Tecnologias que mudaram o mundo nos últimos 10 anos
Redes sociais, popularização dos smartphones, conexões mais rápidas e televisão para quem não assiste TV.
O que aconteceu nos últimos 10 anos na tecnologia, em comemoração aos 10 anos de Tecnoblog.
Como vocês sabem, o Tecnoblog está prestes a completar 10 anos de existência! Yay! Imaginem aqui uma celebração, trompetas e palmas e zás (menos fogos, por causa dos cães e gatos)! Sim, no dia 28 de dezembro, o site completa uma década de vida nessa internet maravilhosa, entretendo e informando a todos nós, apaixonados por tecnologia e cultura pop.
Para dar início às festividades, apresento a vocês o veículo que vai nos levar nessa jornada. Trata-se da Ocarina-leap DeLorean Time-Turner Sphere / Tardis Box, que vamos chamar carinhosamente de OldTimes/TB.
Sentem-se confortavelmente, apertem os cintos e vamos lá.
Twitter, Orkut, Facebook, exposição pessoal e revoluções sociais
Não existe outra forma de começar essa lista senão pela criação das maiores ou mais utilizadas redes sociais de hoje em dia. Mas vamos voltar um pouco mais no tempo para contextualizar: em 2003 era lançado oficialmente o Myspace, uma rede social na qual os usuários podiam se conectar a amigos, criar perfis pessoais com textos, fotos, música, vídeo e participar de grupos de discussão sobre os mais variados assuntos. Era um sucesso.
Os usuários poderiam manter contato virtual com pessoas do outro lado do país, saber detalhes uns dos outros, passar horas conversando sobre trivialidades ou temas complexos, jogar games de realidade alternativa e ter tipos de interação completamente diferentes e impossíveis até então.
Em 2005, uma outra plataforma, nascida das mãos de Mark Zuckerberg, Andrew McCollum e do bolso do brasileiro Eduardo Saverin, veio ao mundo. Era o Facebook, diretamente dos dormitórios de Harvard, onde o software já se popularizava há um ano.
Ainda assim, em 2006, ano de fundação do Twitter, o Myspace chegou a ter mais visitas que o Google nos Estados Unidos. No Brasil, a rede mais popular era o Orkut. Popular a ponto do Google migrar todas as operações da plataforma para o nosso país em 2008. Mesmo ano que o Facebook assumiu a ponta da corrida e se estabeleceu como a rede social mais utilizada no mundo.
Mas o Myspace se dissolveu, foi comprado por um grupo (que inclui o cantor Justin Timberlake como um dos investidores) em 2011 e hoje conta com apenas 200 funcionários. Curiosamente a empresa ainda sobrevive. Já o Orkut, palco de todo um fenômeno que moldou a maneira como enxergamos a internet, berço dos famosos scraps e depoimentos, não existe mais desde outubro de 2014.
De lá para cá, o Facebook ganhou jogos (como o Farmville e derivados), mudou completamente seu algoritmo de controle dos posts, passou a ter uma linha do tempo atemporal (por mais bizarro que isso possa parecer), na qual o conteúdo passou a perder um pouco de sua relevância, infelizmente.
Hoje é uma rede social com fotos, interações entre familiares, filtros de postagens para determinados grupos sociais e compartilhamento de notícias antigas. Para uma experiência melhor do ponto de vista de quem produz conteúdo, favor usar posts com boost, que são pagos. Pessoalmente, sou do time de quem fala mal, mas não vive sem. Sim, sei reconhecer suas qualidades e seus defeitos.
Já o Twitter chegou para revolucionar. A rede ainda tem uma linha do tempo em ordem cronológica (e, por favor, mantenham isso assim), é popular no mundo todo e, por causa de seu apelo social, foi uma ferramenta fundamental em protestos que levaram à queda de ditadores e governos em Moldávia, Irã, Tunísia, Egito e Ucrânia.
Esses movimentos, que incluem a Revolta do Vinagre e os protestos de 2013, ficaram conhecidos como a Revolução do Twitter. Para quem pode ler em inglês, vale a dica sobre o texto Social Media as a Tool for Protest. É um pouco longo, mas explica com detalhes como a conveniência dos aplicativos ajudaram os manifestantes a se organizar e tomar as ruas para lutar por mudanças.
