O que é o LTPS presente em telas de celulares, tablets e mais eletrônicos?

A tecnologia LTPS pode ser associada a telas LCD ou AMOLED; saiba como ela funciona e suas principais vantagens

Paulo Higa Ana Marques
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• Atualizado há 1 ano e 2 meses

LTPS (Polissilício de baixa temperatura) é uma tecnologia usada em telas de celulares, tablets, monitores e notebooks para entregar imagens com alta resolução e taxas de atualização mais rápidas. Ela pode ser aplicada a displays LCD ou OLED de matriz ativa.

Histórico e aplicações

A tecnologia LTPS foi desenvolvida na década de 1980, quando cientistas experimentaram cristalizar um material chamado silício amorfo (a-Si) em temperaturas menores. Nos anos 90, a técnica passou a ser usada em transistores de película fina (TFTs) de telas LCD para eletrônicos portáteis, como câmeras digitais da Sony.

A popularização do LTPS em telas foi mais acentuada na década de 2010, com o uso em painéis de alta densidade de pixels em celulares de marcas como Samsung, Apple e LG. Atualmente, a tecnologia vem perdendo espaço para o LTPO (óxido policristalino de baixa temperatura), uma evolução do LTPS que gasta menos energia e permite taxas de atualização variáveis.

Como funciona uma tela com LTPS

O LTPS é um tipo de TFT e sua função é controlar individualmente os pixels do display, atuando como um interruptor que ajusta o fluxo de corrente elétrica em cada pixel.

Em uma tela LCD com padrão RGB, o LTPS permite que mais ou menos luz do backlight passe por cada subpixel vermelho, verde ou azul. A mistura desses três subpixels forma um pixel colorido, e a combinação dos pixels cria uma imagem.

Estrutura básica de uma tela LCD (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Estrutura básica de uma tela LCD (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

O principal avanço do LTPS é a alta mobilidade dos elétrons, que viajam a uma velocidade mais de 100 vezes mais rápida que no a-Si, segundo a LG Display. Isso permite que o LTPS funcione em telas Super AMOLED, por exemplo, que demandam uma corrente elétrica que o a-Si não conseguia atender.

Comparativo de mobilidade dos elétrons no a-Si e no LTPS (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Comparativo de mobilidade dos elétrons no a-Si e no LTPS (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Por isso, o LTPS foi essencial para o surgimento das telas de alta qualidade em dispositivos portáteis, como a Retina Display, da Apple, que contava com uma densidade de pixels de 326 ppi em 2010, quando foi lançada no iPhone 4.

Vantagens e desvantagens do LTPS

Displays que utilizam LTPS podem apresentar algumas vantagens e desvantagens em relação a outros tipos de TFT, como a-Si e LTPO. Você pode esperar:

  • Boa eficiência energética: o LTPS possui maior mobilidade de elétrons em relação ao a-Si, o que resulta em menor consumo de energia e aumenta a duração de bateria de dispositivos móveis;
  • Maior densidade de pixels: a tecnologia LTPS permite a fabricação de transistores menores e mais densos, o que resulta em maior densidade de pixels e melhor resolução de imagem;
  • Taxa de atualização maiores: telas LTPS podem suportar taxas de atualização muito altas, o que as tornam mais adequadas que o a-Si para celulares gamers;
  • Alto custo de fabricação: é mais caro produzir uma tela LTPS devido aos processos de fabricação mais complexos baseados em laser, que não eram usados no a-Si;
  • Escala limitada: o LTPS tem produção menos eficiente em tamanhos grandes, por isso, tende a ser restrito a dispositivos portáteis;
  • Fuga de corrente: o LTPS sofre mais com vazamento de corrente elétrica, o que o torna menos eficiente que tecnologias mais novas, como o LTPO.

Principais comparações

LTPS LCD vs AMOLED

Telas LTPS LCD tendem a ser mais baratas e durar mais que o AMOLED. No entanto, não alcançam o preto verdadeiro dos displays orgânicos e podem gastar mais bateria. Nosso comparativo entre LCD, AMOLED e mais tipos de tela de celulares detalha características como brilho, cores e tempo de resposta.

LTPS vs IPS LCD

LTPS é um tipo de TFT, enquanto IPS é um tipo de painel usado em telas LCD que alinha o cristal líquido paralelamente à superfície. Portanto, as duas tecnologias podem coexistir na mesma tela.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

Ana Marques

Ana Marques

Gerente de Conteúdo

Ana Marques é jornalista e cobre o universo de eletrônicos de consumo desde 2016. Já participou de eventos nacionais e internacionais da indústria de tecnologia a convite de empresas como Samsung, Motorola, LG e Xiaomi. Analisou celulares, tablets, fones de ouvido, notebooks e wearables, entre outros dispositivos. Ana entrou no Tecnoblog em 2020, como repórter, foi editora-assistente de Notícias e, em 2022, passou a integrar o time de estratégia do site, como Gerente de Conteúdo. Escreveu a coluna "Vida Digital" no site da revista Seleções (Reader's Digest). Trabalhou no TechTudo e no hub de conteúdo do Zoom/Buscapé.