Ministro promete recuperar recursos em ciência após corte de R$ 600 milhões
Marcos Pontes disse que pediu a ajuda do presidente Jair Bolsonaro, e admitiu que foi "pego de surpresa" pelo corte de R$ 600 milhões no MCTI
Marcos Pontes disse que pediu a ajuda do presidente Jair Bolsonaro, e admitiu que foi "pego de surpresa" pelo corte de R$ 600 milhões no MCTI
O ministro Marcos Pontes, à frente do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), disse em audiência pública na Câmara dos Deputados desta quarta-feira (13) que vai buscar a ajuda do presidente Jair Bolsonaro para recuperar os recursos desviados pelo Ministério da Economia, e que eram originalmente destinados ao MCTI. Ele também revelou que foi “pego de surpresa” pela medida.
Em audiência a parlamentares da Câmara dos Deputados, Marcos Pontes disse que foi surpreendido pelo corte de mais de 90% da verba do MCTI. A medida aprovada no Senado para repassar o valor para outros ministérios veio de um pedido do Ministério da Economia, regido por Paulo Guedes.
O ministro do MCTI afirma que até Bolsonaro teria sido pego de surpresa pelo anuncio do repasse. Dos R$ 600 milhões que seriam destinados à pasta de Marcos Pontes, R$ 50 milhões foram para o Ministério da Educação, R$ 120 milhões para a Agricultura e R$ 50 milhões para a Saúde. Foram destinados ainda R$ 28 milhões para o Ministério da Cidadania — mas quem ficou com o maior montante foi o Ministério do Desenvolvimento Regional, com R$ 252 milhões.
No domingo (10), o ministro veio a público mostrar sua insatisfação com o pedido de Guedes que foi atendido pelo Senado. Em um tweet, ele chamou a medida de “falta de consideração”, e foi criticado por bolsonaristas pela publicação.
No Twitter, Pontes escreveu:
Falta de consideração. Os cortes de recursos sobre o pequeno orçamento de Ciência do Brasil são equivocados e ilógicos. Ainda mais quando são feitos sem ouvir a Comunidade. Científica e Setor Produtivo. Isso precisa ser corrigido urgentemente.
Já na audiência da Câmara dos Deputados, o ministro disse:
“Como já falei, até publicamente, fui pego de surpresa [com o corte]. Falei ontem sobre isso com o presidente e ele também diz que foi pego de surpresa, digamos assim. Eu pedi ajuda para repor esses recursos, e ele prometeu que vai ajudar.”
Marcos Pontes também afirmou que pensou em deixar o governo Bolsonaro no dia em que o corte de recursos do MCTI foi anunciado. Contudo, hoje ele reforçou que deve continuar como ministro: Pontes disse que é “piloto de combate” e que foi treinado para “defender o país” e “cumprir sua missão”
Ainda em busca do auxílio do presidente para reaver o montante, Marcos Pontes informou que teve conversas com a ministra Flávia Arruda, da Secretaria de Governo. Em resposta, o órgão responsável pela articulação do governo prometeu que o valor de R$ 600 milhões será reinstituído, disse Pontes.
“Não é muito. Se formos levar em conta os R$ 600 e poucos milhões, no contexto geral, não é um recurso alto, mas é um recurso essencial, e que trata de coisas estratégicas”, completou o ministro. O corte afetou diretamente o orçamento de bolsas do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Bolsistas atuais, contudo, “não foram afetados”, segundo Marcos Pontes.
O ministro enviou um ofício ao Ministério da Economia, Casa Civil e Secretaria de Governo para a recomposição dos recursos realocados. Marcos Pontes afirmou que “o presidente costuma ajudar sempre em relação ao orçamento”.