Blizzard cancela BlizzCon 2022 em meio a escândalos de assédio na empresa
Edição de 2022 da BlizzConline não vai mais acontecer em fevereiro do ano que vem; Blizzard quer reformular o evento e fazer uma feira "segura, acolhedora e inclusiva" no futuro
A Blizzard decidiu cancelar a BlizzCon 2022 e pausar os planejamentos das próximas edições do evento, por enquanto. Em comunicado publicado nesta terça-feira (26), a empresa informou que pretende “reimaginar” a feira no futuro. Vale lembrar que, no momento, a Activision Blizzard está sendo processada por assédio moral e sexual no ambiente de trabalho.
Activision Blizzard é acusada de destruir provas em meio a processo judicial
Mesmo sem a BlizzCon, que seria realizada em fevereiro de 2022 em formato online — a BlizzConline —, a empresa informou que não vai deixar de fazer anúncios ou lançar novos conteúdos para seus jogos. Em vez de montar o evento, a Blizzard quer direcionar seus esforços para “apoiar as equipes e progredir no desenvolvimento de games e experiências”.
A empresa também pretende reimaginar as próximas edições da BlizzCon para que o evento seja seguro e inclua todos os públicos. O comunicado na íntegra está disponível em português logo abaixo:
“À comunidade da Blizzard,
Decidimos dar um passo para trás e fazer uma pausa no planejamento da BlizzConline anunciada anteriormente, que estava agendada para o início do próximo ano. Essa foi uma decisão difícil para todos nós, mas é a correta.
Qualquer BlizzCon exige muito de cada um de nós para acontecer, é um esforço de toda a empresa, alimentado por nossos desejo de compartilhar o que criamos com a comunidade com a qual nos importamos tanto. Nesse momento, sentimentos que a energia necessária para fazer um show como esse é melhor direcionada para apoiar nossas equipes e progredir no desenvolvimento de nossos jogos e experiências.
Além disso, também gostaríamos de reservar um tempo para reimaginar como seria uma BlizzCon do futuro. A primeira BlizzCon foi realizada há 16 anos, e muita coisa mudou desde então — principalmente as formas pelas quais os jogadores e as comunidades podem se unir e se sentir parte de algo maior. Seja qual for a dinâmica do evento no futuro, também precisamos garantir que ele seja o mais seguro, acolhedor e inclusivo possível. Estamos comprometidos com a comunicação contínua com nossos jogadores e vemos a BlizzCon desempenhando um grande papel nesse processo. Estamos animados com o que faremos com o evento no futuro.
Mais uma coisa que gostaríamos de deixar claro: mesmo que não realizemos a BlizzConline em fevereiro, ainda faremos anúncios e atualizações para nossos jogos. Temos orgulho de nossas equipes e do progresso que elas fizeram em nossos jogos. Temos muitas novidades e lançamentos emocionantes para compartilhar com vocês. Vocês continuarão ouvindo sobre eles por meio de nossos canais oficiais, com as pessoas talentosas da equipe da BlizzCon dando apoio a esses esforços.
Vamos sentir saudades de encontrar vocês, mas não se preocupem. Estaremos juntos em breve”.
Blizzard Entertainment.
Por enquanto, a Blizzard conta com dois jogos grandes em desenvolvimento: Diablo 4 e Overwatch 2. Porém, nenhum dos dois games têm datas de lançamento oficiais marcadas. Nos próximos meses, a empresa deve focar em informar o público sobre seus próximos títulos, assim como sobre novos conteúdos para produtos já existentes, como World of Warcraft e Hearthstone.
Escândalos de assédio podem ter cancelado a BlizzCon
Mesmo sem comentar diretamente sobre o problema, é provável que a BlizzCon 2022 tenha sido cancelada devido aos escândalos de assédio sexual e moral na empresa. Desde julho de 2021, a Activision Blizzard responde a um processo judicial na Califórnia, nos EUA, movido pelo Department of Fair Employment and Housing (DFEH) — órgão do governo que protege cidadãos em casos de discriminação no trabalho.
Antes de processar a Activision Blizzard, o DFEH investigava a empresa há mais de dois anos. Nesse período, o órgão descobriu que mulheres recebiam salários menores e eram submetidas a assédios morais e sexuais no trabalho. Além disso, os assediadores não eram punidos, indicando que o problema envolvia pessoas em cargos de liderança.
Jornalista, atua como repórter de videogames e tecnologia desde 2018. Tem experiência em analisar jogos e hardware, assim como em cobrir eventos e torneios de esports. Passou pela Editora Globo (TechTudo), Mosaico (Buscapé/Zoom) e no Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. É apaixonado por gastronomia, informática, música e Pokémon. Já cursou Química, mas pendurou o jaleco para realizar o sonho de trabalhar com games.