Metade das crianças de até 12 anos no Brasil já tem celular próprio

49% das crianças de zero a 12 anos de idade possuem um smartphone e 33% usam o dos pais; acima dos sete anos, maioria tem aparelho

Giovanni Santa Rosa
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Criança usando smartphone

Uma nova pesquisa mostra que o número de crianças que têm smartphone vem crescendo no Brasil: entre zero e 12 ano, 49% têm celular, contra 44% ano passado. A pandemia e a necessidade de acompanhar o ensino ajudou nesse crescimento, e os aparelhos são o principal meio de acesso às aulas entre estudantes de escolas públicas. E os pais tenta estipular limites, mas a maioria diz que as crianças passam muito tempo no aparelho.

Os dados são de uma pesquisa do Mobile Time e da Opinion Box. Foram ouvidos 1.962 pais que têm smartphone e são responsáveis por pelo menos uma criança nessa faixa etária.

As crianças com celular próprio são maioria a partir dos sete anos de idade: no grupo entre sete e nove anos, elas representam 59%, e entre dez e 12, 79%. Esses números também cresceram: há um ano, eram 52% e 76%, respectivamente.

O Mobile Time também relata que 71% dos smartphones das crianças têm chip de operadora, podendo acessar a internet móvel e fazer chamadas.

Em todas as faixas etárias, a maioria usa o celular, seja o aparelho próprio ou o dos pais.: Entre zero e três anos está a maior proporção dos que não têm nem usam, com 44%; entre quatro e seis anos, esse número cai para apenas 15%.

Tem smartphone próprioNão tem, mas usa o dos paisNão tem nem usa
0-3 anos12%44%44%
4-6 anos33%52%15%
7-9 anos59%33%8%
10-12 anos79%15%6%
Geral49%33%18%
Uso de smartphone por faixa etária. Fonte: Mobile Time/Opinion Box

Estudo é um dos principais motivos para ter celular

Dos 964 pais cujos filhos possuem um aparelho próprio, 58% disseram que os estudos são o principal motivo. O entretenimento, com 57%, e a comunicação com os pais, com 54%, completam a lista, são as duas outras razões mais citadas.

Entre os 643 pais que disseram emprestar os smartphones para os filhos, os estudos são citados como motivo por 41%. A educação também aparece em outro motivo educacional: desenvolver habilidades com tecnologia, citada por 41%. A principal razão, porém, é mesmo entreter as crianças enquanto os pais realizam outras atividades (57%).

A importância dos aparelhos para o estudo surge novamente em outra pergunta: quais são os dispositivos usados para ver as aulas online? Entre os alunos de escola pública, o smartphone é mencionado por 78%; nos matriculados em instituições privadas, o número cai para 57%.

A situação se inverte entre os que usam computador ou laptop para essa tarefa: 74% dos estudantes de escola privada recorrem a esse tipo de equipamento, enquanto este número é de apenas 42% no ensino público.

Escola privadaEscola pública
Computador/laptop74%42%
Tablet23%19%
Smartphone57%78%
Televisão8%13%
Meios de acesso às aulas online. Fonte: Mobile Time/Opinion Box

Não é a primeira vez que uma pesquisa mostra essa desigualdade no acesso a equipamentos adequados para o ensino remoto.

A pesquisa TIC Domicílios de 2020 mostra que 71% das pessoas entre dez e 15 anos com acesso à rede a utilizam apenas pelo celular. Entre os internautas das classes D e E, esse número é ainda maior: 90%.

Na pesquisa TIC Educação do mesmo ano, 86% das escolas ouvidas apontaram a falta de equipamentos e acesso à internet adequados como um desafio das aulas online, e 93% precisaram marcar horários para pais e responsáveis retirarem materiais impressos para as atividades das crianças durante o isolamento.

Esses dois indicadores foram maiores entre escolas públicas, enquanto o uso de aulas ao vivo e plataformas educacionais estiveram mais presentes entre as particulares.

Criança jogando Pokémon Go
Criança jogando Pokémon Go (Imagem: Pxfuel)

Pais tentam impor limites, mas nem sempre conseguem

A pesquisa do Mobile Time colheu dados sobre o tempo de uso e o conteúdo acessado pelas crianças.

Entre as que têm até três anos de idade, a maioria fica diante do aparelho por uma hora no dia. O tempo de tela vai subindo conforme a faixa etária e chega no maior ponto entre os dez e 12 anos: para esse público, a maioria fica pelo menos três horas diárias, e 37% ficam quatro ou mais horas.

A maioria dos pais de crianças que têm ou usam smartphones diz tentar limitar o uso: 65% responderam sim à questão. Apesar disso, 59% consideram que a criança passa tempo demais no smartphone. E a pandemia só piorou as coisas: 50% dos pais afirmaram que o período usando o aparelho aumentou muito.

O questionário também revelou que a grande maioria dos pais não recorre a nenhuma ferramenta para filtrar ou controlar o conteúdo: apenas 26% afirmaram usar.

O YouTube é o aplicativo mais usado pelos pequenos: 72% dos pais sabem que seus filhos usam o aplicativo. Curiosamente, o YouTube Kids fica com apenas 42%, e não supera a versão regular do app em nenhuma faixa etária. WhatsApp (52%), TikTok (45%) e Netflix (43%) completam a lista dos mais mencionados.

E quando a pergunta é qual o game mais jogado, Roblox (18%), Minecraft (17%) e Free Fire (13%) fazem a cabeça da criançada.

Com informações: Mobile Time.

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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