IPS LCD, Super AMOLED e mais: quais as diferenças entre as telas de celular?

Comparativo explica o que muda entre IPS LCD, TFT, Super AMOLED, Retina e mais tecnologias utilizadas em telas de smartphones

Paulo Higa Ana Marques
Por e
• Atualizado há 11 meses
IPS LCD ou Super AMOLED? Saiba qual o melhor tipo de tela para celulares (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

IPS LCD e Super AMOLED são algumas das principais tecnologias utilizadas em telas de celulares, mas o melhor tipo pode variar conforme o perfil do usuário. Neste artigo, diferenciamos cada uma delas em quesitos como reprodução de cores, economia de bateria, ângulo de visão e durabilidade.

Entendendo as duas principais tecnologias de tela

Antes de começar, é importante uma explicação básica sobre tecnologias de exibição. Para isso, podemos pensar em dois grandes grupos que funcionam de forma distinta:

  • LCD: os pixels são formados por uma camada de cristais líquidos que bloqueiam ou permitem a passagem de uma luz de fundo (backlight);
  • OLED: os pixels são formados por materiais orgânicos que emitem luz quando uma corrente elétrica é aplicada, permitindo um controle preciso de cada pixel.

Em celulares, podemos encontrar as seguintes características em telas LCD e OLED:

Tipo de telaLCDOLED
Nomes comerciaisIPS, Retina Display, Liquid RetinaAMOLED, Super AMOLED, AMOLED Dinâmico, Super Retina XDR, Optic AMOLED, pOLED
Processos de fabricaçãoTFT a-Si, LTPS, IGZOLTPS, IGZO, LTPO, HOP
IluminaçãoBacklight de LED ou MiniLEDPixels autoemissores de luz
BrilhoMenos brilhanteMais brilhante
ContrasteLimitadoInfinito
Consumo de energiaMenos eficienteMais eficiente
Ângulo de visãoAté 140º (TN) ou 178º (IPS)180º
Tempo de respostaem milissegundosem microssegundos
Burn-inRaríssimoRaro
PreçoMais baratoMais caro

Variações e siglas encontradas em telas LCD e OLED

IPS é um tipo de LCD que oferece melhores ângulos de visão. Isso ocorre porque seus cristais líquidos são alinhados paralelamente à superfície do painel, o que permite a passagem de luz do backlight de maneira mais direta.

TFT não é uma tecnologia de exibição, mas sim uma camada presente na maioria das telas modernas. Nas especificações técnicas de celulares, o termo é geralmente usado para se referir a um LCD com painel TN, de fabricação mais barata.

Já o OLED é frequentemente chamado de AMOLED, Super AMOLED ou AMOLED Dinâmico. OLED e AMOLED são sinônimos no contexto de celulares porque todos têm telas de matriz ativa. O segundo tipo principal de OLED é o PMOLED, com matriz passiva, que não costuma ser usado em displays acima de 3 polegadas.

Outros termos comuns em especificações de telas de celulares incluem:

  • LTPO, que é encontrado principalmente em telas OLED com taxa de atualização variável;
  • LTPS, um processo de fabricação de LCD com maior densidade de pixels;
  • Retina Display, uma marca usada pela Apple em telas LCD ou OLED de alta resolução.

Diferenças entre LCD e AMOLED nos celulares

Economia de bateria

O AMOLED tende a ser mais econômico que o LCD porque é formado por pixels que só consomem energia quando emitem luz. Portanto, o AMOLED gasta menos bateria do celular ao exibir imagens escuras ou totalmente pretas. Essa situação é mais frequente ao ativar o Modo Escuro do Android ou iOS.

A tecnologia LTPO, que permite variar a taxa de atualização de acordo com o conteúdo exibido, melhora ainda mais a eficiência energética do AMOLED. Uma tela de iPhone 12 Pro Max consumiu em média 2,4 watts em um teste padrão da DisplayMate, enquanto o iPhone 13 Pro Max, com LTPO, diminuiu o gasto em 25%, para 1,8 watt.

Reprodução de cores

Tela de celular com baixo volume de cores (à esquerda) vs. tela de celular com alto volume de cores (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Tela de celular com baixo volume de cores (à esquerda) vs. tela de celular com alto volume de cores (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Celulares com tecnologia AMOLED tendem a oferecer maior volume de cores porque podem atingir o preto verdadeiro. No entanto, mesmo o LCD pode ser projetado para reproduzir 100% dos tons do padrão DCI-P3.

