Mineração de bitcoin transforma lago glacial de NY em “banheira quente”

Instalação com 8 mil máquinas de mineração de bitcoin (BTC) despeja água aquecida a 42°C no lago Seneca, no estado de Nova York

Bruno Ignacio
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• Atualizado há 3 dias
Lago Seneca, no norte do estado de Nova York, congelado no inverno (Imagem: Vlad Podvorny/ Flickr)
Lago Seneca, no norte do estado de Nova York, congelado no inverno (Imagem: Vlad Podvorny/ Flickr)

Moradores da região dos Finger Lakes, no interior do estado de Nova York, estão dizendo que uma instalação de mineração de bitcoin (BTC) alimentada por uma usina elétrica movida a gás está aquecendo o Seneca, um lago glacial de 12 mil anos, deixando-o “quente como uma banheira” e afetando seriamente o ecossistema local.

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“O lago fica tão quente que parece que você está em uma banheira”, disse a moradora local Abi Buddington à NBC News. Ela vive nos arredores de uma usina elétrica que está sendo usada para alimentar pelo menos 8 mil máquinas de mineração de bitcoin que operam 24 horas por dia no local. A instalação movida à queima de gás natural utiliza a água do lago para resfriamento, e então a descarrega de volta quente ao Seneca.

Usina despeja água de até 42°C no lago Seneca

Trata-se da usina Greenidge, que agora está sendo monitorada pelo Departamento de Conservação Ambiental do estado de Nova York. Segundo a apuração da NBC, a instalação possui as devidas autorizações para puxar até 139 milhões galões de água do Seneca e despejar outros 135 milhões de volta. A temperatura da água aquecida supera os 42°C no verão.

O local, que antes era uma usina movida a carvão, foi comprado pela Atlas Holdings em 2014 para então ser transformado em uma usina elétrica a gás natural em 2017, operada pela Greenidge Generation. Porém, a instalação privada de energia só era ativada ocasionalmente para ajudar no fornecimento à rede elétrica local em períodos de alta demanda.

A história muda em 2019, quando as primeiras máquinas de mineração de bitcoin foram instaladas pela Greenidge Generation para dar um destino à energia excedente e lucrar ao mesmo tempo.

Segundo documentos obtidos pela NBC, a instalação já possui pelo menos 8 mil máquinas de mineração de bitcoin operando. Porém, a Greenidge planeja aumentar sua capacidade de extração da criptomoeda até dezembro, indicando a chegada de mais computadores e consequentemente uma alta no consumo de energia.

Emissões de carbono também geram preocupação

Mineração de bitcoin é relacionada ao aumento das emissões de carbono (Imagem: metropole ruhr/Flickr)

Mineração de bitcoin é relacionada ao aumento das emissões de carbono (Imagem: metropole ruhr/Flickr)

A usina não está afetando somente o lago Seneca, que sempre foi um popular destino de pesca, nado e lazer na região. A emissão de gases poluentes também é outra reclamação dos moradores locais e uma preocupação para os políticos. No mês passado, a senadora Elizabeth Warren sugeriu uma investida contra mineradores para ajudar a combater a poluição atmosférica.

Judith Enck, uma ex-administradora regional da Agência de Proteção Ambiental, disse que Nova York não alcançará suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa se Greenidge continuar a minerar bitcoin.

Jeff Kirt, O CEO da Greenidge, disse à NBC que os impactos ambientais da usina “nunca foram menores” e que a instalação está operando dentro de todas as normas de sua licença ambiental. Além disso, a empresa afirmou que pretende tornar suas atividades neutras em carbono ao comprar créditos para compensar pelas emissões. Porém, o ecossistema da região do lago Seneca continuará sendo afetado.

Uma das autorizações ambientais de Greenidge deverá ser renovada em setembro. Mandy DeRoche, vice-procuradora do programa de carvão da organização ambiental Earth Justice, disse à NBC que irá solicitar ao Departamento de Conservação Ambiental que analise com mais atenção o caso antes de simplesmente renovar a licença da usina.

Com informações: NBC News

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Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.

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