EUA estão banindo PCs gamer do país? Não é bem assim

Segundo as leis da Califórnia, empresas não podem vender desktops pré-montados que consomem muita energia em hibernação

Murilo Tunholi
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
PC Gamer (Imagem: Andre Tan/Unsplash)
PC Gamer (Imagem: Andre Tan/Unsplash)

Esta semana, diversos veículos da imprensa internacional e brasileira noticiaram que os EUA haviam começado a banir PCs gamer em seis estados do país, devido ao alto consumo de energia. Não é bem assim: o governo norte-americano não vai invadir casas e apreender computadores enquanto pessoas estiverem jogando. A ideia, na verdade, é incentivar fabricantes de PCs a venderem máquinas mais eficientes.

Por que seis estados EUA estão banindo certos desktops?

O que realmente está acontecendo é: a Dell foi impedida de enviar modelos específicos de desktops da linha Alienware — Aurora R10 e R12 — para consumidores na California, Colorado, Havaí, Oregon, Vermont ou Washington. Segundo a empresa, as máquinas não podem ser vendidas devido às regulamentações de eficiência de energia estabelecidas por esses estados.

Porém, essas medidas para economizar energia não são tão ruins ou opressivas como algumas notícias podem fazer parecer. Basicamente, as regras criadas pela Comissão de Energia da Califórnia (CEC) não vão afetar a venda de peças de hardware — como processadores e placas de vídeo —, nem vão transformar o ato de jogar no computador de casa em crime.

Dell não pode enviar certos desktops Alienware para seis estados dos EUA (Imagem: Reprodução)

Dell não pode enviar certos desktops Alienware para seis estados dos EUA (Imagem: Reprodução)

As regras de energia da Califórnia existem desde 2016

Antes de tudo, é preciso entender que essa regulamentação de energia da CEC não é novidade. Desde 2016, a mudança no consumo de energia nos seis estados já estava planejada para acontecer em 2021. Nesses cinco anos, as empresas tiveram tempo para escolher entre entender e se adaptar aos novos padrões, ou discordar da decisão e deixar de vender computadores em parte dos EUA.

Desde 1º de julho deste ano, o nível dois das “Regulamentações de eficiência de aparelhos – Título 20” começou a valer para desktops, especificamente quando estão em hibernação. O que isso significa? A partir dessa data, as empresas não podem mais vender computadores pré-montados que consumam muita energia quando estão ociosos.

Em outras palavras, ninguém vai se importar com pessoas rodando um jogo em resolução 4K a mais de 60 quadros por segundo com uma RTX 3080 Ti ou até minerando criptomoedas. O problema é quando um computador consome uma alta quantidade de energia enquanto ninguém está usando a máquina por mais de 30 minutos.

Apenas desktop Alienware, da Dell, foram afetados pelas regras de energia da Califórnia até agora (Imagem: Divulgação/Dell)

Apenas desktop Alienware, da Dell, foram afetados pelas regras de energia da Califórnia até agora (Imagem: Divulgação/Dell)

O documento é longo e pode ser lido por completo (em inglês) no site da Energy Star. Em resumo, se um cidadão dos EUA quiser montar seu próprio PC gamer comprando peças separadas, nada vai o impedir — fora a escassez de hardware no mundo todo, é claro.

Apenas fabricantes de desktops pré-montados, como Dell, HP e outras, vão precisar se adaptar às novas regras. Vale lembrar que elas já tiveram cinco anos para fazer isso.

A decisão para criar as regulamentações de eficiência de aparelhos veio de um estudo de 2015, o qual afirmou que o uso de PCs de última geração, e jogos como um todo, eram responsáveis por 20% do uso de energia residencial da Califórnia. Claro, proibir a venda de somente alguns desktops específicos não deve reduzir muito esse gasto, mas pode levar as fabricantes a usarem peças mais eficientes em suas máquinas no futuro.

De qualquer forma, é provável que mais medidas como essa sejam implementadas não só nos EUA, como no resto do mundo. A Europa, por exemplo, já tem leis que incentivam o uso de componentes com mais eficiência energética em computadores. Discute-se, no entanto, se é viável proibir totalmente o acesso dos consumidores a produtos que não respeitam as legislações dos países.

Com informações: Energy Star, COGECOM, The Gamer, JayzTwoCents.

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Murilo Tunholi

Murilo Tunholi

Ex-autor

Jornalista, atua como repórter de videogames e tecnologia desde 2018. Tem experiência em analisar jogos e hardware, assim como em cobrir eventos e torneios de esports. Passou pela Editora Globo (TechTudo), Mosaico (Buscapé/Zoom) e no Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. É apaixonado por gastronomia, informática, música e Pokémon. Já cursou Química, mas pendurou o jaleco para realizar o sonho de trabalhar com games.

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