para competir com o iPod nano, e os Zunes com HDs de 80 GB e 120 GB. O mais legal de todos era o Zune HD, lançado em 2009, com uma linguagem visual que serviu de inspiração para o Windows Phone.
O Zune não era um player ruim, mas não trazia nada de inovador, e o iPod já estava muito à frente na época em que a Microsoft agiu. Qualquer lançamento de Zune era uma resposta ao que já existia no mercado. As vendas até chegaram a empolgar em determinados momentos, quando o Zune chegou a atingir uma fatia de 10%, mas não se sustentaram por muito tempo. No primeiro semestre de 2009, o Zune tinha 2% de participação de mercado, uma vergonha para uma gigante como a Microsoft.
Quem lembra da capinha antirroubo para iPod, que imitava o Zune?
Lembra de quando a gente usava mídia física para consumir músicas e filmes? Na década passada, a briga era para ver quem iria substituir o DVD, que tinha resolução limitada e não estava mais dando conta da qualidade das novas TVs com resoluções 720p e 1080p. Duas mídias se destacaram: Blu-ray (apoiado por Sony, LG, Samsung, Panasonic e outras) e HD-DVD (apoiado por Toshiba, Microsoft, Intel e outras).
Ambas as tecnologias usavam um disco do tamanho de um DVD, mas possuíam diferenças importantes por dentro e eram incompatíveis entre si. O Blu-ray suportava 25 GB por camada, enquanto o HD-DVD estava limitado a 15 GB por camada. Além disso, o Blu-ray armazenava os dados de maneira mais próxima à superfície, tornando-o mais sensível a perdas de dados em casos de arranhões, o que fez as fabricantes investirem em camadas de proteção mais seguras.
Os players de Blu-ray e HD-DVD surgiram em 2006, e entre os “players” de Blu-ray estava o PlayStation 3, o que tornou a vida do HD-DVD ainda mais complicada (o Xbox 360 chegou a ter um leitor externo de HD-DVD, que vendeu apenas 300 mil unidades). Em fevereiro de 2008, quando a maioria dos estúdios já havia decidido pelo Blu-ray, a Toshiba anunciou que encerraria o desenvolvimento de players e mídias de HD-DVD. Fim da guerra.
Por muito tempo, em meados de 2012, havia a especulação de que o Facebook lançaria um smartphone próprio, feito em parceria com a HTC. Os rumores se confirmaram em abril de 2013, quando o “Facebook Phone” foi lançado nos Estados Unidos, com o nome HTC First. O smartphone era totalmente centrado na rede social de Mark Zuckerberg e tinha até um launcher modificado para exibir conteúdos do Facebook.
Obviamente, o HTC First não deu certo. Além de ser fabricado por uma empresa de alcance limitado como a HTC, o aparelho não tinha nada de interessante. Suas configurações de hardware eram medianas, com tela de 4,3 polegadas (1280×720 pixels), 1 GB de RAM e câmera traseira de 5 megapixels. E ele era muito caro: custava US$ 99,99 no contrato de dois anos com a operadora AT&T.
Mesmo se você quisesse usar a única coisa que o HTC First tinha de diferente, o launcher, não precisaria comprar o smartphone do Facebook: era possível instalar o Facebook Home em uma série de outros Androids. Mas, como ele era pouco funcional e muito pesado, eu duvido que você realmente estaria disposto a usar o software invasivo do Facebook.
Em maio de 2013, apenas um mês após o lançamento, o preço do HTC First caiu de US$ 99,99 para US$ 0,99 no contrato.
Outro fracassado da década foi o Amazon Fire Phone, tão especulado quanto o smartphone do Facebook: os rumores do aparelho próprio da loja de Jeff Bezos começaram em 2011. Quando finalmente chegou ao mercado, em junho de 2014, o smartphone não empolgou. Rodando um Android bastante modificado, ele era centrado no ecossistema da Amazon — tinha um recurso que identificava códigos de barras, livros, CDs, DVDs e jogos usando a câmera do smartphone (obviamente, com um belo botão “Comprar” direcionando o usuário para a Amazon).
