Bitcoin: governo da China manda cortar energia em 26 centros de mineração

Governo da província de Sichuan, na China, vai suspender fornecimento de energia para 26 instalações que mineram bitcoin (BTC)

Bruno Ignacio
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• Atualizado há 2 anos
Mineração de bitcoin (Marco Verch/Flickr)
Mineração de bitcoin (Marco Verch/Flickr)

A província chinesa de Sichuan, uma das principais áreas de mineração de criptomoedas no país devido à sua energia hidroelétrica abundante, emitiu uma ordem para suspender o fornecimento de eletricidade para 26 instalações locais dedicadas à extração de bitcoin (BTC) nesta sexta-feira (18). A medida está alinhada com o plano de Pequim de reduzir o gasto energético com a atividade para cumprir com suas metas climáticas.

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A ordem foi registrada em um documento emitido pelo Escritório de Energia da província em conjunto com a Comissão de Desenvolvimento e Reforma de Sichuan. A decisão impõe que os geradores e distribuidores de energia na região devem suspender o fornecimento de eletricidade para 26 importantes e conhecidos locais de mineração de bitcoin.

O documento está circulando no WeChat e vem repercutindo na mídia local. As agências governamentais definiram um plano de duas etapas para inibir as atividades de mineradores na região. O problema foi identificado durante uma reunião do Conselho de Estado da China no mês passado, o que incentivou Sichuan a agir.

Ambas as medidas terão impacto direto sobre 26 grandes instalações de mineração da criptomoeda que buscaram trabalhar em conjunto com o governo e se instalaram em zonas industriais específicas sob um programa subsidiado, consumindo energia da estrutura pública.

Porém, o plano em sua totalidade também deverá inibir parcialmente as atividades de mineradores menores, que consomem eletricidade de fornecedores privados, ainda que o Estado chinês seja incapaz de fechar todos esses centros de mineração.

Mineradores de programa estatal serão suspensos

Em seu plano de duas etapas, a primeira medida tomada pelo Escritório de Energia e pela Comissão de Desenvolvimento e Reforma de Sichuan exige que os geradores e distribuidores de energia estatais cortem o fornecimento de eletricidade proveniente das usinas hidroelétricas locais para as 26 instalações de mineração de bitcoin listadas. A ordem deverá ser cumprida até domingo, 20 de junho.

O Escritório de Energia de Sichuan convocou uma reunião com todas as entidades estatais fornecedores de energia no início deste mês. Seu objetivo foi identificar quantas e quais as instalações  estavam minerando bitcoin como atividade principal ou parcial enquanto listadas em um programa de incentivo governamental ao uso da hidroeletricidade. Também foram avaliados os impactos que esses mineradores estavam causando no consumo de energia da região e na economia local.

O resultado foi a listagem de 26 instalações que estavam realizando a atividade enquanto participavam do programa de “Demonstração Industrial de Consumo de Hidroeletricidade de Sichuan”, implementado em zonas que contam com subsídios governamentais. Esses parques voltados para fábricas foram criados pelas autoridades locais em uma tentativa de atrair indústrias que demandam muita eletricidade para a região que fornece energia limpa, reduzindo a demanda das usinas de carvão em outras províncias.

Além disso, Sichuan, que é alimentada quase que unicamente pela hidroeletricidade, acaba produzindo energia em excesso durante épocas chuvosas. Assim, mineradores de bitcoin viram uma oportunidade para se instalarem na região enquanto estava oferecendo eletricidade barata.

Em acordos com o governo, esses mineradores passaram por um processo mais meticuloso de inscrição e pagaram taxas adicionais às entidades estatais de Sichuan. Porém, justamente por terem sido identificados durante esse registro no programa de incentivo, eles acabaram se tornaram as primeiras vítimas do novo plano das autoridades chinesas.

Sichuan quer inibir mineradores da rede privada

Ainda há um número significativo de instalações de mineração de bitcoin que não foram identificadas pelo governo regional de Sichuan e que consomem energia da rede privada. O “modelo de fornecimento direto” é uma prática comum em acordos entre mineradores e usinas de eletricidades, na qual a geradora fecha um contrato para alimentar as máquinas de extração da criptomoeda diretamente, ignorando a rede estatal como intermediária. Assim, fica mais difícil para o governo identificar os mineradores.

Dito isso, parte do plano das agências estatais de Sichuan é tentar resolver esse problema. A segunda medida implementada pela ordem emitida hoje é que todas as entidades estatais que participam do processo de fornecimento de energia elétrica devem relatar possíveis centros de mineração de bitcoin que trabalham com fornecedores privados.

Além disso, os órgãos devem expandir sua capacidade de inspeção na rede pública e cortar imediatamente o suprimento de energia se for identificado que uma instalação está minerando a criptomoeda. Os resultados dessa etapa deverão ser apresentados até 25 de junho para posterior avaliação.

Parte do motivo pelo qual o governo de Sichuan criou o parque de incentivo ao consumo de hidroeletricidade foi para lutar contra esses acordos privados de energia entre usinas menores e locais de mineração de bitcoin. Espera-se que essa nova investida do governo chinês contra mineradores da criptomoeda impacte a taxa de hash global, mas não foi observada nenhuma alteração significativa até o momento desta publicação.

Com informações: The Block

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Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.

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