Se você é uma das três pessoas que usam o Allo, é melhor procurar uma alternativa desde já: o app de mensagens continua funcionando, mas o Google reconheceu que os investimentos na ferramenta estão pausados. Esse é um forte indício de que, quase dois anos após o seu lançamento, o Allo já vislumbra o começo do fim.
A informação foi dada ao The Verge por Anil Sabharwal, líder da área de comunicações do Google. Ele disse que os investimentos estão pausados como uma forma suave de admitir que o desenvolvimento do Allo está parado e provavelmente não retornará: a equipe responsável pela ferramenta trabalha atualmente com o RCS, padrão de comunicação tido como a evolução do SMS.
Os motivos são óbvios: a adesão ao Allo é muito baixa. “O produto como um todo não atingiu o impulsionamento que esperávamos”, justifica Sabharwal.
Em que ponto o Google errou? Talvez no atraso. O Allo chegou quando serviços como WhatsApp e Facebook Messenger já estavam consolidados. O excesso de apps também pode ter contribuído: temos o Allo como serviço de mensagens focado em dispositivos móveis, o Duo como ferramenta para videoconferências e o veterano Hangouts como plataforma mais ampla de mensagens e transmissões.
Do ponto de vista funcional, o Allo é interessante. Ele traz todos os recursos esperados para um mensageiro instantâneo, como envio de fotos e mensagens de voz. Alguns acréscimos contam pontos, como o suporte a adesivos e tradução de mensagens.
Nesse sentido, um diferencial do Allo é a integração com o Google Assistente: você pode perguntar a ele a previsão do tempo ou deixá-lo responder automaticamente às mensagens e fotos que chegam até você.
Quando o Google apresentou o Allo, em 2016, ficou claro que a companhia acreditava que encher a ferramenta de funcionalidades seria suficiente para atrair usuários. Não foi. O Google agora aposta alto no RCS e, mostrando que aprendeu a lição (será?), vai tentar uma abordagem diferente.
Começa pelo funcionamento. Além de mensagens de texto, o RCS suporta vídeos, fotos, bate-papo em grupo, entre outros recursos, mas segue a dinâmica do SMS, portanto, depende de parcerias com fabricantes de smartphones e operadoras para funcionar.
O uso de um nome mais amigável também é uma estratégia: recentemente, o Google optou por chamar a sua implementação do RCS simplesmente de Chat. O padrão vai funcionar no Android Mensagens e no aplicativo equivalente da Samsung, só para dar alguns exemplos.
Se vai dar certo é outra história, mas o Google já fechou parcerias com fabricantes como Samsung (como já ficou claro), LG, Asus e Lenovo, além de diversas operadoras no mundo todo — no Brasil, já há acordos com Oi, Claro e Vivo.
Quanto ao Allo, o Google não definiu uma data para descontinuá-lo, mas tudo indica que a ferramenta não deve durar muito. Já o Duo (que foi lançado junto com o Allo, vale relembrar), parece ter mais aceitação e, por isso, deve sobreviver por mais tempo, embora o Google não tenha comentado nada a respeito da ferramenta.