Acontece amanhã a final do Ultimate Robot Combat, disputa levada à Campus Party pelo Submarino que reúne os melhores criadores de robôs do Brasil em uma espécie de vale-tudo. Fomos hoje conhecer os semi-finalistas da competição, as equipes Uai!rrior, Orion e RioBotz, e suas máquinas.

A Uai!rrior é formada por estudantes de engenharia da Universidade Federal de Itajubá, em Minas Gerais, e trouxe para a competição o General, robô que já foi vice-campeão no mundial e do qual você talvez tenha ouvido falar nos últimos dias: ele era o que tinha lança-chamas.

A equipe resolveu remover essa arma do carro porque era “covardia” com as outras equipes. Não que isso o deixe sem alternativas: a principal passou a ser uma espécie de garra em um disco que roda a 5400 rpm e, quando acerta outra máquina, consegue lançá-la a uma distância de 3 metros.

Esse é o lança-chamas...
Esse é o lança-chamas…
... E esse é o General com as garras para cima
… E esse é o General com as garras para cima

Se o alcance do General já é impressionante, o Touro, da RioBotz, da PUC do Rio de Janeiro, tem uma peça semelhante que pesa 13 kg e atinge a marca de 8 mil rpm. Ela consegue atirar a outra máquina com tanta força que chega até o teto da arena – e estamos falando de robôs de 55 kg, que compõem a categoria middleweight, na qual todos os competidores estão inseridos. O impacto é equivalente ao de um pente de AK47 descarregado, segundo os estudantes que cuidam dele.

O Touro estava desmontado quando visitamos a área. Essas são as duas opções de "arma" dele
O Touro estava desmontado quando visitamos a área. Essas são as duas opções de “arma” dele

O Touro é a arma principal da RioBotz e é tricampeão no torneio mundial, sendo que o título mais recente é do ano passado. Mas não é a única: também chegou à semi-final o Maloney, que é um pouco mais simples que o outro, mas também tem títulos mundiais no currículo. O Maloney tem quatro motores e sua “arma” é uma rampa que pode virar os oponentes de ponta cabeça.

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Maloney em meio a seus reparos

Essa manobra é comum na competição, mas a equipe Triton foi a única que levou um robô que pode superá-la: o Orion, cujas rodas atravessam seu corpo e permitem que ele rode mesmo de ponta-cabeça.

Das semi-finalistas, a Triton é a única equipe particular, não atrelada a alguma faculdade. Ela existe há oito anos e consegue cortar os custos de montagem dos robôs tendo isso feito internamente. Só as peças do Orion custam cerca de 25 mil reais; com a mão de obra, chegaria a 40 mil, segundo um dos membros. Os robôs dos outros oponentes, segundo seus responsáveis, são mais baratos: ficam em torno de 15 e 20 mil reais, normalmente pagos por patrocinadores.

Orion e seus motores. Na parte frontal, a rampa de impacto com dentes separados, que foi a escolhida para a semi-final
Orion e seus motores. Na parte frontal, a rampa de impacto com dentes separados, que foi a escolhida para a semi-final

O que encarece tanto os robôs é o material utilizado, que precisa ser extremamente resistente para aguentar as porradas. O pessoal da RioBotz conta que, entre eles, são utilizados alumínio aeronáutico e naval e um tipo de aço que é encontrado em plataformas de petróleo. As baterias saem por cerca de 600 dólares e requerem muito cuidado, já que seu interior é tóxico e, se a proteção for rompida, ocorre um belo estrago – o que torna a preocupação com o calor um caso à parte, ainda mais neste calor. As equipes não tiveram nenhum problema crítico de superaquecimento no Ultimate Robot Combat, mas há casos de robôs que perderam batalhas em campeonatos mundiais por causa disso.

Talvez você tenha reparado que as rampas dos robôs estão com uma capinha em quase todas as fotos. É que elas são muito afiadas e, para prevenir que alguém acidentalmente se machuque, é preciso utilizar essa proteção. Ainda assim, acidentes acontecem – pudera, é um ambiente pequeno, com muita gente e ferramentas bem perigosas por todos os cantos. Um dos integrantes do RioBotz estava com o dedo enrolado em um esparadrapo, resultado de um encontro com um ferro de solda. Pequenos cortes também são comuns, mas unanimidade mesmo são as mãos sujas durante todo o campeonato, de tanto fazer reparos nos robôs.

Na chave de hoje, Maloney perdeu para o General e foi eliminado. General já está na final; amanhã, às 11h, Touro e Orion se enfrentam para que o segundo finalista seja decidido. O Ultimate Robot Combat termina amanhã, às 12h30 horas, e ocorre na área aberta ao público. Se quiser acompanhar  ao vivo de casa, ela também é transmitida pela internet. Além da viagem ao Vale do Silício, os vencedores também levam R$ 10 mil em compras no Submarino.

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Giovana Penatti

Giovana Penatti

Ex-editora

Giovana Penatti é jornalista formada pela Unesp e foi editora no Tecnoblog entre 2013 e 2014. Escreveu sobre inovação, produtos, crowdfunding e cobriu eventos nacionais e internacionais. Em 2009, foi vencedora do prêmio Rumos do Jornalismo Cultural, do Itaú. É especialista em marketing de conteúdo e comunicação corporativa.

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