Acesso a sites piratas de filmes e séries teve queda de 60% no Brasil

Relatório mostra que número de acessos a sites piratas no Brasil diminuiu dentre 2018 e 2023. Combate à pirataria pode ser um dos motivos.

Giovanni Santa Rosa
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Pirataria
Queda do Brasil foi a segunda maior registrada entre países estudados (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

O acesso a sites de pirataria de filmes, séries e transmissões esportivas caiu cerca de 60% no Brasil entre 2018 e 2023. O país também tem um número relativamente baixo de acessos a páginas ilegais por usuário de internet: cerca de 16 por ano. Entre os países rastreados, o Brasil teve o quinto menor número de acessos e a segunda maior queda.

Segundo o documento, foram 141 bilhões de visitas a sites piratas no mundo todo em 2023. Esses números tiveram uma queda em 2020, já que a pandemia levou ao cancelamento ou atraso de várias produções. A partir de 2022, o consumo ilegal de conteúdo voltou aos níveis pré-pandêmicos.

Os dados estão em um relatório feito pela empresa de rastreamento de pirataria Muso e pela consultoria Kearney. A Muso lista a Disney e o Prime Video como clientes em seu site, entre outros.

Brasil tem segunda maior queda na pirataria

De acordo o relatório, a queda de 60% do acesso à pirataria no Brasil só fica atrás dos números do Japão. O país asiático teve uma diminuição de cerca de 70% nos acessos, e o número per capita fica em aproximadamente 4 por ano, o menor entre os estudados.

O relatório da Muso e da Kearney não traz os dados exatos, apenas um gráfico relacionado o número de acessos e a queda. Por isso, os números são aproximados.

Gráfico de países com número de acessos a sites piratas no eixo horizontal e variação no número de acessos entre 2018 e 2023 no eixo vertical; o Brasil tem números baixos de acesso e quedas
Muso divide países em sinais positivos, riscos de crescimento, hotspots e em recuperação (Imagem: Reprodução/Muso)

Combate à pirataria pode explicar dados

O site TorrentFreak aponta o combate à pirataria, com repressões amplas e frequentes a esse tipo de crime, como um dos motivos para a queda no Brasil. Um exemplo é a Operação 404, que desligou mais de 600 sites piratas em uma de suas fases, ocorrida em novembro de 2023.

Também dá para imaginar outras hipóteses. A Muso diz que um tipo de consumidor de pirataria é aquele só acessa conteúdos indisponíveis legalmente, mas estaria disposto a pagar. Como várias plataformas de streaming e IPTV legal foram lançadas no Brasil de 2018 até agora, esse público pode ter sido atendido.

Claro TV+ Box: planos agora incluem assinatura da Netflix
Claro TV+ Box é uma das IPTVs legais lançadas nos últimos anos (Imagem: Lucas Braga/Tecnoblog)

Outra hipótese é de metodologia. A Muso fala em visitas a sites piratas, mas não dá mais detalhes sobre como o rastreamento é feito. Se esses dados não incluem o acesso por IPTVs e aplicativos de TV boxes piratas, por exemplo, os números brasileiros de pirataria podem estar subestimados.

Por fim, o número baixo de acessos per capita pode ter a ver com a própria realidade da internet no país: se as conexões e os equipamentos são ruins, fica difícil assistir qualquer conteúdo, seja ele legal ou ilegal. Segundo a pesquisa TIC Domicílios de 2023, 36% dos usuários de internet no Brasil nunca assistiram a vídeos, filmes ou séries pela rede.

Outros países em desenvolvimento também apresentam número de acessos semelhante ao Brasil, como Nigéria, Gana, Angola e Índia.

Canadá é “hotspot” de conteúdo ilegal

Em contraste com o Brasil, o Canadá aparece como um “hotspot” da pirataria, com cerca de 92 visitas anuais a sites piratas por usuário e um crescimento de aproximadamente 40% entre 2018 e 2023. Outros países também receberam essa classificação, pelo número alto de acessos e crescimento no consumo de conteúdo ilegal. É o caso de Singapura, Catar, Emirados Árabes Unidos, Suécia, Noruega e Hong Kong.

Índia, Coreia do Sul e Paquistão são alguns exemplos com número de acessos relativamente baixo, mas com grande crescimento nos últimos cinco anos. Já a Nova Zelândia é um dos poucos com muitos acessos, mas em queda.

Com informações: TorrentFreak

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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