Moedas digitais estatais, em estudo até no Brasil, recebem apoio do BIS
Banco de Compensações Internacionais (BIS) publica relatório apoiando e fornecendo diretrizes para a criação de CBDCs
Banco de Compensações Internacionais (BIS) publica relatório apoiando e fornecendo diretrizes para a criação de CBDCs
O Banco de Compensações Internacionais (BIS), uma das mais importantes instituições financeiras do mundo, reafirmou seu apoio às moedas digitais de bancos centrais (CBDCs) nesta última quinta-feira (23). Em um relatório, especialistas vinculados à entidade argumentaram que esse tipo de criptomoeda estatal pode oferecer “vantagens únicas”, sendo projetada para o bem público e para a evolução do sistema de pagamentos digitais.
O documento “CBDCs: uma oportunidade para o sistema monetário” afirma que as moedas digitais de bancos centrais são a transição do dinheiro fiduciário para o digital, se tornando mais adequado para o seu uso virtual e possibilitando a criação de um sistema de compensações instantâneas moderno, fácil e seguro.
As moedas digitais de bancos centrais estão se tornando uma tendência no mundo todo. Enquanto a China é o país mais avançado nessa tecnologia, com o iuan digital já em circulação e nas últimas fases de testes antes de uma implementação nacional, os Estados Unidos e a União Europeia estudam os benefícios de possíveis criptomoedas estatais para não perderam a atual soberania monetária do dólar americano e do euro.
O Japão começou seus testes com o iene digital no começo de abril, enquanto Israel anunciou nesta semana que já realizou com sucesso uma primeira implementação da versão piloto do shekel digital. No Brasil, o Banco Central divulgou em maio as primeiras diretrizes para um possível real digital.
O BIS detalhou uma arquitetura padrão para as CBDCs futuras. De acordo com a entidade, esse tipo de criptomoeda é melhor projetada “como parte de um sistema de duas camadas, em que o banco central e o setor privado desempenham cada um seu papel respectivo”.
Aconselhando bancos centrais, a instituição acrescentou: “Um passo lógico em seu projeto é delegar a maioria das tarefas operacionais e atividades voltadas para o consumidor a bancos comerciais e PSPs não bancários que fornecem serviços de varejo em condições de concorrência equitativa. Enquanto isso, o banco central pode se concentrar em operar o núcleo do sistema.”
O BIS também trouxe diretrizes para as tão polêmicas questões de privacidade, que são prioritárias na criação de CBDCs para oferecer o máximo de segurança para os usuários da criptomoeda estatal enquanto se fecha qualquer brecha que poderia facilitar seu uso para lavagem de dinheiro e outras atividades ilícitas.
Assim, o BIS declarou que é a favor de protocolos robustos de identificação dos usuários da moeda digital estatal. De acordo com o relatório, uma CBDC que oferece recursos de anonimato completo abriria caminhos para atividades financeiras ilegais. Portanto, a entidade sugere que os bancos centrais estruturem suas criptomoedas sobre as arquiteturas de identidade digital já existentes, como registros fiscais, de propriedade e certificados de educação.
Porém, esse tipo de sistema também vai exigir medidas de segurança ainda mais modernas para assegurar a proteção dos dados pessoais dos usuários da CBDC. Atualmente, essa preocupação é um principais dos motivos que levam governos como o dos Estados Unidos a ponderar se devem ou não lançar uma criptomoeda, tendo em vista o crescimento dos crimes cibernéticos nos últimos anos. A situação se torna ainda mais complexa no contexto de transações internacionais, uma funcionalidade extremamente importante para que uma moeda digital estatal tenha sucesso.
Enquanto o relatório do BIS destaca os possíveis benefícios da criação de moedas digitais de bancos centrais e fornece diretrizes para orientar governos do mundo todo nesse processo, a entidade não deixou de criticar criptomoedas privadas, principalmente o bitcoin (BTC).
O Banco destacou que o ativo digital é alvo de muita especulação, o que o torna instável e perigoso para investidores. Além disso, o BIS afirmou que a criptomoeda é empregada em atividades de lavagem de dinheiro e é comumente exigida como pagamento de ataques de ransomware. Por fim, a instituição deixou claro que o bitcoin não é otimizado e que sua mineração consome muita energia, deixando uma enorme pagada de carbono.
Com informações: Cointelegraph