Instagram muda algoritmo em meio a acusações de ocultar posts pró-Palestina
Instagram e Facebook são acusados de limitar alcance de postagens pró-Palestina e que contêm palavras como "mártir" e "resistência"
Instagram e Facebook são acusados de limitar alcance de postagens pró-Palestina e que contêm palavras como "mártir" e "resistência"
O Instagram fez mudanças em seu algoritmo para dar alcance igual a conteúdo original e reposts nos Stories; antes, a plataforma priorizava originais ao invés de compartilhamentos. A mudança acontece em meio a críticas internas e do público ao aplicativo, que o acusam de censurar postagens pró-Palestina sobre o conflito em Israel.
Um grupo de 50 funcionários do Facebook, dono do Instagram, notificou a empresa pelo menos 80 vezes por censura de conteúdos feita via moderação automática. Um episódio simbólico dessa restrição foi a remoção de postagens que citavam a mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém, por engano – o aplicativo fez uma falsa associação a uma organização terrorista de nome parecido. No dia 6 de maio, contas ficaram impedidas durante horas de postar. O CEO do Instagram, Adam Mosseri, se desculpou e chamou a ocorrência de “bug”.
“Ontem [6 de maio] nós tivemos um bug técnico que impactou os Stories, destaques e posts arquivados de milhões de pessoas ao redor do mundo. Os usuários que tiveram esse bug viram que seus Stories compartilhando posts desaparecerem, assim como conteúdo arquivado ou destacado”, publicou Adam Mosseri em sua conta no Twitter.
O Facebook disse ao The Verge que o novo algoritmo do Instagram impulsiona compartilhamentos virais sem censurar determinados tópicos – por exemplo, sem diminuir o alcance de postagens pró-Palestina. “Queremos deixar bem claro — esse não é o caso,” afirmou um porta-voz da empresa. “Isso se aplica a qualquer post que é compartilhado nos Stories, não importando o assunto.”
O foco em conteúdo original do Instagram não é por acaso: seus usuários afirmaram ter mais vontade de ver Stories de amigos próximos do que imagens e fotos de outras contas. Mas isso ignora o grande impacto de campanhas de reposts — o mundo tem compartilhado o relato de palestinos que vivem o conflito na Faixa de Gaza. O porta-voz do Facebook disse ao The Verge que essa distribuição está crescendo dentro do app de fotos: “Stories que repostam imagens do feed não estão tendo o alcance que as pessoas querem, e isso não é uma boa experiência”.
Grandes redes sociais têm sido alvo de críticas durante as últimas semanas por restringir postagens de palestinos e de assuntos relacionados à Palestina e ao conflito na Faixa de Gaza. No começo do mês, o Twitter suspendeu a conta da escritora palestina Mariam Barghouti. Ela cobre ativamente confrontos entre palestinos e a polícia de Jerusalém.
Tanto Instagram como Facebook são acusados por usuários de censurar postagens com as palavras “mártir” e “resistência” por incitarem a violência, mesmo quando o conteúdo não encoraja ações violentas. Foi o caso dos posts sobre a mesquita de al-Aqsa.
No dia 24, ativistas pró-Palestina derrubaram as avaliações do app do Facebook para iOS e Android como forma de protesto. A companhia tratou essa campanha digital como prioridade SEV1 – abreviação de severidade 1, apenas um nível acima de SEV0, quando o site da rede social sai do ar.