Homem que diz ter inventado bitcoin processa site por violar direito autoral

Craig Wright quer provar que é o criador do bitcoin (BTC) através de um processo judicial contra o operador do site bitcoin.org

Bruno Ignacio
• Atualizado há 1 mês

A criação do bitcoin (BTC), a primeira criptomoeda do mundo, é atribuída a Satoshi Nakamoto, um pseudônimo que foi usado para manter sua verdadeira identidade desconhecida até hoje. Conforme foi ganhando valor e popularidade, muitos alegaram ser a mente por trás da moeda digital. Agora, a Suprema Corte de Londres concordou em ouvir um cientista da computação australiano que alega ser o verdadeiro criador do bitcoin em um processo por uma suposta violação de direitos autorais.

Homem alega ser Satoshi Nakamoto, criador do bitcoin, em ação judicial por violação de direitos autorais (Imagem: Crypto Crow/Flickr)
Homem alega ser Satoshi Nakamoto, criador do bitcoin, em ação judicial por violação de direitos autorais (Imagem: Crypto Crow/Flickr)

As informações foram publicadas originalmente pela Reuters nesta última quinta-feira (22). Craig Wright afirma ter desenvolvido a primeira criptomoeda do mundo e está processando o operador e editor do site bitcoin.org, que atende por “Cobra”, outro pseudônimo que mantém sua verdadeira identidade em segredo. A Corte não possui seu nome ou endereço, fazendo com que o caso fosse nomeado de “Wright v pessoa desconhecida”.

Wright afirma ser criador do bitcoin desde 2015

O cientista da computação australiano foi inicialmente apontado como o suposto inventor do bitcoin ainda em 2015, porém ele ficou conhecido como uma das principais “fraudes” que tentam assumir a identidade de Satoshi Nakamoto. Algumas investigações identificaram inconsistências nas alegações de Wright, que por sua vez foi desmascarado como um impostor.

Porém, isso não o impediu que continuar com o seu discurso. Com 51 anos, Wright mora no Reino Unido e agora acusa Cobra de violação de direitos autorais envolvendo conteúdo de seu site bitcoin.org, levantando um processo na justiça que exige a remoção do “White Paper” da criptomoeda, um documento de 2008 que teria sido publicado pelo próprio Satoshi Nakamoto descrevendo a tecnologia por trás da moeda digital.

Para Cobra, processo não tem mérito

Wright acusa Cobra de violar seus supostos direitos autorais há meses. Em janeiro, o operador do bitcoin.org publicou uma declaração no blog do site se defendendo das alegações, chamando-as de “sem mérito”. No mesmo mês, ele também se dirigiu aos advogados de Wright pelo Twitter, afirmando que as acusações “podem ser facilmente verificadas como falsas”, apontando ainda que seu domínio nem sequer é sediado no Reino Unido, informação confirmada por documentos obtidos pela Reuters.

“Fomos ameaçados de retirar o White Paper” do bitcoin por alguém que obviamente não é o inventor da criptomoeda (se fosse, isso o tornaria a 25ª pessoa mais rica do mundo, o que obviamente ele não é). Parece que ele está tentando abusar dos tribunais do Reino Unido para fazê-los censurar o White Paper e assediar pequenos sites como nós, que fornecem conteúdo educacional”, afirmou Cobra à Reuters.

Ação quer provar que Wright é Satoshi Nakamoto

Porém, a equipe jurídica de Wright se mostra confiante diante de suas chances no tribunal. “O caso vai girar em torno da possibilidade do tribunal estar convencido de que o Sr. Wright realmente foi o autor – e detém os direitos autorais – do White Paper do bitcoin e, portanto, que ele é de fato Satoshi Nakamoto”, disse Simon Cohen, que está representando Wright, à Reuters.

O objetivo de Wright parece não ser um simples processo de direitos autorais ou alguma improvável compensação financeira. A ação leva à justiça pela primeira vez uma pauta que poderia ajudá-lo a comprovar que ele seria realmente o criador do bitcoin. Não é a primeira vez que ele tenta levar a pauta para o tribunal, mas é a primeira vez que a Corte aceita ouvi-lo.

Com informações: Reuters

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Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.