Metaverso: terrenos virtuais movimentaram US$ 106 milhões em uma semana

Mercado imobiliário virtual em metaversos ganha força e registra novos recordes de vendas, com The Sandbox na liderança

Bruno Ignacio
Por
• Atualizado há 11 meses
The Sandbox é um metaverso que permite alugar terrenos para realizar eventos (Imagem: Reprodução/ The Sandbox)
Galeria de arte digital no metaverso The Sandbox (Imagem: Divulgação)

O metaverso virou o assunto do momento no mercado de ativos digitais, movimento fortemente impulsionado pelo anúncio da Meta (ex-Facebook). Mais do que nunca, os projetos existentes de metaversos estão arrecadando dezenas de milhões de dólares semanalmente, com mais e mais empresas comprando terrenos virtuais e garantindo seu espaço nessa realidade alternativa.

Somente na semana passada, um total de US$ 106 milhões foi gasto em propriedades virtuais, principalmente com compras de terrenos digitais, iates de luxo e outros ativos NFTs, de acordo com dados da plataforma de aplicativos descentralizados DappRadar.

Vendas de terrenos virtuais batem novos recordes

The Sandbox, um mundo de jogos online e um dos principais projetos de metaversos, permite aos usuários possuir lotes de terra e diversos objetos, como um Second Life aprimorado. Atualmente, essa é a plataforma que está dominado esse novo mercado. Entre os dias 22 e 28 de novembro, US$ 86,5 milhões foram movimentados através de vendas únicas de terrenos virtuais.

As negociações ocorrem através de NFTs, ou tokens não fungíveis, ativos digitais que carregam consigo a posse de determinado lote de terra no The Sandbox ou em outros metaversos.

Ainda segundo dados do DappRadar, a Decentraland é outro projeto de metaverso que movimenta milhões. Ocupando a segunda posição, a plataforma vendeu US$ 15,5 milhões em terrenos digitais no mesmo período. Juntando com o valor movimentado pela The Sandbox, em apenas uma semana mais de US$ 100 milhões foram gastos com esses ativos vinculados aos metaversos, valor recorde até então.

Volume de vendas de terrenos virtuais na semana passada (Imagem: Reprodução/ DappRadar)
Volume de vendas de terrenos virtuais na semana passada (Imagem: Reprodução/ DappRadar)

Outros nomes importantes nesse mercado em ascensão são os concorrentes menores CryptoVoxels e Somnium Space, que venderam respectivamente US$ 2,6 milhões e US$ 1,1 milhão ao longo da semana passada.

Falando em recordes, o terreno mais caro da história foi vendido nesta última terça-feira (30) por US$ 4,3 milhões, estabelecendo um novo recorde para essa classe de ativos. Conforme apurou o Wall Street Journal, a propriedade fica no The Sandbox e seu comprador foi a empresa Republic Realm, investidora e desenvolvedora de imóveis digitais para metaversos (sim, já existem companhias especializadas nisso).

Empresas veem oportunidade comercial no metaverso

Podemos ver que terrenos virtuais estão se valorizando e que a busca por eles está crescendo. Mas, quem compra eles? E para que? Bom, assim como a maioria dos criptoativos, esses NFTs são uma oportunidade de investimento, mas não apenas pela provável valorização no longo prazo, mas também pelas utilidades práticas e oportunidades comerciais associadas a ter seu próprio pedacinho de metaverso.

Decentraland em vídeo promocional (Imagem: Divulgação)
Decentraland em vídeo promocional (Imagem: Divulgação)

A Republic Realm, compradora do terreno virtual mais caro da história, o comprou de outra empresa (que você provavelmente conhece), a Atari SA. Antes um grande nome no universo de jogos, hoje a Atari é focada principalmente na tecnologia blockchain e mais recentemente no metaverso.

O novo recorde desta terça-feira quebrou aquele estabelecido na semana passada pelo Metaverse Group, uma subsidiária da Tokens.com, que comprou um pedaço de terreno digital por 618.000 MANA, a moeda da Decentraland, equivalente a cerca de US$ 2,43 milhões na época. Essa propriedade fica no chamado distrito da moda no metaverso.

No caso da Republic Realm, a empresa já é líder no mercado imobiliário virtual, possuindo cerca de 2.500 terrenos digitais em 19 mundos diferentes. Certo, mas para que servem essas propriedades digitais? Em alguns casos, a companhia espera que ela se valorize com o tempo, esperando oportunidades de revenda, em outros ela usa os ativos para projetar casas, shoppings e outras estruturas dentro do metaverso.

Imóvel virtual no The Sandbox (Imagem: Divulgação)
Imóvel virtual no The Sandbox (Imagem: Divulgação)

“Sem dúvida, a terra do metaverso é o próximo grande sucesso no espaço NFT. Produzindo números recordes de vendas e constantemente aumentando de preço, os mundos virtuais são a nova mercadoria principal no espaço cripto”, disse o DappRadar em seu blog.

O relatório da plataforma confirma o que já sabemos. O aumento nas atividades relacionadas ao metaverso começou com a decisão do Facebook, no final de outubro, de se rebatizar como “Meta“, em um aceno ao seu compromisso de construir seu próprio mundo digital para seus usuários.

“Os eventos do metaverso estão se tornando um padrão da indústria cripto”. Na prática, isso permite que marcas, artistas e criadores exibam seus trabalhos e produtos para milhões de pessoas em todo o mundo através dos chamados “eventos virtuais” que vêm ocorrendo em diversos metaversos. Ao ter um terreno e um imóvel em um deles, é possível, por exemplo, capitalizar o uso desse espaço de incontáveis maneiras.

Com informações: DappRadar, Wall Street Journal

Relacionados

Escrito por

Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.

Temas populares