Telas AMOLED mais recentes, como AMOLED Dinâmico e Super Retina XDR, suportam tecnologias de HDR como HDR10+ e Dolby Vision, o que melhora a reprodução de cores em vídeos com amplo alcance dinâmico.

Tela Super Retina XDR do iPhone 14 Pro tem suporte ao Dolby Vision (Imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Tela Super Retina XDR do iPhone 14 Pro tem suporte ao Dolby Vision (Imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Vale lembrar que a calibragem da tela interfere na exibição das cores. Geralmente, celulares com telas IPS têm menos saturação e reproduzem cores mais realistas. Já os aparelhos com AMOLED costumam ter perfil mais saturado por padrão, dando a impressão de imagens mais vivas.

Brilho e contraste

Tela de celular com baixo brilho (à esquerda) vs. tela de celular com alto brilho (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Tela de celular com baixo brilho (à esquerda) vs. tela de celular com alto brilho (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Telas AMOLED tendem a ser mais brilhantes que o LCD. O iPhone 11, um dos últimos celulares da Apple com painel IPS, chegava a 625 nits. No iPhone 12, que adotou o OLED, o brilho passou para 1.200 nits. Celulares que quebraram recordes de brilho posteriormente tinham telas AMOLED, caso do Galaxy S22 Ultra (1.750 nits) e Xiaomi 13 (1.900 nits).

Tela de celular com baixo contraste (à esquerda) vs. tela de celular com alto contraste (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Tela de celular com baixo contraste (à esquerda) vs. tela de celular com alto contraste (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Além disso, o AMOLED tem contraste infinito porque consegue exibir o preto verdadeiro ao desligar completamente os pixels. O LCD tem cristais líquidos que bloqueiam a luz de fundo para reproduzir cores escuras, mas esse processo não é perfeito e torna os pretos mais acinzentados, o que resulta em um contraste inferior.

Brilho e contraste são especificações importantes quando o celular é usado em ambientes muito claros. Telas que não atingem altos níveis de brilho ou têm contraste inferior são mais difíceis de serem visualizadas sob a luz do sol.

Ângulo de visão

Tela de celular com baixo ângulo de visão (à esquerda) vs. tela de celular com amplo ângulo de visão (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Tela de celular com baixo ângulo de visão (à esquerda) vs. tela de celular com amplo ângulo de visão (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

AMOLED e IPS LCD têm ângulos de visão equivalentes e não distorcem as cores de maneira significativa mesmo quando a tela do celular é visualizada em uma posição lateral, de até 178 graus.

O IPS melhorou o ângulo de visão das telas LCD ao adotar uma estrutura de matriz de cristal líquido alinhada paralelamente à superfície do painel, que permite a transmissão da luz de maneira mais uniforme. Já os painéis VA LCD e TN LCD têm ângulos de visão inferiores, mas são incomuns em aparelhos novos.

Taxa de atualização

O AMOLED atinge taxas de atualização mais altas do que o LCD.

Celulares premium, como o Galaxy S23 Ultra com tela AMOLED Dinâmico 2X e o iPhone 14 Pro Max com display Super Retina XDR, chegam a 120 Hz. Modelos específicos para gamers, como o Asus ROG Phone 6, possuem telas OLED de até 165 Hz.

A adoção da tecnologia LTPO em telas OLED aumentou a versatilidade desses displays ao permitir taxas de atualização variáveis.

Sendo assim, um celular pode operar em apenas 10 Hz quando estiver exibindo uma imagem estática, e aumentar a taxa de atualização quando exibir games ou conteúdos com muitos movimentos.

Galaxy S23 Ultra tem tela AMOLED Dinâmico 2X (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
Galaxy S23 Ultra tem tela AMOLED Dinâmico 2X (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

Tempo de resposta

Tela de celular com tempo de resposta lento (à esquerda) vs. tela de celular com tempo de resposta rápido (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Tela de celular com tempo de resposta lento (à esquerda) vs. tela de celular com tempo de resposta rápido (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

O AMOLED tem tempo de resposta mais rápido porque os diodos orgânicos emissores de luz são capazes de mudar de cor e desligar mais rapidamente do que os cristais líquidos nas telas IPS LCD.

