Facebook gasta US$ 10 bilhões para criar metaverso e atrair jovens adultos

Para enfrentar TikTok, Facebook fará mudanças para destacar vídeos e Reels, além de investir pesado em ambiente de realidade virtual

Giovanni Santa Rosa
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• Atualizado há 1 ano

O Facebook aposta que o futuro da internet é um ambiente digital chamado metaverso. Construí-lo, porém, não será tarefa fácil nem barata: falando para investidores, o CEO Mark Zuckerberg disse que os planos incluem gastar US$ 10 bilhões. E essa é só uma parte dos próximos passos da empresa, que quer reconquistar os jovens adultos.

Headset de realidade virtual da Oculus, uma marca do Facebook
Headset de realidade virtual da Oculus, uma marca do Facebook (Imagem: Maxim Hopman/Unsplash)

Na chamada para divulgar os resultados financeiros, o executivo também revelou que os próximos balanços financeiros terão uma divisão entre a família de apps (Facebook, Instagram, Messenger e WhatsApp) e a divisão Reality Labs, que inclui a marca Oculus e os investimentos em realidade virtual e realidade aumentada.

A construção desse futuro tecnológico terá um custo bem alto, e os lucros da companhia serão reduzidos em US$ 10 bilhões. A ideia é que a novidade se pague no longo prazo. O Facebook tem como objetivo levar seu metaverso a um bilhão de pessoas, o que fará com que a plataforma movimente centenas de bilhões de dólares por meio do comércio digital.

Jovens adultos são o novo foco do Facebook

O Facebook coloca suas fichas no metaverso, mas enquanto ele não está pronto, fará algumas mudanças em seus principais produtos para tentar segurar os jovens adultos — mesmo que isso signifique afastar as populações de mais idade.

Zuckerberg disse que o Reels será uma parte mais central do Instagram e que o recurso é tão importante para a empresa quanto os Stories. Além disso, Instagram e Facebook vão aderir mais aos vídeos para agradar os jovens.

O público entre 18 e 29 anos tem migrado para redes concorrentes e preferido outras opções para se comunicar — como o TikTok, apontado pelo CEO como um dos concorrentes mais efetivos que a empresa já teve, e o iMessage.

Perfil oficial do TikTok (Imagem: Pexels)
Perfil oficial do TikTok (Imagem: Pexels)

Essa é uma questão importante para o Facebook também internamente. Como mostra uma reportagem do Verge com base nos Facebook Papers — documentos vazados pela ex-funcionária Frances Haugen — a companhia teve uma queda de 13% entre usuários adolescentes nos EUA em 2019 e projetava uma diminuição ainda maior, de 45%, nos dois anos seguintes.

O problema não é novo e vem desde 2012, mas a intensidade aumentou recentemente. A percepção de jovens adultos é de que o Facebook é um lugar para pessoas na casa dos 40 ou 50 anos de idade e que a rede está cheia de conteúdo chato, enganoso e negativo.

A idade média da base de usuários da rede estaria, portanto, envelhecendo. O Facebook já tem mais de 2 bilhões de usuários ativos diariamente, mas essa tendência pode ameaçar o crescimento da empresa.

Com informações: Engadget, The Verge 1, 2, 3.

Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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