Starlink lançará mais 7.500 satélites e já causa preocupação com astrônomos

Aumento de satélites de diversas empresas na órbita baixa da Terra já afeta telescópios terrestre

Felipe Freitas
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Antena Starlink (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Antena Starlink (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

A FCC, popular “Anatel americana”, autorizou a SpaceX a lançar mais 7.500 satélites da Starlink. O equipamento integra a segunda geração de satélites, que são maiores e contam com uma antena extra. Mesmo sem ainda serem lançados, os satélites preocupam a comunidade astronômica mundial.

A quantidade de satélites autorizada pela FCC engloba menos de um terço do pedido original. Em 2020, a SpaceX pediu permissão para lançar 29.988 satélites de segunda geração. Esses novos satélites orbitarão as altitudes de 525 km, 530 km e 535 km. 

Novos satélites têm recurso em parceria com a T-Mobile

A segunda geração de satélites da SpaceX é maior que a primeira. Um dos motivos é a adoção de uma grande antena “extra” para que eles suportem comunicação com celulares. Em outras palavras, a “Gen 2” também funciona como uma antena de telefonia móvel — só que na órbita baixa da Terra (LEO, na sigla em inglês).

O recurso é resultado de uma parceria, anunciada em agosto, da SpaceX com a T-Mobile. Dessa maneira, as duas companhias esperam acabar com as “zonas mortas” na cobertura de sinal telefônico — até mesmo no meio dos oceanos. 

Entretanto, a autorização de mais 7.500 satélites será mais dor de cabeça na comunidade científica, incluindo a NASA — cliente da SpaceX.

CEOs da T-Mobile e SpaceX
T-Mobile e SpaceX anunciam parceria (Imagem: Divulgação)

Satélite demais para céu de menos

Há alguns anos, desde quando a internet via satélite começou a popularizar, astrônomos começaram a sofrer com observações em telescópios terrestres. Os dados mais recentes, divulgados em 2020, mostram que 20% das imagens captadas da Terra registram interferências de satélites na LEO.

Essas interferências costumam aparecer como riscos nas imagens. A Starlink não é a única empresa neste ramo, há a OneWeb, a Amazon com o Projeto Kuiper, Viasat e até mesmo a Boeing quer entrar na jogada. Contudo, a internet via satélite da SpaceX é a companhia com mais equipamentos em operação. São mais de 2.200 satélites na LEO, de um total planejado de 10.500. 

Os satélites da OneWeb operam acima de 600 km de altura, assim como alguns equipamentos do Projeto Kuiper — que devem estrear em 2023. A diferença de altura não muda muita coisa na interferência. Em imagens de longa exposição, os satélites acima de 600 km refletiram a luz por mais tempo. Já o equipamento do SpaceX é um problema durante o fim da tarde (crepúsculo). Os novos satélites da Starlink utilizam uma “proteção” para absorver a luz e diminuir a interferência. 

Interferência da Starlink em captura de telescópio terrestre (Imagem: Divulgação/Zwicky Transient Facility)
Interferência da Starlink em captura de telescópio terrestre (Imagem: Divulgação/Zwicky Transient Facility)

Mas a tecnologia de absorção de luz não reduz um outro problema: a poluição espacial e os riscos de colisões. Uma pesquisa Fórum Econômico Mundial divulgada em 2020 apontava que haviam 2.666 satélites operacionais na órbita terrestre. Hoje, isso é praticamente só o que a Starlink tem. 

Com mais satélites em órbita, a NASA e outras agências espaciais são afetadas. A enorme quantidade desses equipamentos reduz a quantidade (e tempo) das janelas de lançamento de missões espaciais. Aliás, até mesmo a SpaceX sofrerá com isso — a empresa é contratada para usar seus foguetes em lançamentos de outras companhias.

Com informações: Engadget e World Economic Forum

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Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.

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