No entanto, o desempenho da tela em jogos FPS para celulares depende mais da taxa de atualização e da sensibilidade do painel de toque. Isso significa que um painel IPS LCD de 90 Hz tende a oferecer uma experiência melhor que um OLED de 60 Hz, por exemplo.

Durabilidade

Tela de celular com burn-in (à esquerda) vs. tela de celular sem burn-in (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Tela de celular com burn-in (à esquerda) vs. tela de celular sem burn-in (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Uma tela LCD tende a ter vida útil mais longa porque é fabricada com componentes inorgânicos, que não estão sujeitos ao desgaste natural do AMOLED, conhecido como efeito burn-in. O problema pode acontecer quando uma imagem estática é exibida por muito tempo na tela, causando uma marca permanente.

No entanto, o burn-in, apesar de ser uma preocupação em TVs OLED, não chega a ser um ponto negativo em celulares, que são trocados com maior frequência. A vida útil de uma tela OLED em condições normais é estimada em mais de 100 mil horas, ou mais de 10 anos de uso, segundo a LG.

Além disso, tanto LCD quanto AMOLED podem receber tecnologias de proteção como o Gorilla Glass, que aumentam a resistência dos displays contra quedas e arranhões.

Fadiga ocular

AMOLED emite até 70% menos luz azul que o LCD, portanto, tende a causar menos fadiga ocular e prejudicar menos o sono. As telas LCD usam um backlight branco para iluminar os pixels coloridos na frente do display, o que aumenta a exposição à luz azul.

A exposição à luz azul é indesejável porque afeta a produção de melatonina e causa alterações no ritmo circadiano, segundo um artigo de 2015 publicado na Nature. No entanto, as telas mais novas têm recursos como filtro de luz azul e modo noturno para tornar a temperatura de cor mais quente e reduzir esses efeitos negativos.

Telas OLED emitem menos luzes azuis nocivas (Imagem: Divulgação/Samsung)
Telas OLED emitem menos luzes azuis nocivas (Imagem: Divulgação/Samsung)

Preço

LCD é a tecnologia com o menor custo de fabricação, principalmente quando equipa telas mais simples, como aquelas chamadas de “TFT”. Já as telas OLED são mais caras devido à complexidade dos materiais orgânicos usados na construção.

De acordo com a IHS Markit, uma tela AMOLED de 5,8 polegadas do iPhone X, fornecido pela Samsung Display, custava US$ 110 à Apple em 2017. A consultoria afirmou que o display IPS LCD de 5,5 polegadas do iPhone 8 Plus, lançado no mesmo ano, era fornecido por US$ 52,50 pelas empresas Sharp, LG e Japan Display.

Qual é a melhor tecnologia de tela nos celulares?

A qualidade da imagem de uma tela de celular depende mais da faixa de preço do aparelho e menos da tecnologia do painel em si. Isso porque tanto AMOLED quanto IPS LCD podem atingir níveis similares de brilho, reprodução de cores e taxas de atualização.

No entanto, os smartphones mais caros, como os modelos das linhas Samsung Galaxy S, Apple iPhone e Motorola Edge, tendem a ser equipados com painéis AMOLED de alta qualidade. Já os celulares mais acessíveis costumam ter telas LCD e, por estarem posicionados em faixas de preço mais baixas, trazem displays inferiores.

Em geral, telas LCD são mais adequadas em celulares básicos por atingirem níveis de brilho mais altos que um AMOLED da mesma faixa de preço, o que melhora a visualização de imagem em locais externos.

Já o AMOLED é preferido por usuários que desejam cores mais vibrantes, duração de bateria mais prolongada e exibição de conteúdos com movimentos rápidos ou amplo alcance dinâmico.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

Ana Marques

Ana Marques

Gerente de Conteúdo

Ana Marques é jornalista e cobre o universo de eletrônicos de consumo desde 2016. Já participou de eventos nacionais e internacionais da indústria de tecnologia a convite de empresas como Samsung, Motorola, LG e Xiaomi. Analisou celulares, tablets, fones de ouvido, notebooks e wearables, entre outros dispositivos. Ana entrou no Tecnoblog em 2020, como repórter, foi editora-assistente de Notícias e, em 2022, passou a integrar o time de estratégia do site, como Gerente de Conteúdo. Escreveu a coluna "Vida Digital" no site da revista Seleções (Reader's Digest). Trabalhou no TechTudo e no hub de conteúdo do Zoom/Buscapé.

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