Pix aposenta DOC, e velha forma de transferência será encerrada em 2024

Febraban cita falta de interesse da população no DOC, que teve 59 milhões de transações em 2022, contra mais de 24 bilhões do Pix

Giovanni Santa Rosa
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• Atualizado há 9 meses
Caixa eletrônico
Caixa eletrônico (Imagem: Eduardo Soares/Unsplash)

Você se lembra quando foi a última vez que fez um DOC? Eu também não, mas tenho certeza que foi antes de 2020, quando o Pix chegou. Os pagamentos instantâneos vão começar a aposentar as outras formas de pagamento. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) anunciou que as instituições financeiras vão deixar de oferecer DOC em fevereiro de 2024.

Segundo o anúncio feito nesta quinta-feira (4), o motivo é mesmo o desinteresse da população. “O uso dessas operações vem caindo continuamente nos últimos anos, principalmente após o lançamento do Pix, em novembro de 2020”, diz o texto da Febraban.

Segundo a federação, foram feitos apenas 59 milhões de DOCs em 2022. Para efeito de comparação, a TED, outra das alternativas antes do Pix, teve 1,01 bilhão de transações.

Até mesmo os cheques, considerados uma forma arcaica de pagamento, tiveram mais transações naquele ano, com 202,8 milhões.

A liderança, como você pode imaginar, é do Pix: 24 bilhões de operações

Tipo de transaçãoQuantidade
Pix24 bilhões
Cartão de crédito18,2 bilhões
Cartão de débito15,6 bilhões
Boleto4 bilhões
TED1,01 bilhão
Cheque202,8 milhões
DOC59 milhões

Cronograma da aposentadoria do DOC

A Febraban divulgou um calendário para o fim do DOC.

  • 15 de janeiro de 2024, às 22h: limite para realizar ou agendar DOCs.
  • 29 de fevereiro de 2024: limite para envio de DOCs agendados.
  • 29 de fevereiro de 2024: encerramento dos sistemas de recebimento e processamento.

DOC, TED e Pix

DOC é a sigla para Documento de Ordem de Crédito. Esta forma de transferência entre diferentes bancos foi criada em 1985.

O DOC tem limite de valor de R$ 4.999,99 e é descontado em um ou dois dias úteis.

O DOC é mais velho que a TED e tinha algumas desvantagens em relação a ela, o que talvez explique seu baixo volume de transações.

TED é a sigla de Transferência Eletrônica Disponível. Ela foi criada em 2002 e usa a infraestrutura da Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), associação sem fins lucrativos.

A TED cai no mesmo dia, se feita até o horário limite do banco, geralmente 17h. Inicialmente, ela estava disponível apenas para transferências acima de R$ 5 mil, mas este valor reduzido gradualmente até ser extinto. Assim, não há mais mínimo nem máximo.

Apesar de mais moderna que o DOC, a TED também ficou ultrapassada. Em novembro de 2020, o Banco Central lançou o Pix, forma de transferências instantâneas por meio de chaves cadastradas e QR Codes.

O Pix logo caiu no gosto dos clientes brasileiros. Além da rapidez e da facilidade, outra vantagem é a gratuidade — DOCs e TEDs costumam ter cobrança de tarifas em muitos bancos.

TEC também chega ao fim

A Transferência Eletrônica de Créditos (TEC) também será encerrada, seguindo o cronograma do fim do DOC.

As TECs são usadas para pagamento de benefícios a funcionários. Elas são compensadas no fim do dia em que foi dada a ordem. Além disso, podem transferir recursos para diferentes contas ao mesmo tempo.

“Com o surgimento do Pix e a alta movimentação bancária com menores taxas, tanto a TEC quando o DOC deixaram de ser a primeira opção dos clientes, que têm dado preferência ao PIX, por ser gratuito e instantâneo”, diz Isaac Sidney, presidente da Febraban.

Com informações: Febraban

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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