Além desses tópicos mais sérios, o Twitter se tornou uma excelente plataforma de segunda tela, permitindo acompanhar e interagir em tempo real com eventos esportivos ou televisivos. Gostaria de utilizar o espaço para agradecer cada uma das piadas do 7×1, pois elas me ajudaram a superar essa vergonha e tornaram a Copa do Mundo um evento muito mais interessante. Isso, antes das redes sociais, era impossível de acontecer. Parabéns aos envolvidos.
Smartphones
Para que essa revolução das redes sociais acontecesse, foi preciso que outra inovação mudasse o curso da história. Em meados de 2007 a gente vivia num mundo muito diferente do atual. Fabricantes de celulares tinham como meta entregar produtos cada vez menores, com mais recursos embarcados. E tinha que rodar Java, por causa dos games.
Nomes como Symbian, Windows Mobile e BlackBerry dominavam o mercado. Se você viveu essa época e nunca teve um Motorola V3, um Nokia N95 ou N8, nem um Samsung com Windows e teclado físico, você provavelmente sonhava em ter um. Eu sonhava, fui conseguindo comprar aos poucos, conforme eles eram lançados. A gente já conseguia postar um tweet através de SMS (sim, por isso o limite dos 140 caracteres) ou pela interface web que não tinha nada de responsiva. Usabilidade mandou lembranças.
Eis que Steve Jobs sobe ao palco no Moscone Center, em São Francisco, e diz:
Hoje a Apple vai reinventar o telefone.
Essa era uma época que a Apple de fato reinventava as coisas e ditava as principais mudanças de paradigma na tecnologia e no design. Bons tempos. Por esse motivo, não se tratava de um blefe. A Apple me apareceu com um aparelho com tela sensível ao toque, mas que não era como os Palms e handhelds, era uma revolução em forma de aparelho.
Para quem nunca assistiu o lançamento do iPhone, fasfavor de assistir:
O cara sabia vender o peixe dele, fala a verdade?!
Assim como aconteceu com os computadores pessoais, esse novo produto mudou completamente o mercado de celulares. Era possível acessar a internet, utilizar aplicativos que seriam úteis diariamente, ler emails, consumir música e vídeo de qualidade e ter armazenamento de dados muito maior, numa tela muito maior. Sem a necessidade de teclado físico.
O iPhone de primeira geração tinha seus problemas, alguns bugs, não rodava dois apps ao mesmo tempo, mas foi o produto que abriu o mercado que conhecemos hoje.
De lá para cá, vimos o Google apresentar o Android em novas e novas versões que agradam e muito novos compradores (e deixa usuários das versões anteriores esperando uma atualização por muito mais tempo do que deveriam). O robozinho se espalhou como vír… com grande furor por dispositivos de vários fabricantes. Parceiros como LG, Motorola, Samsung e Sony oferecem ao mercado toda uma gama de smartphones com Android.
Eu brinco com essa coisa de vírus, mas hoje em dia podemos dizer que o Android é um sistema operacional seguro, desde que a pessoa não tente instalar alguma coisa de fora da loja oficial. Qualquer coisa fora desse preceito, não é mais um problema do sistema operacional.
Também vimos a toda poderosa Nokia perder sua hegemonia. Ainda assim, acompanhamos a Microsoft apostar suas fichas (que valiam, no montante, R$ 11,7 bilhões) para tentar alavancar as vendas do Windows Phone ao adquirir a divisão de serviços da companhia finlandesa. Particularmente eu adoro os Lumias mais recentes que nasceram desse casamento, principalmente suas câmeras.
Quero muito um Display Dock em casa funcionando com o Windows 10 e o Continuum, mas infelizmente os produtos anteriores nunca conseguiram abocanhar uma fatia de mercado semelhante a do iOS e Android. Espero que as coisas mudem no futuro.
Mas para resumir este tópico, viemos de um mundo onde utilizávamos telefones para falar e mandar mensagens de texto e hoje a única coisa que ouve minha voz é a Siri, ou a Cortana ou o Google Now. Sim, falamos com o telefone no lugar de falar ao telefone.