Assim como no caso do Facebook Phone, não havia nada que justificasse a compra do Fire Phone, ainda mais pelo preço que a Amazon estava cobrando: ele custava entre US$ 649 e US$ 749, dependendo da capacidade de armazenamento (isto é, o mesmo que um iPhone). Seu grande diferencial eram as quatro câmeras frontais (cinco, contando com a câmera frontal para selfies), usadas para criar um evento de perspectiva dinâmica na interface 3D. Ou seja, uma perfumaria inútil.
Até agosto de 2014, as estatísticas indicavam que não mais do que 35 mil Fire Phones haviam sido vendidos nos Estados Unidos (é impossível descobrir a quantidade precisa, já que a Amazon nunca divulga seus números de vendas). Fato é que, em setembro de 2015, a Amazon oficializou o fracasso do smartphone e parou de vendê-lo após sucessivas baixas de preço, chegando a custar US$ 0,99 em contrato na AT&T.
Muitos tentaram, sem sucesso, derrubar a hegemonia do Google nas buscas, mas o Cuil merece destaque por ter criado um alvoroço enorme na época de seu lançamento, em julho de 2008. Disponível em oito idiomas, incluindo o português, o Cuil recebeu US$ 33 milhões em investimentos para desbancar a toda poderosa de Mountain View, sendo uma das startups mais bem sucedidas daquele ano.
A julgar pelas promessas, não era possível que o Cuil fosse ruim. Eles tinham bons funcionários: o CEO e cofundador, Tom Costello, já havia trabalhado na IBM; além disso, o buscador foi criado e administrado por ex-funcionários do Google. Para completar, a base de dados era gigantesca, com 121,6 bilhões de páginas indexadas, mais que qualquer outro buscador. Quer mais? O Cuil prometia não armazenar informações pessoais dos usuários, como buscas e números de IP.
Mas foi. Assim que foi lançado, o Cuil era muito lento, entregava resultados errados e colocava páginas irrelevantes no topo das buscas, apesar de jurar ter a maior base de dados. Eles até colocavam o número de páginas indexadas embaixo do campo de busca, para todo mundo ver (no lançamento eram 121.617.892.992). O tempo passou, o buscador sofreu calado e morreu em setembro de 2010.
Com a chegada dos iPhones e Androids, a BlackBerry perdeu toda a relevância que tinha no mercado de smartphones, sendo incapaz de acompanhar a evolução do mercado e entregar o que o consumidor queria. O problema começava na própria diretoria: quando ainda se chamava Research In Motion, a fabricante canadense tinha dois CEOs (sim, ao mesmo tempo), uma estrutura bastante criticada.
Na última década, a BlackBerry lançou uma série de produtos fracassados, que até pareciam ideias boas, mas no fundo eram ruins. O PlayBook, por exemplo, era um tablet de 7 polegadas, caro para o que oferecia, com duração de bateria nada empolgante e loja de aplicativos inferior — ele também rodava aplicativos para Android enviados para a BlackBerry App World, mas a seleção era limitada. A primeira versão do PlayBook OS nem sequer tinha aplicativos nativos de email e calendário.
O BlackBerry OS 10 seria uma grande atualização do sistema operacional móvel da empresa, mas atrasou diversas vezes na época em que a BlackBerry estava tendo prejuízos milionários e demitindo funcionários. Como você bem sabe, o BlackBerry OS chegou tarde demais, não deu certo e atualmente tem participação irrelevante no mercado de smartphones: no segundo trimestre de 2015, ficou com 0,3% das vendas, segundo a IDC.
A BlackBerry, que chegou a ter 20% do mercado de smartphones e valer US$ 83 bilhões, atualmente tem prejuízos maiores a cada trimestre e valor de mercado ínfimo de US$ 3,98 bilhões.
