10 celulares mais marcantes dos últimos 10 anos

O mercado de celulares mudou drasticamente na última década, mas estes aparelhos ficaram na história

Paulo Higa
• Atualizado há 1 ano e 7 meses
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Todos os dias, em algum lugar do mundo, uma empresa coloca um celular novo no mercado. Só que alguns aparelhos ficam marcados na história, seja pela quantidade impressionante de vendas, seja pela capacidade de influenciar todos os produtos que vieram depois dele.

Nos últimos 10 anos, vimos o mercado de celulares mudar radicalmente com a popularização dos smartphones, um eletrônico que era restrito a um pequeno nicho de pessoas, mas que atualmente é essencial para muitos de nós. Algumas fabricantes surgiram, outras morreram, outras passaram por fases ruins e conseguiram se recuperar.

Em comemoração aos 10 anos de vida do Tecnoblog, confira os 10 celulares mais marcantes dos últimos 10 anos:

1. Motorola Moto G (2013)

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A primeira geração do Moto G não surpreendeu pelo hardware potente, pela câmera impressionante ou pelo acabamento premium. Ele não tinha nada disso. Mas foi o primeiro smartphone a oferecer uma experiência de uso decente no Android sem cobrar muito. Antes do lançamento da Motorola, quem não tinha mais que 1.000 reais para comprar um smartphone precisava conviver com aparelhos lentos, cheios de aplicativos inúteis pré-instalados e telas de péssima qualidade.

O Moto G mudou isso ao oferecer uma excelente tela de 4,5 polegadas com resolução de 1280×720 pixels, processador quad-core, 1 GB de RAM e 8 GB de armazenamento interno por 649 reais. Tudo isso na época em que, pelo mesmo preço, as concorrentes colocavam displays terríveis de 480×320 pixels, 512 MB de memória (insuficiente para dar conta do Android) e pouquíssimo espaço para guardar arquivos. Comprar um microSD era praticamente obrigatório.

Ele não é mais o rei do custo-benefício: o Moto G de terceira geração está caro em relação aos seus pares, em partes por causa da crise econômica e pelo fato de que a Motorola ainda está tentando se tornar lucrativa. Mesmo assim, o surgimento do primeiro Moto G foi fundamental para que, atualmente, seja possível ter um bom smartphone mesmo com pouco dinheiro no bolso.

2. Apple iPhone (2007)

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Quando Steve Jobs apresentou o iPhone, em janeiro de 2007, muitos duvidaram que a Apple teria sucesso no mercado de smartphones. Ele não tinha sequer um teclado físico, a câmera de 2 megapixels ficava atrás de aparelhos bem mais acessíveis e o sistema operacional era tão limitado que não permitia nem copiar e colar texto. Quem pagaria 500 dólares para digitar tocando na tela e não poder nem ouvir rádio FM?

Seria impossível o celular de brinquedo da Apple desbancar a poderosa BlackBerry e os elegantes celulares finlandeses com Symbian. Steve Ballmer que o diga. O iPhone era totalmente fechado, não tinha nenhum slot de expansão. Seria muito mais inteligente investir toda essa dinheirama num Pocket PC.

O tempo mostrou que o iPhone não apenas foi um sucesso comercial, como também influenciou toda uma geração de smartphones que viria pela frente. Se o iPhone não tivesse surgido, o desenvolvimento do Android provavelmente continuaria sendo influenciado pelo BlackBerry. E você estaria lendo este artigo na sua tela de 3 polegadas para depois escrever um comentário com seu confortável teclado QWERTY deslizante. Ou sua canetinha stylus.

3. Samsung Galaxy Note (2011)

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Em 2011, muitos acharam absurdo (e até bizarro) o smartphone desengonçado de 5,3 polegadas da Samsung, incluindo este que vos escreve. O Galaxy Note surgiu na época em que os smartphones possuíam telas de 4 polegadas ou menos e algumas fabricantes até apostavam em celulares mais compactos, quando a miniaturização estava a todo vapor. Quem lembra do Sony Ericsson Xperia X10 mini com tela de 2,5 polegadas?