Temos a internet na ponta dos dedos, com respostas para praticamente qualquer pergunta por meio do Google em buscas que acontecem cada vez mais rapidamente. Há quem diga que isso acabou com interações sociais e que talvez os smartphones sejam a causa de muitos males atuais. Para essas pessoas, eu peço para que não vilanizem a tecnologia. O problema são as pessoas que utilizam essa tecnologia de forma errada.
A configuração de hardware dos celulares avançou de uma maneira absurda. Os smartphones atuais possuem um poder de processamento gigante se comparado mesmo com computadores de 10 anos atrás. Podemos rodar games com gráficos excelentes além de vários aplicativos simultaneamente, o que trouxe uma praticidade sem precedentes à nossa vida.
Curiosidade: diferente do que acontecia em 2005, temos aparelhos cada vez maiores hoje em dia.
Banda larga e redes de telefonia cada vez mais velozes
Quando o Tecnoblog nasceu, este sapo que vos escreve era apenas um girino. Ok, eu já tinha lá meus 20 e poucos anos, e utilizava a internet todos os dias. Só que banda larga era um conceito futurista, caro e ao qual poucas pessoas tinham acesso. Em casa eu ficava acordado até a meia-noite para realizar uma conexão discada de um pulso só. Sim, a gente precisava de um sinal de telefone normal, com um fio plugado a um modem (externo ou interno) e o intermédio de um provedor de internet.
Algo mais ou menos assim:
Conforme o tempo foi passando, as empresas de telefonia do Brasil foram expandindo sua infraestrutura nas grandes cidades e passaram a oferecer planos de banda larga com internet de alta velocidade com preços acessíveis. Uma música no formato MP3, cujo download demorava vários minutos para terminar, passou a ser baixada em apenas alguns segundos. Era um milagre! Bruxaria!
Um fenômeno semelhante foi acontecendo com a internet móvel. Dos antigos planos com acesso através de WAP, fomos gradativamente migrando para o 3G, oferecido no Brasil pela Vivo em 2004 com uma cobertura bem restrita. Depois a Claro e a Telemig Celular lançaram suas redes 3G UMTS/HSDPA na frequência de 850 MHz. Em dezembro de 2007 foi realizado um leilão das faixas de frequências no Brasil, e assim Vivo, Claro e TIM obtiveram uma cobertura nacional.
Apesar de algumas empresas já oferecerem conexões 4G desde 2012, ainda estamos num período intermediário da expansão da rede. Um dos desafios aqui é que o nosso 4G opera numa frequência de 2.600 MHz, que tem um alcance até quatro vezes menor que o padrão de 700 MHz utilizado pelos Estados Unidos, por exemplo. Existe todo um custo para aumentar essa cobertura. Esse panorama pode mudar em 2018 quando se encerra o período de desligamento da operação de TV aberta nas faixas de 700 MHz (ou pelo menos é o que prometem). Vamos aguardar.
Muita coisa precisa melhorar, é verdade, mas é maravilhoso perceber como evoluímos de 2005 para cá. Nossos aparelhos de celular podem ficar online o tempo todo. Nossos GPS nos indicam não só o trajeto, mas também como evitar o trânsito em uma cooperação entre usuários das mesmas ferramentas, em tempo real.
Podemos ouvir músicas que estão sendo transmitidas remotamente sem problemas aparentes e fazer streaming de vídeos com alta definição. O que nos leva para o próximo tópico!
Serviços de áudio, vídeo, games e entretenimento online
Uma das melhores coisas dos últimos dez anos foi a chegada de formas diferente de se consumir conteúdo. Como vimos acima, temos computadores e smartphones mais rápidos, com uma internet cada vez mais rápida, o que nos trouxe até uma realidade em que podemos assistir filmes e seriados, jogar e ouvir música praticamente em qualquer lugar, a qualquer momento.
Quer dizer, não vai me ouvir Ratos de Porão na casa da sua avó as duas da manhã. A não ser que ela esteja acordada te pedindo pra colocar um Ratos de Porão pra tocar, a gente nunca sabe.
