Liberty Linux é uma distribuição da SUSE voltada aos “órfãos” do CentOS

SUSE Liberty Linux vem para conquistar adeptos do CentOS, distribuição para servidores que foi descontinuada no final de 2021

Emerson Alecrim
• Atualizado às 17:59

No finalzinho de 2021, a Red Hat “matou” o CentOS Linux e colocou o CentOS Stream como substituto. Essa mudança deixou muita gente contrariada. Enxergando aí uma oportunidade, algumas organizações criaram projetos alternativos, por assim dizer. A distribuição Liberty Linux, da SUSE, é o exemplo mais recente.

Camaleão em referência ao logotipo da SUSE (imagem: reprodução/SUSE)
Camaleão em referência ao logotipo da SUSE (imagem: reprodução/SUSE)

Se a SUSE já tem distribuições Linux para uso corporativo (o foco do CentOS), não faz sentido, na primeira olhada, apostar em um novo projeto do tipo. Mas, analisando o contexto, percebemos que a iniciativa pode fazer sentido, sim.

O fim do CentOS

Lançado oficialmente em 2004, o CentOS (Community Enterprise Linux Operating System) tinha como base códigos oriundos do Red Hat Enterprise Linux (RHEL), razão pela qual mantinha ampla compatibilidade com este.

Ao longo dos anos, o projeto se mostrou seguro, robusto, estável e adaptável a numerosas aplicações, principalmente no âmbito da internet. Não por acaso, existe uma enormidade de sites e serviços online hospedados em servidores com CentOS.

O alcance do projeto certamente foi decisivo para a Red Hat (hoje, uma empresa da IBM) assumir o CentOS em 2014. Mas, em dezembro de 2020, veio a má notícia: a companhia decidiu descontinuar o CentOS e oferecer duas alternativas: o CentOS Stream ou a migração para uma das soluções pagas da Red Hat.

Insistir com o CentOS pode ser arriscado pela falta de suporte. A versão 8 da distribuição — a última, lançada em 2019 — teve seu ciclo de vida útil finalizado em 31 de dezembro de 2021.

Liberty Linux como nova opção

Como o CentOS Stream segue uma dinâmica diferente, outra saída tem sido a busca por projetos derivados, a exemplo do Rocky Linux (criado por Greg Kurtzer, cofundador do CentOS), ou por uma distribuição com características que a tornam uma alternativa viável.

É aqui que o Liberty Linux ganha forma. A distribuição ainda não está disponível de modo oficial, mas, em seu anúncio a respeito, a SUSE explica que o projeto oferece ferramentas de gerenciamento que, além do SUSE Linux Enterprise Server e do OpenSUSE, é compatível com ambientes RHEL e CentOS.

Na prática, isso significa que a migração do CentOS para o Liberty Linux não deve ser problemática ou exigir uma grande curva de adaptação dos administradores, por exemplo.

É de se esperar que, quando lançado oficialmente, o Liberty Linux tenha recursos equivalentes aos do RHEL 8.5, incluindo compatibilidade com pacotes EPEL, mas traga uma versão mais atual do kernel. Além disso, as atualizações subsequentes devem acompanhar o ciclo de lançamentos da Red Hat, não os da SUSE.

Uma versão gratuita também é esperada, mas, como estamos falando de uma distribuição para uso em servidores, os clientes provavelmente serão incentivados a contar com um plano de suporte empresarial — pago, é claro.

Ainda não há informações sobre a disponibilidade da distribuição, mas organizações interessadas podem solicitar acesso a uma versão demo no site da SUSE.

Com informações: The Register.

Leia | Afinal, a distro SUSE Linux é paga ou gratuita?

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Foi reconhecido nas edições 2023 e 2024 do Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.