Bitcoin: Irã faz apreensão recorde de 7 mil máquinas de mineração
Polícia iraniana apreende 7 mil máquinas de mineração de criptomoedas; atividade está proibida no país em meio a blecautes
Polícia iraniana apreende 7 mil máquinas de mineração de criptomoedas; atividade está proibida no país em meio a blecautes
A polícia iraniana confiscou 7 mil máquinas de mineração de criptomoedas em uma operação ilegal instalada em uma fábrica abandonada a oeste da capital do país Teerã. Trata-se da maior apreensão desse tipo de equipamento já registrada no país. A atividade foi proibida temporariamente no final de maio como parte dos esforços para evitar os blecautes recorrentes durante o período quente e seco do verão.
Nesta última terça-feira (22), Hossein Rahimi, chefe da polícia de Teerã, revelou à agência de notícias estatal IRNA que as autoridades identificaram e apreenderam recentemente cerca de 7 mil máquinas dedicadas à mineração de bitcoin (BTC) e outras criptomoedas. O centro de extração de ativos digitais operava ilegalmente em um prédio abandonado em uma região industrial perto da capital.
Tendo em vista o alto consumo de energia associado à mineração de criptomoedas, o Irã determinou que a atividade está proibida por pelo menos quatro meses enquanto o país passa por dificuldades energéticas. Diversos blecautes vem acontecendo durante essa época de seca do verão iraniano, o que afetou duramente as usinas hidroelétricas, enfraquecendo a capacidade da rede nacional de fornecimento de eletricidade.
A mineração de criptomoedas é uma atividade que vem crescendo no Irã nos últimos meses. Existem duas principais causas para isso: a crise econômica e a abundância de combustíveis fósseis que alimentam usinas termoelétricas e oferecem eletricidade barata. Assim, iranianos viram uma oportunidade de lucro a um bom custo benefício, enquanto mineradores chineses também começaram a migrar para o país.
De acordo com a empresa de análise de blockchain Elliptic, cerca de 4,5% de toda a mineração de bitcoin ocorre no Irã, o que gera centenas de milhões de dólares em criptomoedas que acabam sendo usadas para diminuir o impacto das sanções dos Estados Unidos sobre o país.
Em março, o governo iraniano publicou um estudo no qual sugeriu a adoção estatal da mineração de criptomoedas e incentivou o crescimento da atividade no país. O documento afirmou que a extração de bitcoin e outros ativos poderia trazer benefícios econômicos para diversos setores da economia, gerando renda e empregos.
Elaborado pelo Centro Presidencial Iraniano para Estudos Estratégicos, o estudo chegou a estimar que, com a devida intervenção estatal, o Irã poderia gerar US$ 2 milhões por dia e US$ 700 milhões por ano através da mineração de criptoativos. Porém, parece que o plano já se tornou um problema poucos meses depois de anunciado.
Criptomoedas se popularizam no Irã (Imagem: David McBee/Pexels)
A natureza pseudoanônima das criptomoedas também ajuda os iranianos a driblar as sanções americanas ao dificultar a identificação da origem da renda e ao possibilitar alocar os criptoativos fora do país. Em Teerã, moedas digitais podem ser usadas para pagar importações de mercadorias autorizadas, por exemplo.
Além disso, enquanto a China, país responsável por cerca de 65% da taxa de hash mundial de bitcoin, está reprimindo duramente a mineração de criptomoedas, o Irã se apresenta como uma alternativa de energia barata para os mineradores se instalarem.
A eletricidade subsidiada pelo governo teve sucesso em atrair novos centros de extração de ativos digitais, porém a Elliptic estima que a energia gasta por eles seja equivalente a 10 milhões de barris de petróleo bruto por ano, ou 4% de toda a exportação iraniana da commoditie registrada em 2020.
A economia local tem sido duramente afetada desde 2018, quando o então presidente Donald Trump voltou a impor sanções à República Islâmica pelo país ter saído do acordo nuclear. Agora, o governo de Joe Biden busca renegociar os termos e reestabelecê-lo.
Com informações: Reuters
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