SpaceX reclama, mas Boeing consegue autorização para satélites de internet

SpaceX, de Elon Musk, reclamou que satélites da Boeing poderiam causar interferência em sua rede, mas argumento foi rejeitado

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Prédio da Boeing (imagem: divulgação/Boeing)

Em um futuro não muito distante, moradores de áreas rurais dos Estados Unidos — e, posteriormente, de outros países — contarão com mais uma opção de acesso à internet via satélite: a Boeing recebeu sinal verde para implementar a sua própria rede do tipo. Isso depois de a SpaceX ter tentado dificultar a aprovação.

A companhia comandada por Elon Musk é responsável pela rede de satélites Starlink, que já conta com mais de 100 mil clientes em pelo menos 14 países. Essa base é atendida por uma rede que, hoje, envolve cerca de 1.800 satélites. Juntos, eles oferecem acesso à internet em taxas que variam entre 50 e 150 Mb/s (megabits por segundo).

Para a Boeing, a autorização foi concedida pela Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês) na última quarta-feira (3), mas a companhia fez a solicitação para operar a rede de satélites em 2017.

Como esse tipo de análise demora, a SpaceX teve tempo para, somente em 2019, apresentar à FCC uma objeção ao pedido sob o argumento de que os feixes de uplink dos satélites da Boeing poderiam causar interferência na rede Starlink.

A SpaceX não tentou, explicitamente, impedir a operação dos satélites da Boeing. Na verdade, a companhia “recomendou” à FCC que a configuração da rede rival fosse modificada para evitar o risco de interferência. Tudo indica, porém, que essa intervenção poderia afetar o desempenho ou os custos do serviço da Boeing.

Boeing lançará 147 satélites

Na fase inicial, a rede da Boeing será formada por 147 satélites. 132 unidades orbitarão em uma altitude de 1.056 quilômetros. Os outros 15 corresponderão a satélites não geoestacionários, ou que seja, que não acompanham a rotação da Terra, razão pela qual trabalharão a uma altitude entre 27.355 e 44.221 quilômetros.

Por que não deixar todos os satélites em órbita baixa? De acordo com a Boeing, operar satélites em altitudes altas e baixas permitirá ao seu serviço alcançar cobertura global com custos reduzidos.

Enquanto os satélites Starlink operam dentro das frequências das bandas Ka e Ku, a rede da Boeing trabalhará com a banda V. Teoricamente, esta última permite taxas de transferência de dados mais rápidas, mas tem um risco maior de causar interferência — vem daí a contestação da SpaceX.

Porém, a autorização foi concedida à Boeing sem que a objeção da rival fosse considerada. No entendimento da FCC, a SpaceX não apresentou nenhuma base convincente para justificar a modificação da proposta da Boeing.

O órgão também rejeitou outro argumento da empresa de Elon Musk: o de que a proposta da Boeing de lançar satélites em órbitas baixas, já muito ocupadas, aumentaria o risco de colisão com outros satélites.

Para atenuar os conflitos, a FCC optou por uma “política de boa vizinhança”: todas as partes devem trabalhar em conjunto para estabelecer medidas capazes de eliminar o risco de interferências.

Antena da Starlink (Imagem: divulgação/SpaceX)
Antena da Starlink (Imagem: divulgação/SpaceX)

Boeing não tem pressa

A Boeing declarou que a sua rede de satélites fornecerá acesso banda larga à internet e outros serviços de comunicação nos Estados Unidos, Porto Rico e Ilhas Virgens Americanas. Outros países poderão ser atendidos em etapas futuras.

O lançamento dos satélites não acontecerá prontamente, no entanto. A autorização da FCC dá uma prazo de seis anos para a companhia colocar metade de sua constelação em órbita e nove anos para toda a rede entrar em operação. Só que a Boeing havia pedido prazos maiores.

Estava nos planos da empresa lançar apenas cinco satélites nos seis primeiros anos e colocar os demais em operação em até 12 anos. A FCC recusou esse pedido.

Com informações: Ars Technica, Gizmodo.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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