EUA anunciam sanções em chips, PCs e lasers para limitar poder da Rússia

Após a invasão da Ucrânia, Departamento de Comércio dos EUA anuncia novo pacote de medidas para impedir acesso da Rússia a “tecnologias de ponta”

Pedro Knoth
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Ceitec disse em e-mail que funcionários podem escolher se querem voltar ao antigo emprego (Imagem: Niek Doup/ Unsplash)
Chips, computadores, lasers: sanções dos EUA proíbem venda de tecnologias americanas à Rússia (Imagem: Niek Doup/ Unsplash)

Os Estados Unidos lançaram um novo pacote de sanções contra a Rússia, mirando o setor financeiro e exportações de “tecnologias de ponta” ao país. As novas punições comerciais têm o objetivo de minar a invasão da Ucrânia, prejudicando a economia russa e o envio de itens como lasers de precisão, semicondutores, computadores, sensores, e equipamentos de telecomunicações e segurança da informação.

De acordo com a Casa Branca, as sanções anunciadas na quinta-feira (24) têm o objetivo de sufocar importações de itens tecnológicos “críticos a uma economia diversificada e importantes para a habilidade de Putin [presidente russo] em projetar poder”.

Isso inclui um pacote de medidas econômicas para limitar o acesso das forças marítimas, aéreas e de defesa da Rússia à tecnologia de ponta fabricada por empresas americanas e vendidas em outros países. Qualquer dispositivo que use softwares ou equipamento de origem norte-americana também será vetado. Um porta-voz da Casa Branca disse à Axios:

“Se a Rússia quiser desenvolver esses setores, ela precisa importar tecnologias e produtos que somente nós, e nossos aliados e parceiros, produzem. E, portanto, [as sanções] levam à diminuição da capacidade produtiva do país a longo prazo.”

O Departamento de Comércio dos EUA ressaltou que uma série de aliados apoiaria as sanções comerciais e tecnológicas contra a Rússia: União Europeia, Austrália, Canadá, Japão, Nova Zelândia e Reino Unido.

EUA não descartam limitar acesso ao sistema SWIFT

Biden comentou sobre as novas sanções em pronunciamento oficial. É o segundo pacote de medidas econômicas contra a Rússia desde a terça-feira (23) — um dia antes da invasão à Ucrânia —, quando os EUA limitaram o acesso do governo russo e mais duas instituições financeiras do país aos sistemas financeiros ocidentais.

Entretanto, Biden afirmou que os EUA e seus aliados não impediriam o acesso da Rússia ao sistema de transações globais bancárias SWIFT, porque a Europa não gostaria que isso ocorresse. Todavia, essa opção permanece viável.

O governo Putin prometeu retaliação aos EUA por meio de sanções aplicadas aos norte-americanos. A medida de Biden pode ter outros efeitos colaterais, no caso de um embate comercial entre as duas potências.

Rússia e Ucrânia são importantes para indústria de chips

Os dois países envolvidos no conflito armado são grandes exportadores de gás neon e paládio, essenciais para a indústria de chips e produção de equipamentos militares. A rede CNBC aponta que os EUA importam a maior parte dessas substâncias de ambos. Quando se trata apenas da Rússia, 35% do paládio no país é exportado vai para os norte-americanos.

Bandeira da Rússia (Imagem: Balkan Photos/Flickr)
Bandeira da Rússia (Imagem: Balkan Photos/Flickr)

As sanções dos EUA levantam outro temor à indústria de tecnologia: a dependência dos componentes americanos. Em entrevista ao site Politico, Paul Triolo, chefe de Política em Tecnologia da firma Allbright Stonebridge Group, contou que não há precedente de uma punição internacional que bloqueie o acesso total de um país a indústria de chips.

“No mínimo, isso se soma às preocupações da indústria ao redor de consequências não previstas do governo dos EUA usando sua posição de líder no setor de tecnologia e semicondutores como uma arma”, disse Triolo.

Com as limitações na exportação de tecnologia, a Rússia pode acabar aumentando sua dependência da China: cerca de 70% das importações de tecnologia e smartphones do país vêm do vizinho asiático.

Com informações: Gizmodo e NPR

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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