EUA dependem tanto de chips da TSMC que temem China no comando da empresa

Governo dos Estados Unidos reconhece que taiwanesa TSMC produz 92% dos chips de alta tecnologia de companhias americanas

Emerson Alecrim
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Prédio da TSMC (imagem: divulgação/TSMC)
Prédio da TSMC (imagem: divulgação/TSMC)

A TSMC fica em Taiwan, território que se vê como independente, mas que vive sob ameaça de ser assumido pela China. Para Gina Raimondo, secretária de comércio dos Estados Unidos, isso seria “absolutamente devastador”. Pudera: 92% dos chips de ponta comprados por organizações americanas são produzidos pela TSMC.

TSMC produz chips para Nvidia, Apple e outras empresas

O motivo de uma porcentagem tão grande reside no fato de a TSMC ser a companhia que mais produz chips para outras empresas. Entre os seus maiores clientes estão as americanas Nvidia e Apple. Essas companhias, assim como tantas outras, desenvolvem os próprios chips, mas terceirizam a sua fabricação.

Uma das exceções é a Intel, um dos poucos players do setor de semicondutores que desenvolvem e produzem os próprios chips. A companhia até tem uma divisão que fabrica chips para outras organizações, sob encomenda. Mas a Intel Foundry, como é chamada, ainda não tem grande capacidade produtiva.

A Intel vai receber cerca de US$ 20 bilhões do governo dos Estados Unidos para expandir as suas fábricas e, para esse fim, fala em investir US$ 100 bilhões ao longo dos próximos cincos anos. Mas os resultados desses esforços demorarão para aparecer.

Hoje, a única empresa que consegue atender às demandas de empresas americanas é a TSMC. Então, quando Gina Raimondo foi questionada em uma audiência no Congresso dos Estados Unidos sobre o impacto de uma possível tomada de controle de Taiwan pela China, a resposta dada por ela não foi exatamente uma surpresa.

Foi a própria secretária que declarou que “os Estados Unidos compram 92% de seus chips de ponta da TSMC, em Taiwan”. Também foi Raimondo que anunciou, em abril, que o Departamento de Comércio concederá US$ 6,6 bilhões em subsídios para a unidade americana da TSMC, além de possíveis empréstimos de até US$ 5 bilhões.

Wafer de chips (imagem: divulgação/TSMC)
Wafer de chips (imagem: divulgação/TSMC)

EUA de braços abertos para a TSMC

De acordo com a Reuters, todo esse movimento faz parte de um plano de ampla produção de chips avançados pela TSMC no Arizona. A intenção da companhia é fazer essa unidade iniciar a fabricação de grandes volumes de chips já no primeiro trimestre de 2025.

Essa produção será conduzida pela primeira fábrica da TSMC, que se focará em chips com tecnologias de 4 e 5 nanômetros, conta o Tom’s Hardware. Uma segunda fábrica deverá entrar em operação até 2028 para produzir chips de 2 nanômetros. Haverá ainda uma terceira fábrica para entrar em operação até 2030.

Em linhas gerais, a TSMC fala em investir US$ 65 bilhões na produção de chips em território americano.

Talvez Taiwan nunca venha a ser controlada pela China. Mas, pelo menos enquanto a Intel não puder ampliar a sua produção, “abraçar” a TSMC parece ser mesmo um bom negócio.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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