O que é QD-OLED? Entenda a tecnologia de telas para TVs e monitores

Tecnologia fabricada pela Samsung Display une os benefícios dos quantum dots ao universo de telas OLED; conheça as vantagens e desvantagens

Paulo Higa Ana Marques
Por e
• Atualizado há 1 ano e 4 meses
TV 4K Samsung S95C com tecnologia QD-OLED (Imagem: Divulgação/Samsung)

QD-OLED (Quantum Dot Organic Light Emitting Diode) é uma tecnologia baseada em diodos de luz orgânicos e pontos quânticos usada em TVs e monitores. Sua aplicação em telas gera imagens com alto brilho e contraste, que combinam o preto verdadeiro dos painéis OLED com as cores vibrantes e precisas do QLED.

Histórico e aplicações

A Samsung Display é a única fabricante de telas QD-OLED. A empresa anunciou a tecnologia em 2019 e prometeu investir US$ 11 bilhões em pesquisa e desenvolvimento até 2025.

A primeira empresa a comercializar globalmente uma TV QD-OLED foi a Sony, com o modelo Bravia XR A95K, em 2022. No mesmo ano, outras empresas lançaram dispositivos com essa tecnologia, como a própria Samsung, com a TV S95C, e a Dell, com o monitor curvo Alienware AW3423DW.

Como funciona o QD-OLED?

A tecnologia de tela QD-OLED é estruturada com cinco camadas principais, da base até o topo:

  1. substrato de vidro interno;
  2. camada de transístor de película fina (TFT);
  3. camada emissora de luz azul (OLED);
  4. camada de pontos quânticos (QD);
  5. substrato de vidro externo.
Estrutura básica de uma tela QD-OLED (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Estrutura básica de uma tela QD-OLED (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Os substratos de vidro são superfícies planas que funcionam como base para as camadas de energia elétrica e luz. Essas camadas trabalham juntas para produzir uma imagem através de um processo conhecido como emissão eletroluminescente.

No processo de eletroluminescência das telas QD-OLED, quando uma corrente elétrica é aplicada na camada TFT, os elétrons fluem para a camada OLED, que emite apenas a luz azul. Depois, os elétrons são transferidos para a camada de pontos quânticos, formada por pequenos cristais semicondutores que absorvem a luz azul e a complementam com as cores vermelha e verde.

O resultado é uma tela formada por subpixels vermelhos, verdes e azuis (padrão RGB), que compõem um pixel colorido completo. Os pixels podem ser combinados em diferentes formatos e quantidades. Por exemplo, uma TV QD-OLED com resolução 4K é composta por 8.294.400 pixels (3840×2160 pixels) em um retângulo com proporção 16:9.

Vantagens

  • Maior intensidade de brilho: com a camada de pontos quânticos em vez de um filtro de cores presente no OLED tradicional, telas QD-OLED podem converter luz azul em luz colorida com maior eficiência, aumentando o brilho;
  • Menor consumo de energia: como a eficiência da conversão de luz azul em luz colorida é maior, uma tela QD-OLED pode consumir menos energia ao exibir imagens mais brilhantes, como nos filmes com HDR;
  • Excelente ângulo de visão: os pontos quânticos têm como característica a emissão de luz uniforme em todas as direções, o que aumenta o ângulo de visão;
  • Alto nível de contraste: o preto verdadeiro das telas OLED também está presente no QD-OLED, o que possibilita níveis de contraste de até 1.000.000:1, contra até 100.000:1 de telas LCD;
  • Menor tempo de resposta: enquanto o LCD precisa de tempo adicional para mover o cristal líquido no painel, as telas QD-OLED são compostas por pixels autoemissores de luz, o que diminui o tempo de resposta e melhora a experiência em imagens com movimentos rápidos, como nos games;
  • Melhor precisão de cores: uma tela QD-OLED é capaz de exibir pelo menos 80% do volume de cores do padrão BT.2020, contra menos de 60% de um painel convencional. Isso é possível com uma fonte de luz azul mais pura na camada OLED e uma calibração de cores mais precisa na camada de pontos quânticos.