Mas temos hoje produtos como o Netflix, o Hulu, música no Pandora, Google Play Music e Spotify, jogos na PlayStation Network, Xbox Live e a Nintendo… bom, a Nintendo lançou o Mario Maker que é divertido e legal de jogar com pessoas na sua sala.
Mas sem sacanagem, universos inteiros agora acontecem em servidores remotos, com bilhões de dados transitando todos os dias em universos virtuais e ambientes com milhões de jogadores ao mesmo tempo e toda uma nova forma de economia com o comércio de itens virtuais em cada uma destas realidades.
A gente pode assistir a filmes inteiros, a seriados inteiros, em streaming de alta definição, ouvir rádios online, conhecer músicas de bandas novas ou que a gente nunca tinha ouvido falar, por meio da internet, instantaneamente. Isso sem contar a possibilidade de reproduzir esse conteúdo num smartphone, na tela do computador, num tablet ou até mesmo na televisão, com a ajuda de um Apple TV ou Chromecast.
TV para quem não assiste TV
Parece contraditório o título deste tópico, mas esses produtos foram se moldando com o passar dos últimos anos. Viemos de TVs de tubo para aparelhos com telas cada vez mais planas, de espessura inversamente proporcional à qualidade das imagens. Empresas foram aprimorando tecnologias de LCD, de Plasma e LED.
O diferencial que mais se destaca é que televisores foram ganhando recursos de inteligência e expansão de seu potencial de entretenimento. Além das muitas portas HDMI, as TVs hoje em dia possuem softwares que nos levam para longe do conceito trivial de televisão, com programação de canais abertos.
Rumamos todos os dias na direção de programação online sob demanda. Você assiste ao seu programa, da forma que você quiser, a hora que você quiser. Salvo transmissões de eventos ao vivo ou de grande apelo popular (como novos episódios de Game of Thrones ou o último capítulo da novela das nove), é cada vez menos comum se colocar à frente da TV para acompanhar uma obra, seriado, filme ou qualquer outra coisa que o valha.
Não sei vocês, mas aqui em casa a TV é usada para jogar videogames, assistir vídeos do YouTube e Netflix. Eventualmente a gente liga a TV a cabo para assistir um jogo de futebol ou um jornal que exibe a tragédia do dia. Como isso funciona em vossos lares?
Vamos voltar para 2015… Sissigura!
Eu quero fazer uma menção honrosa aqui a todas as tecnologias que nos permitiram chegar a 2015 com filmes cada vez melhores, equipamentos de vídeo e fotos que evoluem todos os dias, animações com gráficos assustadoramente lindos, carros que se guiam sozinhos e aprendem melhores trajetos, sistemas inteiros de inteligência artificial que aprendem a nos oferecer serviços personalizados e eficientes, tecnologias de energia sustentável/renovável, baterias melhores, painéias solares, gadgets vestíveis, além de toda uma série de pequenas modificações ao nosso redor que, por mais insignificantes que pareçam, fazem da nossa vida algo muito mais confortável e seguro.
Eu falaria aqui do Tinder e da nova cultura de relacionamentos que vão nascer disso, mas comecei a namorar bem antes dessa época, não tenho qualquer conhecimento de causa para poder opinar a respeito.
De qualquer forma, é maravilhoso perceber que o futuro com certeza nos reserva evoluções semelhantes, tão ou mais importantes do que as que tivemos na última década.
No mais, só há uma coisa a dizer: eu adoro viver no futuro.
E para vocês? Além destas mudanças que eu citei, quais tecnologias revolucionaram o mundo nos últimos 10 anos?
Este post faz parte das comemorações do aniversário de 10 anos do Tecnoblog.
Matheus Gonçalves é formado em Ciências da Computação pelo Centro Universitário FEI. Com mais de 20 anos de experiência em tecnologia e especialização em usabilidade e game development, atuou no Tecnoblog entre 2015 e 2017 abordando assuntos relacionados à sua área. Passou por empresas como Itaú, Bradesco, Amazon Web Services e Salesforce. É criador da Start Game App e podcaster do Toad Cast.