Transações pelo celular já são metade das operações bancárias, diz Febraban

Pesquisa feita em parceria com a consultoria Delloite revela que transações por celular são 51% de todas as operações bancárias; Pix tem 96,8 milhões de contas

Pedro Knoth
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• Atualizado há 2 anos e 10 meses
Pix (Imagem: Divulgação/Banco Central)
Pix (Imagem: Divulgação / Banco Central)

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgou nesta quinta-feira (24) uma pesquisa que aponta transações feitas pelo celular como metade das operações bancárias feitas em 2020. O mobile banking, como foi chamado pelo setor, já acumula mais transferências do que todos os outros meios financeiros, como internet banking e POS (ponto de venda). O estudo foi feito em parceria com a consultoria Delloite.

Brasileiros transferiam R$ 103 bi pelo celular em 2020

Em 2019, o valor total de transferências realizadas por brasileiros usando o celular chegou a R$ 37 bilhões. Em 2020, houve um aumento de 64% no número de transações de mobile banking — o dinheiro movimentado foi R$ 58 bilhões. Em todos os canais de operações bancárias

“A pandemia da Covid-19 e as medidas de isolamento social, iniciadas em março do ano passado, impulsionaram o celular como canal favorito dos brasileiros para pagar contas, fazer transferências, contratar crédito e as demais operações bancárias, reforçando algo já visto nos últimos anos.”, disse a Febraban em comunicado à imprensa.

Em todos os canais de operação bancária — celular, internet, caixa eletrônico, maquininhas, agências, correspondentes bancários e centros de contato — o valor de transferências realizadas em 2020 foi de R$ 103 bilhões. Isso representa um crescimento de 20%, o maior nos últimos anos.

Febraban diz que 8 em 10 pagamentos foram pelo digital

Juntos, o internet e o mobile banking somaram 9 em cada 10 contratações de investimento e 80% dos pagamentos de contas. Dentre os 21 bancos que participaram da pesquisa da Febraban e da Delloite, alguns afirmaram que houve aumento de 90% em aberturas de contas digitais no ano passado, em comparação o com 2019.

Recursos mais comuns ao atendimento a contas digitais também entraram em evidência em 2020, ano de pandemia em que brasileiros deixaram de ir à agências bancárias — houve redução de 18% das transações em caixas eletrônicos e Pontos de Atendimento Bancário (PAB). A Febraban registrou 168 milhões de interações com chatbots em aplicativos de serviços financeiros em 2020.

90% dos usuários contraram investimentos por contas digitais (Imagem: Markus Spiske/ Unsplash)

90% dos usuários contraram investimentos por contas digitais (Imagem: Markus Spiske/ Unsplash)

“Com a popularização dos serviços financeiros pelos canais digitais, continuamos avançando no terreno importante da inclusão financeira no Brasil, especialmente com o mobile banking, que permite carregar o banco em seu bolso e acessar em qualquer hora ou local, serviços antes restritos a agências bancárias.”, afirma Rodrigo Mulinardi, diretor do setor de Tecnologia e Automação Bancária da FEBRABAN.

Pix teve média de 18% de novos usuários ao mês

O Pix virou queridinho dos brasileiros para enviar e receber pagamentos — impulsionado pelas medidas de distanciamento social. O sistema do BC (Banco Central) que foi inaugurado em novembro de 2020, teve 93,6 milhões de contas cadastradas. Nos 7 meses em que esteve ativa, a taxa média de novos usuários foi de 18% ao mês.

O número de transações que usaram o Pix saltou para 338,2 milhões no ano passado, ante 59 milhões em 2019. Esse crescimento de 471% registrados pelos bancos que participaram da pesquisa não surpreendeu a Febraban, que já esperava uma maior integração do sistema do BC.

“Canais digitais são seguros”, diz associação de bancos

Em 2020, os bancos resolveram investir mais em segurança cibernética para proteger clientes que migraram para plataformas digitais. Transações do dia a dia passaram a ser uma das principais preocupações da Febraban e dos bancos, que investiram R$ 2,5 bilhões. Cerca de 197 mil profissionais foram treinados para proteger usuários.

Rodrigo Mulinardi assegurou que os sistemas bancários e o Pix são seguros. Em coletiva de imprensa, o diretor sectorial da Febraban afirmou que a pandemia levou a uma migração muito grande de clientes que tiveram seu primeiro acesso: “Observamos que os canais digitais têm uma completude imensa de transação, mas são seguros, e foram elaborados tanto para veteranos e quanto a iniciantes. A expectativa é que esse consumidor fique dentro dos canais digitais.”

Recentemente, o Procon-SP notificou a Febraban e a convocou para uma reunião sobre dispositivos de segurança em aplicativos de bancos. Criminosos têm roubado celulares e acessado a conta bancária da vítima, segundo o órgão de fiscalização. “Canais digitais são seguros e há evolução das soluções digitais para continuar  aprimorando seu modelo” afirmou Mulinardi em evento aberto a jornalistas.

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Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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