Desvantagens

  • Risco de burn-in: o QD-OLED importa um dos problemas de telas OLED, o maior risco de burn-in em relação a painéis LCD. Isso pode ocorrer sob exposição prolongada de imagens estáticas, que desgastam o display;
  • Custo de fabricação mais alto: a produção dos cristais semicondutores (pontos quânticos) é cara, o que torna a fabricação de telas QD-OLED mais complexa que painéis LCD;
  • Disponibilidade limitada: até 2023, telas QD-OLED eram fornecidas por uma única empresa e equipavam TVs e monitores de poucas marcas. Essa característica de tecnologia em estágio inicial de desenvolvimento também contribui para o aumento de preços.

Conservação e transporte

Qual é a vida útil de uma tela QD-OLED?

De acordo com um estudo publicado em 2019 por cientistas da Samsung, uma tela QD-OLED pode durar até 1 milhão de horas, graças à maior eficiência da conversão da luz azul da camada OLED. Esse número é significativamente maior que as 100 mil horas de vida útil estimadas pela LG para uma TV OLED.

Como limpar uma tela QD-OLED?

Faça movimentos circulares utilizando um pano macio umedecido com água. Para limpar uma tela de TV ou monitor QD-OLED, o equipamento deve estar desligado.

Como transportar uma TV ou monitor QD-OLED?

Desconecte todos os cabos e, se possível, use a embalagem original com isopores e/ou plásticos bolha para transportar uma TV ou monitor. Caso você não tenha mais a embalagem original, coloque o equipamento em uma caixa de papelão com material de proteção adequado.

Tecnologias similares

Nosso comparativo mostra, em detalhes, as diferenças entre as tecnologias derivadas do LCD e do OLED, incluindo QLED, NanoCell e o próprio QD-OLED.

Abaixo, você confere um resumo das principais rivais do QD-OLED:

QD-OLED vs QLED

Tanto QD-OLED quanto QLED usam pontos quânticos para exibir cores mais precisas que telas LCD convencionais. No entanto, o QLED ainda depende de uma camada de cristal líquido para formar imagens, enquanto o QD-OLED se baseia na tecnologia de diodos orgânicos do OLED.

A principal vantagem do QD-OLED sobre o QLED é a exibição de pretos profundos, já que não há necessidade de luzes de fundo (backlight). Sua desvantagem, assim como em qualquer tecnologia baseada em OLED, é a vida útil limitada pelo efeito burn-in.

QD-OLED vs MicroLED

O QD-OLED tem uma camada OLED para emitir luz azul e uma camada de nanopartículas semicondutoras para exibir as cores verde e vermelha. Já o MicroLED tem milhões de LEDs microscópicos que funcionam como pixels RGB individuais. A principal vantagem do QD-OLED em relação ao MicroLED é o custo de fabricação mais baixo, enquanto sua desvantagem é a menor durabilidade.

QD-OLED vs QNED (Quantum Dot Nanorod LED)

O QNED (Quantum Dot Nanorod LED) é uma tecnologia da Samsung Display mais avançada que o QD-OLED. Baseia-se em nanobastões semicondutores inorgânicos para produzir luz. Por não ter materiais orgânicos como o QD-OLED, o QNED não é suscetível ao burn-in e pode ter vida útil mais longa. Não confundir com o LG QNED, que é uma marca de TVs da LG baseada em LCD.

Relacionados

Escrito por

Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

Ana Marques

Ana Marques

Gerente de Conteúdo

Ana Marques é jornalista e cobre o universo de eletrônicos de consumo desde 2016. Já participou de eventos nacionais e internacionais da indústria de tecnologia a convite de empresas como Samsung, Motorola, LG e Xiaomi. Analisou celulares, tablets, fones de ouvido, notebooks e wearables, entre outros dispositivos. Ana entrou no Tecnoblog em 2020, como repórter, foi editora-assistente de Notícias e, em 2022, passou a integrar o time de estratégia do site, como Gerente de Conteúdo. Escreveu a coluna "Vida Digital" no site da revista Seleções (Reader's Digest). Trabalhou no TechTudo e no hub de conteúdo do Zoom/Buscapé.

Temas populares