CEO some, e empresa que fornece serviços ao Debian e Gnome é encerrada

Fosshost é um serviço de computação nas nuvens para projetos de código aberto; com sumiço de CEO, iniciativa não pode ser mantida

Emerson Alecrim
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Fosshost está sendo descontinuado (imagem: Lance Cheung/Rawpixel)
Fosshost está sendo descontinuado (imagem: Lance Cheung/Rawpixel)

Manter softwares de código aberto tem custos. O Fosshost é um serviço que, por ser gratuito, elimina gastos com hospedagem para projetos do tipo. Melhor dizendo, eliminava. A plataforma está sendo encerrada. Motivo: Thomas Markey, CEO do Fosshost, simplesmente sumiu.

Como sede no Reino Unido, a plataforma surgiu em 2020 com a proposta de oferecer serviços de computação nas nuvens gratuitos para projetos Foss (Free and Open Source Software), isto é, livres e com código aberto.

Por não haver fins lucrativos no Fosshost, projetos Foss podiam ser armazenados, espelhados, desenvolvidos e testados por lá gratuitamente.

A qualidade dos serviços oferecidos fez o Fosshost terminar 2021 com cerca de 250 projetos de código aberto hospedados. Entre eles estão projetos ligados a organizações como Gnome, Debian e Free Software Foundation Europe (FSFE).

Mas, em 2022, a plataforma começou a ruir.

O que acontece com o Fosshost?

De acordo com o BleepingComputer, o Fosshost tem um ponto fraco importante: ser fortemente dependente de Markey. Aparentemente, o CEO é a única pessoa que tem acesso às contas bancárias necessárias para manter a plataforma em operação.

Em uma discussão sobre o assunto no YCombinator Hacker News, um suposto voluntário do Fosshost comentou que Markey está há cerca de seis meses sem administrar a plataforma ou responder aos contatos de seus membros.

Como Markey controla as contas bancárias, a equipe remanescente não consegue pagar pelos serviços de colocation que hospedam os servidores do Fosshost.

As consequências começaram a aparecer para a comunidade em agosto, quando o Fosshost deixou de oferecer serviços baseados na arquitetura AArch64. Na ocasião, a plataforma também anunciou que a sua equipe de liderança estava “sob revisão”.

Em setembro, alguns aplicativos foram suspensos por limitações de escalabilidade. Em novembro, um nó da plataforma em Chicago ficou inacessível. Isso porque, supostamente, apenas o CEO tem as credenciais para fazer operações com esse servidor.

Aviso de encerramento no site do Fosshost (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Aviso de encerramento no site do Fosshost (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

O último apaga a luz

Com o sumiço ainda não explicado de Thomas Markey, a situação do Fosshost ficou insustentável. No último fim de semana, o site oficial passou a exibir um aviso de que a iniciativa será descontinuada. Administradores dos projetos hospedados ali foram orientados a migrá-los o quanto antes.

É lamentável que uma iniciativa útil como essa desapareça sob circunstâncias tão estranhas. Ao menos a ideia não esmoreceu. Voluntários do Fosshost e entusiastas de Foss anunciaram um serviço semelhante: o Radix Project. Tomara que este tenha mais sorte e, claro, que o mistério sobre Markey seja esclarecido.

Atualização em 9 de dezembro de 2022: Thomas Markey reapareceu depois do anúncio do fechamento da Fasshost e contou o que levou a iniciativa à ruína.

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Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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