Google cogita cobrar de usuários por buscas com IA

Modelo de assinatura seria uma forma de o Google compensar os custos dos resultados apresentados por sua IA generativa

Emerson Alecrim
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Ilustração com uma lupa sobre uma caixa de busca. Atrás estão alguns robôs.
Google cogita cobrar de usuários por buscas com IA (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

O Google pode começar a cobrar para dar acesso a recursos avançados (premium) de suas ferramentas generativas. Se essa possibilidade se confirmar, buscas baseadas em inteligência artificial (IA) exigirão uma assinatura periódica, dependendo do tipo de resultado esperado pelo usuário.

A informação vem do Financial Times, que afirma ter descoberto o plano com três pessoas próximas ao Google. A proposta causa espanto. Cobrar por recursos avançados não é uma abordagem inédita para a companhia. Mas, se o plano vigorar, será a primeira vez que o Google cobra para apresentar resultados de buscas.

De acordo com o plano, a ideia é fazer a busca convencional seguir gratuita para todos os usuários. A assinatura passaria a ser exigida para determinados níveis de pesquisa baseados em IA generativa. Apesar do pagamento, esses resultados ainda seriam apresentados junto com anúncios publicitários.

Motivo da cobrança: custos da IA generativa

A provável razão para o plano de cobrar por recursos de IA generativa é o custo que esse tipo de aplicação tem. Estima-se que uma busca baseada no Gemini custe cerca de dez vezes mais para o Google do que uma pesquisa convencional no buscador.

Isso porque a execução de tarefas via inteligência artificial é mais complexa, exigindo mais recursos de processamento e energia.

Cobrar por resultados baseados em IA generativa, pelo menos para aqueles que são mais complexos, seria uma forma de reduzir os tais custos ou, quando houver um equilíbrio nesse quesito, fazer o Google ter uma nova fonte de receita.

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Interface do site do Gemini, que gera resultados com base em IA (Imagem: Thássius Veloso/Tecnoblog)

Decisão de cobrar não foi confirmada (ainda)

O Google não confirmou se pretende executar esse plano, razão pela qual os valores dos supostos recursos premium nas buscas ainda não são conhecidos.

Essa hesitação, por assim dizer, faz sentido se levarmos em conta que o sucesso de um modelo de assinaturas para buscas com IA generativa dependerá da percepção de custo-benefício pelos usuários.

Um assinante em potencial pode desistir da ideia ao descobrir que, mesmo pagando, verá anúncios nos resultados. Além disso, é de se presumir que quem paga espera por resultados mais precisos, aspecto que ainda é um desafio para a IA generativa.

O Financial Times destaca ainda o alerta que analistas deram ao Google de que, se o buscador oferecer resultados baseados em IA que não exigem que os usuários acessem páginas externas para obter as informações que procuram, a companhia poderá sofrer um impacto negativo em seu principal negócio: publicidade online.

Esse último aspecto é um paradoxo. Se por um lado resultados gerados por IA podem prejudicar as redes de publicidade, por outro, o modelo de assinatura poderia compensar as perdas de receita do Google nesse setor. Mas isso somente se houver uma adesão significativa à proposta.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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