Google confirma megavazamento de documentos confidenciais sobre buscas

Mais de 2.500 páginas de documentos sigilosos que detalham como buscador do Google funciona foram liberados na internet sem autorização da companhia

Emerson Alecrim
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Ilustração com uma lupa sobre uma caixa de busca. Atrás estão alguns robôs.
Google cogita cobrar de usuários por buscas com IA (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Como gigante da tecnologia, é difícil imaginar o Google sendo vítima de um vazamento de dados. Mas isso aconteceu. A companhia admitiu que uma coleção com mais de 2.500 páginas internas que detalham como o seu buscador funciona foi disponibilizada na internet sem a sua autorização.

Os tais documentos explicam como os algoritmos do Google atuam para classificar páginas nos resultados das buscas. As informações contidas ali revelam detalhes que a companhia nunca expôs publicamente para evitar comprometimento de sua tecnologia e de seus interesses.

O nível de detalhamento e organização já eram fortes sinais de que a documentação vinha mesmo do Google, mas a companhia demorou a admitir o vazamento. O reconhecimento só veio na quarta-feira (29), de acordo com o Verge. E isso depois de o veículo ter feito vários pedidos de posicionamento à empresa.

Um vazamento polêmico

Alguns especialistas em SEO (Search Engine Optimization) se debruçaram sobre a documentação, com destaque para Rand Fishkin, cofundador da SparkToro. Em linhas gerais, essas análises concluem que o Google não vem sendo totalmente transparente nas orientações dadas a editores de sites e profissionais de SEO que visam posicionar bem as suas páginas nos resultados do buscador.

Os documentos sugerem, por exemplo, que a quantidade de links que uma página recebe ainda é um importante critério de classificação, embora especialistas do Google tenham dado a entender nos últimos anos que editores e profissionais de SEO não deveriam se preocupar tanto com isso.

O Google reconheceu o vazamento, mas optou por não comentar as análises feitas sobre os documentos. Apesar disso, a companhia pediu para que os interessados pelo assunto não façam “suposições imprecisas” sobre o buscador:

Nós alertamos a respeito de não se fazer suposições imprecisas sobre a Pesquisa [buscador] baseadas em informações foram de contexto, datadas ou incompletas.

(…) Compartilhamos amplas informações sobre como a Pesquisa funciona e os tipos de fatores que nossos sistemas consideram, ao mesmo tempo que trabalhamos para proteger a integridade de nossos resultados contra manipulações.

Davis Thompson, porta-voz do Google

Aplicativo do Google para Android (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Aplicativo do Google para Android (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Como e quando o vazamento ocorreu são perguntas que ainda estão sem resposta.

Impacto futuro

Ainda não dá para saber se ou como o megavazamento terá impacto na relação do Google com o “mercado” de SEO. É possível que a companhia seja pressionada a esclarecer dúvidas oriundas das análises dos documentos ou para ser mais transparente nas informações técnicas que divulga sobre o seu buscador.

Presumivelmente, o Google também deverá se preocupar com o risco de as informações vazadas serem suficientes para que o buscador seja manipulado para favorecer páginas específicas nos resultados das pesquisas.

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Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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