A proposta do Zeebo era bacana: um console para atender a classe média brasileira. Ele tinha uma série de atrativos para quem não podia gastar muito dinheiro com videogame: os jogos eram relativamente baratos e não era necessário ter internet em casa, já que o Zeebo incluía o ZeeboNet, uma rede 3G fornecida gratuitamente pela Claro para baixar os games. Não havia leitor de mídia física: todos os jogos eram distribuídos digitalmente.
O Zeebo era um console feito pela Tectoy em parceria com a Qualcomm — aliás, o hardware era muito parecido com o de um smartphone, e boa parte dos jogos era composta de versões móveis adaptadas. Três jogos vinham na memória: FIFA 2009, Need for Speed Carbon e Treino Cerebral. Novos títulos custavam entre R$ 9,90 e R$ 29,90 e podiam ser comprados com Z-Credits, que eram adquiridos por meio de cartão de crédito, boleto bancário, débito em conta e lan houses.
Na época do lançamento, em maio de 2009, o Zeebo custava R$ 499, mas rapidamente teve redução de preço para R$ 399 em setembro e R$ 299 em novembro daquele ano. Com dois anos de vida, em maio de 2011, a Zeebo anunciou o encerramento de suas atividades no Brasil, tendo poucos títulos no catálogo. Ele vendeu 30 mil unidades, 20 vezes menos que o esperado pela Tectoy, o que ajudou a afundar ainda mais a endividada companhia. Não foi dessa vez.
O Zune Windows Phone não era um player sistema operacional ruim, mas não trazia nada de inovador, e o iPod iOS e Android já estava estavam muito à frente na época em que a Microsoft agiu. Qualquer lançamento de Zune Windows Phone era uma resposta ao que já existia no mercado. As vendas até chegaram a empolgar em determinados momentos, quando o Zune Windows Phone chegou a atingir uma fatia de 10% 9% no Brasil, mas não se sustentaram por muito tempo. No primeiro semestre de 2009 terceiro trimestre de 2015, o Zune Windows Phone tinha 2% 1,6% de participação de mercado, uma vergonha para uma gigante como a Microsoft.
Lançado em novembro de 2010, o Windows Phone não conseguiu atrair a atenção, mesmo com todo o dinheiro da Microsoft e sua posição de liderança nos desktops. O Android seguiu dominando o mercado, com mais de 80% de participação, mas as fabricantes estão tendo prejuízo: até a Samsung, única que consegue lucros expressivos vendendo smartphones com Android, está vendo suas vendas caírem a cada ano. O iOS gera recordes de lucros para a Apple, embora tenha uma fatia mais modesta, de 13,5%. O Windows Phone juntou o pior dos dois mundos: não conseguiu participação de mercado e nem deu lucro.
No início, o Windows Phone chegou a receber apoio de diversas fabricantes, incluindo Samsung, LG, Dell, HTC, Huawei, Acer e Nokia, mas apenas essa última acabou investindo de verdade na plataforma, até porque havia fechado um acordo de exclusividade com a Microsoft para usar o Windows Phone em todos os smartphones. A Nokia, que já estava em apuros após perder mercado para as novas concorrentes com Android, especialmente a Samsung, viu seu valor de mercado despencar e acabou sendo comprada pela Microsoft em 2014 por US$ 7,6 bilhões, uma pechincha perto dos mais de US$ 200 bilhões que valia no início da década passada.
Embora tenha alcançado um público fiel na Europa e em países emergentes, incluindo o Brasil, o Windows Phone não chamou a atenção das empresas e serviços, que continuaram priorizando as duas principais plataformas do mercado, tanto no lançamento de novos aplicativos quanto na manutenção dos já existentes — o Windows Phone constantemente recebia novidades depois dos concorrentes, quando recebia. Os buracos na loja de aplicativos eram tapados por desenvolvedores independentes, quando possível. No sucessor, o Windows 10 Mobile, a Microsoft tenta conquistar usuários com um sistema unificado e suporte a aplicativos migrados do Android e iOS.
Este post faz parte das comemorações do aniversário de 10 anos do Tecnoblog.
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