Brasil é último no ranking de países preparados para táxi aéreo
Brasil teve a pior pontuação entre outros 24 colocados em critérios de preparação para incorporar tecnologia do táxi aéreo; Embraer é referência mundial no setor
Brasil teve a pior pontuação entre outros 24 colocados em critérios de preparação para incorporar tecnologia do táxi aéreo; Embraer é referência mundial no setor
Uma pesquisa concluiu que o Brasil é o país menos preparado entre outros 24 para implementar o táxi aéreo. O estudo, realizado pela consultoria KPMG, determinou que a população, leis e política brasileira não estão prontas para adotar a tecnologia, o que levou o Brasil a ficar em uma posição inferior à da Arábia Saudita e da Rússia. É um contraste direto com a Embraer, referência mundial e possui encomendas de veículos de pouso e decolagem vertical (VTOL) movidos à energia elétrica.
A pesquisa da KPMG avaliou cenários de 25 países em preparação para receber os táxis aéreos. A avaliação consiste em quatro pilares considerados essenciais ao processo: aceitação do consumidor; infraestrutura; política e legislação; tecnologia e inovação. Esses quatro critérios estão divididos em sub-itens cuja pontuação máxima é 1. A quantidade total de pontos a ser obtida no estudo é 34.
O Brasil ficou em último lugar da lista com 8,78 pontos, atrás de países como Índia, Polônia, Rússia e Arábia Saudita. Os Estados Unidos são, segundo o índice, a nação mais preparada para implementar a tecnologia do táxi aéreo, com pontuação de 26,11. Em segundo lugar está a Singapura (21,88), seguida de Holanda (21,78), Reino Unido (20,41) e Austrália (20,13).
Ao destacar o primeiro pilar, de aceitação do consumidor, o Brasil tem a população menos disposta a aceitar o táxi aéreo. O país pontuou 0,0 em três categorias: habilidades digitais; uso de tecnologias VTOL entre civis; e capacidade de inovação de mercado. Por outro lado, o volume de tráfego aéreo per capta pontuou 0,93, perto do valor máximo.
Em legislação e política, o país também é o pior da lista. O Brasil deixou de pontuar em dois sub-itens: preparação do governo federal para mudança; e futura orientação do governo. O que levantou a média de pontos obtida nesse pilar foi a regulamentação de drones, na qual o Brasil obteve o mesmo número de pontos que os EUA — 0,71.
Quando se trata de infraestrutura para aceitar os táxis aéreos, o Brasil supera em pontos a Irlanda, a Rússia e a Espanha. Já no quesito de tecnologia e inovação, o país tem a segunda pior pontuação, à frente apenas da Índia.
“Os táxis aéreos vão revolucionar a mobilidade urbana, mas alguns países estão mais prontos do que outros para isso”, explica Márcio Peppe, sócio-líder de Aviação da KPMG no Brasil. O executivo complementou:
“Um dos principais desafios das empresas de aviação atualmente está na adequação às tendências que podem moldar a próxima década. Tecnologias como Inteligência Artificial, big data, Internet das Coisas, propulsão elétrica, além de fatores como combustíveis sintéticos e de hidrogênio, devem transformar para sempre as operações e os negócios nesse setor.”
O mercado de táxis aéreos deve se expandir nas próximas décadas, à medida em que os principais centros urbanos do mundo procuram alternativas ecológicas e eficientes ao trânsito do dia a dia. O banco Morgan Stanley avalia que o setor de VTOLs deve movimentar US$ 1 trilhão — algo como R$ 5,6 trilhões — até 2040.
A KPMG comenta na pesquisa que o ramo vem de um momento de “corrida do ouro” por parte investidores. Muitas empresas esperam introduzir os primeiros modelos de táxi aéreo nos próximos três anos.
A Embraer possui seu próprio modelo de VTOL movido a energia elétrica a partir da Eve Mobility Air Solutions, braço da empresa brasileira. A startup já tem pelo menos três acordos para fornecer aeronaves à Halo, que opera nos EUA e no Reino Unido, e à Helisul, do Brasil.
A Eve conseguiu mais uma parceria em dezembro: uma encomenda de 60 eVTOLs para a australiana Sydney Seaplanes.
Apesar da Embraer ser uma das referências do mercado mundial para produção de táxis aéreos, a KMPG adverte que investir no mercado brasileiro só terá retorno financeiro a longo prazo. “O investidor deve olhar com cautela e apreensão à preparação de mercados alvo, e não pensar apenas em seu tamanho” diz a consultoria.
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