O fato é que o Galaxy Note inaugurou uma nova categoria de smartphones, que hoje não é uma “nova” categoria, é a categoria padrão. Com poucas exceções, como os iPhones e a linha Compact da Sony, não existem mais topos de linha com telas menores que 5 polegadas. Vide Galaxy S6 (5,1 polegadas), G4 (5,5 polegadas) e Moto X Style (5,7 polegadas). Até mesmo a Apple, que tinha o costume de ditar tendências, se rendeu à demanda do mercado, lançando iPhones de 5,5 polegadas.

E olha que, nos idos de 2011, a tela do Galaxy S II parecia bastante exagerada. Ele tinha um display de 4,3 polegadas. Como o mundo muda, não?

4. Nokia 808 PureView (2012)

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Um sensor de câmera tão grande que criou um calombo na traseira do celular. Esse era o Nokia 808 PureView, um Symbian que elevou o nível das câmeras, capturando imagens detalhadíssimas com o sensor de 41 megapixels. Até hoje, essa é a maior resolução que um celular já atingiu, juntamente com o Lumia 1020, com Windows Phone, que possui a mesma resolução, mas traz um sensor ligeiramente menor.

Com flash de xenon e lentes Carl Zeiss de abertura f/2,4, o Nokia 808 PureView era um desastre como smartphone, mas foi um dos primeiros celulares a capturar fotos decentes em situações noturnas. Ele também permitia enxergar com clareza objetos muito distantes do fotógrafo. No modo PureView, que reduzia as fotos para 8 megapixels, praticamente não havia ruído e era possível dar zoom digital sem perda de qualidade, já que a imagem era recortada, não esticada.

O Nokia 808 PureView foi um marco não apenas por ter uma câmera muito acima da média, mas também por ter sido o último celular da história com sistema operacional Symbian. Descanse em paz.

5. BlackBerry Pearl 8100 (2006)

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O BlackBerry Pearl 8100 foi um dos primeiros smartphones da BlackBerry atraentes para o consumidor final. Ele surgiu em 2006, na época em que a empresa estava em franco crescimento e ter um BlackBerry era algo descolado — e sinônimo de prestígio, já que a marca era constantemente atribuída ao público corporativo, especialmente executivos atarefados que podiam ler seus emails em qualquer lugar.

O design icônico da BlackBerry, com duas letras por tecla, nasceu no BlackBerry Pearl 8100. No centro, um vistoso círculo, chamado Trackball, era o método de entrada usado para navegar na interface do BlackBerry OS, que rodava com um processador Intel de 312 MHz e tela de 2,2 polegadas. Foi o primeiro celular da BlackBerry com câmera: ele era capaz de tirar fotos de nada empolgantes 1,3 megapixels.

Como qualquer linha de celulares na década passada, o BlackBerry Pearl ganhou uma série de variantes, como 8110, 8120 e 8130, que eram compatíveis com diferentes tecnologias de rede, na época em que o mundo estava dividido entre GSM e CDMA. O Pearl abriu caminho para o Curve, uma linha que ficou extremamente popular, inclusive no Brasil, devido ao preço acessível em relação aos outros aparelhos da marca.

6. Motorola Rokr E1 (2005)

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Lançado em setembro de 2005, o Rokr E1 foi a primeira tentativa da Apple no mercado de celulares e pode ser considerado o pai do iPhone. Ele tinha como diferencial a integração com a iTunes Music Store. Como a Motorola era uma referência em inovação no mercado de celulares (quem não queria um V3?) e a Apple estava fazendo um sucesso estrondoso com os iPods, fazia todo sentido unir as duas coisas.

Obviamente, o Rokr E1 não deu certo, por uma série de fatores. Uma das limitações é que o celular carregava apenas 100 músicas por vez, e a transferência de arquivos era muito lenta, já que o aparelho não tinha suporte ao USB de alta velocidade. Foi com o Rokr E1 que a Apple percebeu que deveria produzir seu próprio celular, já que outras fabricantes não trabalhariam do jeito que ela queria.

O Rokr E1, na verdade, não era muito mais do que um E398 reestilizado. O E398, diferentemente do celular feito em parceria com a Apple, fez bastante sucesso no Brasil devido às características atraentes, como a tela colorida, uma câmera traseira com flash LED e toques em MP3. Porque ringtone monofônico e polifônico é coisa do passado.

7. Motorola Milestone (2009)

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O Google deve muito à Motorola pelo sucesso do Android. O Milestone chegou em novembro de 2009 e foi um marco para a plataforma: ele foi considerado por muitos o melhor smartphone Android já lançado até aquele momento. O resultado? Um sucesso total: as estimativas apontaram 1,05 milhão de unidades vendidas em 74 dias, mais do que a primeira geração do iPhone.

