Huawei “esnoba” sanções dos EUA e usa chip chinês de 7 nm no Mate 60 Pro

Desmanche confirma que Huawei Mate 60 Pro usa chip de 7 nm fabricado pela SMIC. Mesmo defasado, processador mostra progresso da fabricação local.

Giovanni Santa Rosa
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Smartphone Huawei Mate 60 Pro na cor lilás
Mate 60 Pro (Imagem: Divulgação/Huawei)

As sanções impostas pelo governo dos EUA limitaram o acesso da Huawei a tecnologias usadas por grande parte das fabricantes do mundo. Mesmo assim, a companhia está fazendo avanços. O Huawei Mate 60 Pro, smartphone de topo de linha da marca lançado no fim de agosto, usa um chip feito com processo de 7 nm, da SMIC.

As informações são da Bloomberg, que encomendou à TechInsights um desmanche de um Mate 60 Pro para analisar os componentes.

Segundo a análise, o aparelho usa um processador Kirin 9000s, fabricado com o processo de litografia de 7 nm da companhia chinesa Semiconductor Manufacturing International Corp. (SMIC).

Os testes realizados pela TechInsights mostram que a velocidade do 5G do Huawei Mate 60 Pro está em pé de igualdade com os iPhones mais recentes.

Por que o chip do Huawei Mate 60 Pro é importante

Quanto menor o processo de litografia, mais próximos estão os transistores, o que significa que é possível colocar um número maior em um mesmo espaço, elevando o desempenho. Além disso, a menor distância entre transistores representa mais eficiência energética.

Um processo de 7 nm, por si só, não é impressionante. Chips usados por smartphones de Apple e Samsung, por exemplo, já estão nos 4 nm e podem avançar para 3 nm nos próximos anos. O chip do Mate 60 Pro, portanto, está atrasado.

O que importa aqui é que uma empresa chinesa conseguiu criar um chip de 7 nm com tecnologia própria, já que a Huawei está impedida de usar tecnologias de empresas dos EUA. Analistas acreditam que o país asiático pode caminhando para criar um ecossistema doméstico de semicondutores.

Futuro da empresa continua incerto

Uma questão que surge é se a SMIC estaria cumprindo as regras norte-americanas. O governo dos EUA estipulou que qualquer empresa que pretenda atuar como fornecedora para a Huawei deve pedir aprovação para Washington.

Recentemente, uma associação do setor acusou a Huawei pela existência de supostas fábricas secretas de microchips.

Também fica em dúvida a capacidade de produção em larga escala. O Huawei Mate 60 Pro é um aparelho de topo de linha, o que significa que ele não deve vender tanto.

A SMIC pode ter dificuldades técnicas com os próximos passos. A Taiwan Semiconductor Manufacturing Co., que fornece os chips de 4 nm da Apple, usa um processo chamado litografia ultravioleta extrema, com máquinas da holandesa ASML Holding NV. No entanto, a China está proibida de importar esses equipamentos.

Relembre as sanções dos EUA contra a Huawei

As medidas dos EUA contra a Huawei já têm mais de cinco anos. Elas surgiram após suspeitas de que os aparelhos facilitariam a espionagem pelo governo chinês e se intensificaram com a acusação de fraudes e a violação de sanções aplicadas ao Irã.

Em 2019, o governo dos EUA colocou a Huawei em uma lista de entidades não-confiáveis, proibindo empresas americanas ou que usavam propriedade intelectual de empresas americanas de fazer negócios com a companhia chinesa.

Isso cortou o acesso da Huawei a vários recursos, como o Android, os serviços do Google para smartphones, processadores da Intel e Qualcomm, e chips da TSMC, para citar alguns exemplos.

Com informações: Bloomberg

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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