Criptomoeda monero está se tornando favorita entre criminosos

Criptomoeda de privacidade monero (XMR) está sendo cada vez mais usada em crimes de ransomware e lavagem de dinheiro

Bruno Ignacio
• Atualizado há 3 anos
Uso de monero por criminosos cresce (Imagem: Moose Photos/Pexels)
Uso de monero por criminosos cresce (Imagem: Moose Photos/Pexels)

Enquanto o uso de moedas digitais por cibercriminosos se tornou uma preocupação constante de autoridades policiais do mundo todo, o bitcoin (BTC) está deixando de ser predominante em pagamentos de resgates de ransomware e para a lavagem de dinheiro. Agora, as chamadas “criptomoedas de privacidade” ganham a atenção dos hackers, especialmente a monero (XRM), que dificulta o rastreio das transações e carteiras digitais.

O bitcoin opera em uma rede blockchain aberta, na qual um livro contábil totalmente público registra todas as movimentações da criptomoeda, especificando os endereços das carteiras digitais envolvidas e a quantidade de BTC transacionada. Dessa maneira, se torna mais fácil para as autoridades rastrearem dinheiro envolvido em atividades criminosas, ainda mais com as crescentes medidas preventivas que vem sendo tomadas em múltiplos países.

Assim, as moedas de privacidade surgiram como uma ótima opção para criminosos ocultarem o rastro de seu dinheiro. A monero é a mais famosa moeda digital desse tipo. Ela foi projetado para esconder o remetente, o receptor, e também a quantia movimentada. Assim, a moeda digital se tornou uma ferramenta muito interessante para ser utilizada na lavagem de dinheiro e em pagamentos de ransomware, quando hackers tomam o controle do sistema da vítima e colocam um preço para liberá-lo.

Fiscalização sobre bitcoin cresce

A ascensão da monero está diretamente ligada ao aumento dos esforços de autoridades em todo o mundo para reprimir crimes cibernéticos. Assim, as criptomoedas vem recebendo mais regulamentações nos últimos meses em países como os Estados Unidos, dificultando as ações dos criminosos.

Um dos casos mais notáveis de 2021 foi o ataque de ransomware que a empresa americana de oleodutos Colonial Pipeline sofreu em meados de maio. Uma das principais distribuidoras de combustível nos Estados Unidos se encontrou totalmente paralisada por horas, afetando o fornecimento em grande parte do país, forçando a companhia a concordar em pagar cerca de US$ 4,4 milhões aos criminosos.

Grupos criminosos migram para monero

“Vimos grupos de ransomware mudando especificamente para a monero”, disse Bryce Webster-Jacobsen, diretor de inteligência do grupo de segurança cibernética GroupSense, ao Financial Times. A empresa já ajudou diversas vítimas a pagar resgates com a criptomoeda de privacidade “Os cibercriminosos reconheceram que é mais fácil de cometer erros com o uso do bitcoin, que acaba permitindo que as transações registradas no blockchain revelem sua identidade.”

Brett Callow, analista de ameaças da desenvolvedora de anti-malware Emsisoft, afirmou ao Financial Times que o conhecido grupo de ransomware russo REvil migrou totalmente do bitcoin para a monero em seus pedidos de resgate. Acredita-se que a organização seja responsável pelo recente ataque a um frigorífico da JBS.

A DarkSide, uma das principais organizações conhecidas de ransomware e responsável pelo ataque à Colonial Pipeline também aceita monero, enquanto cobra uma taxa de até 20% a mais no valor do resgate se o cliente optar por pagar em bitcoin pelos maiores riscos que envolvem a transação. A Babuk, responsável por outro ataque à polícia de Washington DC, opera de um jeito similar.

Membro da comunidade que desenvolveu a monero, Justin Ehrenhofer disse ao Financial Times que estima que entre 10% e 20% dos resgates de ataques ransomware são pagos na criptomoeda de privacidade, mas acredita que esse percentual deverá subir para 50% até o final de 2021. Ele também afirmou que a moeda digital não foi projetada para o uso de criminosos, mas que a facilitação dessas atividades foi um erro de estruturação.

Com informações: Financial Times

Leia | O que é uma criptomoeda?

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Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.