EUA vira o maior polo de mineração de bitcoin após restrições da China

Novos dados revelam que EUA já respondem pelo maior percentual da taxa de hash global na mineração de bitcoin (BTC); China aparece com 0% de participação

Bruno Ignacio
• Atualizado há 2 anos e 10 meses

Os Estados Unidos tomaram a posição da China e se oficializaram como o mais novo polo de mineradores de bitcoin (BTC) do mundo. Dados divulgados nesta quarta-feira (13) pelo Centro de Finanças Alternativas da Universidade de Cambridge demonstram que o país já é responsável pela maior parte da taxa de hash global na mineração da criptomoeda.

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Mineração de bitcoin (Marco Verch/Flickr)
Mineração de bitcoin (Marco Verch/Flickr)

Os novos dados revelaram que Pequim realmente conseguiu expulsar a maior parte dos mineradores de bitcoin do país com o crescimento das proibições sobre o mercado de criptomoedas. Assim, com uma política completamente oposta, os Estados Unidos foram bem sucedidos em atrair essas empresas com a oferta de eletricidade barata e subsídios.

EUA já é responsável por 35,4% da mineração de bitcoin

Conforme divulgado pelo mapa de mineração de bitcoin do Centro de Finanças Alternativas da Universidade de Cambridge, os dados mais recentes (referentes à julho de 2021) simplesmente contabilizaram a participação chinesa na taxa de hash global como nula. Enquanto isso, os Estados Unidos dobraram seu percentual.

Em setembro de 2019, a China dominava a mineração da criptomoedas, sendo responsável por 75% da taxa de hash global, o maior percentual já registrado. No entanto, essa participação foi caindo ao longo de 2020 e 2021.

Em maio deste ano, o país ainda liderava o mapa de mineração, mas com 44% de participação. Em poucos meses, os mineradores parecem ter abandonado completamente a China, que em julho teve 0% de participação na taxa de hash global.

Mapa de mineração de bitcoin de julho mostra 0% de participação da China (Imagem: Reprodução/ Centro de Finanças Alternativas da Universidade de Cambridge)
Mapa de mineração de bitcoin de julho mostra 0% de participação da China (Imagem: Reprodução/ Centro de Finanças Alternativas da Universidade de Cambridge)

Os Estados Unidos rapidamente ascenderam à primeira posição. No mesmo mês, o país já respondia por 35,4% da mineração da criptomoeda, seguido pelo Cazaquistão e pela Rússia, com 18,1% e 11,2% de participação, respectivamente. Como os novos dados são referentes a julho, espera-se que o percentual americano cresça ainda mais ao longo de 2021.

Mineradores de bitcoin são atraídos por eletricidade barata

A mineração de bitcoin exige que computadores de alta potência fiquem ligados 24 horas por dia competindo para resolver complexos processos matemáticos para manter a rede da criptomoeda. Tendo em vista o alto gasto energético da atividade, os mineradores sempre buscam a eletricidade mais barata para maximizarem seus lucros.

Por isso, a China acabou se tornando o maior polo de mineração da criptomoeda ao ofertar energia de baixo custo, gerada principalmente por usinas de carvão. Agora, esses mineradores se voltam a países que podem oferecer o mesmo potencial de lucro.

Mineração de bitcoin é relacionada ao aumento das emissões de carbono (Imagem: metropole ruhr/Flickr)
Mineração de bitcoin é relacionada ao aumento das emissões de carbono (Imagem: metropole ruhr/Flickr)

Nos Estados Unidos, usinas quase falidas de energia fóssil estão sendo compradas e religadas por mineradores de bitcoin. O Cazaquistão e a Rússia também possuem uma ampla oferta de eletricidade barata proveniente da queima de carvão.

Um representante da fabricante de plataformas de mineração Ebang International Holdings disse à Reuters que, após a última repressão chinesa, o foco da empresa se voltou à “construção de fazendas de mineração compatíveis na América do Norte e na Europa”.

“Como um veterano que testemunhou o nascimento da indústria na China, sinto que a situação hoje é lamentável”, disse Mao Shihang, fundador da F2Pool, que já foi a maior pool de mineração de bitcoin do mundo, e cofundador da Cobo, responsável por um ativo digital de mesmo nome e com sede em Cingapura. “A China está perdendo sua participação na taxa de hash… o polo da indústria está agora mudando para os Estados Unidos”, acrescentou o executivo.

Com informações: Reuters

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Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.