O Milestone chamava a atenção pelo design sóbrio, boa qualidade de construção e teclado QWERTY deslizante. O hardware, impecável para a época, era formado por um processador de 600 MHz, 256 MB de RAM, 133 MB de armazenamento interno (mas um microSD de 8 GB era incluído na caixa), tela de 3,7 polegadas (480×854 pixels) e câmera traseira de 5 megapixels.

Apesar de ter sido um sucesso de vendas, o Milestone foi um dos primeiros smartphones a marcar negativamente a imagem da Motorola devido ao rápido abandono de software: lançado com Android 2.0 Eclair, ele só recebeu atualizações até o Android 2.2.2 Froyo, em março de 2011. Essa característica da Motorola se estendeu a vários outros smartphones da empresa, que precisou mudar sua estratégia três anos depois, com a linha Moto.

8. Samsung Galaxy S (2010)

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O Galaxy S foi o primeiro flagship Android da Samsung, a maior parceira do Android atualmente. Com mais de 25 milhões de unidades vendidas, ele foi um dos pivôs na interminável briga de patentes entre Apple e Samsung, por ter um design muito semelhante ao dos iPhones, com uma carcaça retangular com cantos arredondados e botão de início no centro (pois é).

O smartphone da Samsung era bastante poderoso, com processador de 1 GHz, 512 MB de RAM e até 16 GB de armazenamento interno. O componente que mais chamava a atenção era a tela de 3,7 polegadas com painel Super AMOLED, capaz de apresentar um nível de preto real e cores muito mais vibrantes em relação aos LCDs usados pelas concorrentes.

O modelo brasileiro era capaz de reproduzir TV digital e custava 2.399 reais, um preço altíssimo para a época. Mesmo assim, ele a primeira alternativa para o iPhone de muita gente.

9. Nokia Lumia 800 (2011)

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A Nokia, que foi a maior fabricante de celulares do mundo na década passada, não estava em seus melhores momentos em 2011. Os finlandeses sofriam com a concorrência do iPhone e dos recém-chegados Androids, que competiam em todas as faixas de preço e roubaram o mercado do Symbian. Foi naquele ano que a Nokia fechou um acordo de exclusividade com a Microsoft para usar Windows Phone em todos os smartphones futuros.

O primeiro filho desse casamento foi o Lumia 800, que parecia ter sido feito às pressas: o design do aparelho era basicamente um N9 com os botões capacitivos do Windows Phone implantados de qualquer jeito na parte inferior do smartphone. Com desempenho fluido, câmera boa e tela que agradava na época, ele não era ruim, pelo menos no hardware. Mas a loja de aplicativos deficiente e o sistema operacional imaturo tornaram o Lumia 800 uma promessa do futuro — que nunca chegou, até porque nenhum Windows Phone 7 foi atualizado para o Windows Phone 8.

O resto da história você conhece: com a exclusividade do Windows Phone, a Nokia cancelou outros projetos (como o MeeGo) e nunca mais conseguiu recuperar sua posição de liderança no mercado.

10. Nokia N95 (2006)

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Mas é claro que a Nokia teve seus bons momentos nos últimos 10 anos (ótimos momentos, inclusive). O celular mais impressionante na era pré-iPhone era o Nokia N95, que era basicamente um canivete suíço, de tanta funcionalidade embutida. O próprio design era diferenciado, por deslizar dos dois lados. Bastava subir a tela para revelar o teclado numérico, ou descê-la para abrir as quatro teclas multimídia.

Robusto, assim como a maioria dos celulares da Nokia, o N95 era tão espesso quanto três iPhones empilhados. A parte traseira lembrava uma câmera compacta — aliás, a câmera de 5 megapixels do poderoso da Nokia ainda é decente mesmo para os padrões atuais. Muitos projetos chineses tentaram imitar o visual chamativo do N95, tamanho o sucesso do formato, que serviu de inspiração para os sucessores N96 e N97.

O Nokia N95 fez tanto sucesso, mas tanto sucesso, que só foi descontinuado pela Nokia em 2010, quatro anos depois. Não se fazem mais celulares como antigamente.

Este post faz parte das comemorações do aniversário de 10 anos do Tecnoblog.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.