Empresa possui mais de 400 aparelhos só para testar aplicativos Android

É só diferenciação.

Paulo Higa
• Atualizado há 8 meses

A fragmentação está entre as maiores críticas feitas ao Android. Se por um lado essa característica populariza o sistema e permite que os usuários escolham entre inúmeros smartphones e tablets, por outro lado isso atrapalha os desenvolvedores e gera problemas de incompatibilidade com os aplicativos. A prova disso é uma foto da Animoca, uma empresa de Hong Kong que possui mais de 400 aparelhos diferentes só para testar seus aplicativos.

A Animoca desenvolve especialmente jogos para Android e é uma empresa bem sucedida – seus aplicativos já foram baixados mais de 70 milhões de vezes. Antes de lançar novos títulos, no entanto, é necessário assegurar que eles funcionarão corretamente nos smartphones e tablets dos usuários. E como fazer isso? Assim, ó:

Simples assim.

Na teoria é bem simples: basta utilizar um hardware padrão e assumir que todos os dispositivos com componentes semelhantes também rodarão os aplicativos. O problema é que não há nenhum padrão estabelecido para o hardware dos aparelhos – basicamente qualquer fabricante utiliza o processador que quiser, da marca que quiser, desde que ele consiga rodar o Android. Isso não acontece nos outros sistemas – no Windows Phone, a Microsoft exige que os aparelhos rodem séries específicas de processadores Snapdragon para manter a compatibilidade. E no iOS, o número de dispositivos é bem limitado, logo não há muitos problemas.

O CEO da Animoca, Yat Siu, revela que cerca de 600 dispositivos Android diferentes utilizam seus aplicativos, mas grande parte deles nem estão mais disponíveis para venda, o que acaba dificultando ainda mais os testes. Felizmente eles possuem investimentos da Intel e da IDG-Accel, o que permite a compra das centenas de smartphones e (obviamente) a contratação dos funcionários que testarão os aplicativos.

Eles não são os únicos; o cofundador da Pocket Gems, que lançou seu primeiro jogo exclusivo para Android nesta semana, tirou uma foto da coleção de smartphones e tablets da empresa. Bem mais modesto do que os 400 dispositivos da Animoca, mas ainda assim bastante assustador:

Nem são tantos assim, vai.

No próprio post do TechCrunch, Carmen Crincoli, que cuida dos produtos relacionados a nuvem na Microsoft, não economizou palavras num comentário para defender o árduo trabalho que a empresa de Redmond faz para manter o Windows funcionando nas inúmeras combinações de hardware dos PCs:

É por isso que eu digo às pessoas que nós (Microsoft) não somos elogiados o suficiente pelo nosso trabalho de compatibilidade do Windows. Você consegue imaginar como seria desenvolver softwares para PCs se a fabricante do seu sistema operacional não pudesse disponibilizar um conjunto de APIs e comportamentos que permitisse que você escrevesse seu código apenas uma vez e ele funcionasse em todos os lugares? Existem literalmente milhões de configurações únicas e você precisa fazer seus softwares funcionarem em todos eles. Existem problemas pontuais mesmo com o Windows, claro, mas este comentário é exatamente para explicar por que o Windows é um projeto tão grande. Todo esse trabalho é feito para evitar esse tipo de problema.

A tonelada de smartphones e tablets Android lançados todos os meses também contribui com a falta de atualizações, a estagnação das tecnologias utilizadas nos aplicativos e vários outros problemas que já foram extremamente discutidos em outras oportunidades. Eric Schmidt chama isso de diferenciação.

Leia | O que é e para que serve um SDK?

Relacionados

Escrito por

Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.